Legado de Álvaro Cunhal continua a ser exemplo para o presente e futuro

Paulo Raimundo foi recebido, no dia 10, por uma sala cheia em Viana do Castelo, para uma sessão pública que assinalou o 110.º aniversário do nascimento de Álvaro Cunhal. A iniciativa recordou ainda as palavras do destacado dirigente comunista na conferência O Comunismo Hoje e Amanhã, realizada em Ponte da Barca, em 1993.

O socialismo continua a ser a única e verdadeira alternativa ao capitalismo

Apesar da chuva que caiu ao longo de todo o dia naquela região minhota, o salão da Sociedade de Instrução, Recreio e Social Areosense já estava cheio à chegada do Secretário-Geral do PCP. Antes de tomar o seu lugar para ouvir o momento musical que se seguiria, Paulo Raimundo ainda apreciou as várias fotos de Álvaro Cunhal que estavam expostas no espaço da iniciativa.

«Personalidade inesquecível da nossa história contemporânea, central e incontornável na história do nosso Partido»: foram estas as palavras escolhidas por Paulo Raimundo para descrever o destacado dirigente ali recordado no exacto dia do seu nascimento. Álvaro Cunhal, prosseguiu, «assumiu as mais altas responsabilidades, dedicando a sua vida, sempre com o seu Partido, à luta dos trabalhadores, ao combate contra a exploração, a opressão e as desigualdades, à conquista de direitos políticos, laborais, sociais e culturais do nosso povo, à solidariedade internacionalista, à conquista da liberdade e da democracia, a essa grande e ímpar realização que foi a Revolução de Abril, o seu desenvolvimento e defesa».

Durante a sua intervenção, a única da tarde, o Secretário-Geral do Partido referiu-se ao elevado valor da reflexão de Álvaro Cunhal sobre o tema O Comunismo Hoje e Amanhã feita há 30 anos, no concelho de Ponte da Barca, naquele mesmo distrito. Admitindo as naturais diferenças contextuais entre 1993 e 2023, Paulo Raimundo não deixou de reconhecer a «profunda actualidade e validade» das palavras então proferidas.

Até porque, tal como hoje, há 30 anos o capitalismo mostrava-se «incapaz de resolver os problemas com que a humanidade se confrontava». Hoje, continuou, não só o capitalismo «não mudou a sua natureza exploradora, opressora, agressiva e predadora, como se manteve e acentuou a sua incapacidade em resolver os grandes desafios da humanidade».

«Agravaram-se as injustiças e desigualdades, a concentração de riqueza, ao mesmo tempo que grassam a exploração, a guerra, a pobreza, a fome, a doença, a discriminação nas suas mais variadas formas, o agravamento dos problemas ambientais», completou.

Socialismo é única alternativa

«30 anos depois, e ao contrário do que nos quiseram convencer, o mundo não está nem mais seguro nem mais justo. Uma realidade perante a qual o socialismo se apresenta como a única e verdadeira alternativa», salientou o dirigente comunista, observando que o «desafio de hoje», tal como sempre, «é não apenas conhecer e compreender a realidade, mas acima de tudo transformá-la, com a luta dos trabalhadores e dos povos.

Uma luta que, para Paulo Raimundo, apela e exige a intervenção de forças progressistas e revolucionárias, independentes da ideologia e dos interesses do grande capital, portadoras de uma teoria revolucionário, tal como a que norteia a acção do PCP, o marxismo-leninismo.

Avanço da CDU faz vida avançar

Voltando o seu foco para o presente, Paulo Raimundo recordou, a propósito dos eventos que se sucederam à demissão do primeiro-ministro, que a vida das pessoas só avança quando avança também a CDU.

«Com a dissolução da Assembleia da República e a convocação de eleições antecipadas, aí está uma oportunidade para a batalha por essa alteração política cada vez mais urgente e necessária», determinou. A oportunidade, a que aludiu o Secretário-Geral, referia-se à chance de dar um «firme sinal de que é preciso que a política se coloque ao serviço dos trabalhadores, das populações e do País e que não esteja, como tem acontecido, ao serviço dos interesses, calendários e opções dos grupos económicos». «E para que assim seja, é preciso, tal como é evidente para cada vez mais gente, reforçar o PCP e a CDU», concluiu.

Francisco Araújo, membro da Direcção da Organização Regional de Viana do Castelo do PCP, que apresentou a iniciativa, deu exemplos concretos da actuação do PCP e da CDU na região, como são os casos da presença assídua à porta de fábricas, os dez parques infantis reabilitados pelo executivo autárquico de Monserrate, Santa Maria Maior e Meadela, dirigido pela CDU.

Na sessão participaram também Margarida Botelho, do Secretariado do Comité Central, e Jaime Toga, da Comissão Política.

 

O Comunismo Hoje e Amanhã

Foi há 30 anos que Álvaro Cunhal, a convite da Câmara Municipal de Ponte da Barca, no distrito de Viana do Castelo, proferiu a palestra O comunismo hoje e amanhã, inserida no ciclo de conferências e debates Conversas com endereço, promovido pela autarquia minhota. A intervenção do destacado dirigente, então presidente do Conselho Nacional do Partido, dava resposta ao que era então ser comunista e quais eram os seus objectivos. A conferência realizava-se em 1993, num contexto marcado por profundas alterações da situação mundial, nomeadamente com a derrota do campo socialista e desagregação da URSS.

Reafirmando a importância das quatro vertentes da democracia (política, cultural, económica e a social) e a profunda relação entre o socialismo e a democracia, à pergunta sobre o que era ser comunista, Álvaro Cunhal respondia assim: «ser comunista é confiar no povo e nas potencialidades populares de compreensão, de determinação, de luta e de realização. É manter sempre estreita ligação com o povo, transmitindo ao povo os conhecimentos, a capacidade e a experiência do Partido, e recebendo do povo elementos essenciais para o conhecimento rigoroso dos problemas e receber também opinião, e apoio, e estímulo e participação que se traduzem em poderosa energia revolucionária capaz de transformar a vida social para melhor. É ter consciência de que são os povos que acabam sempre por decidir da história e de que o socialismo só poderá ser construído por decisão e empenhamento do povo e nunca contra a sua opção e vontade. É ter confiança em que com a luta, o futuro para a humanidade será melhor que o presente».

 

 



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