Demissão não resolve indemnizações obscenas
A saída de Alexandra Reis do cargo de Secretária de Estado do Tesouro, «não apaga questões que temos vindo a denunciar. Desde logo o facto de se ter aplicado a uma empresa pública os mesmos critérios que consideramos obscenos e que são prática nos grupos económicos e financeiros», designadamente as «indemnizações chorudas aos gestores que saem das empresas», considera Jorge Pires.
Reagindo à demissão da governante, concretizada na noite de anteontem, o membro da Comissão Política, citado pela Lusa, afirmou que tal não só não surpreende, como não apaga o facto de Alexandra Reis ter recebido 500 mil euros, como, ainda, a tutela «dificilmente não conheceria» o processo.
A questão central, porém, prosseguiu Jorge Pires, «é impedir que isto volte a acontecer no futuro».
O dirigente comunista salientou, por outro lado, o «contraste que existe entre estas indemnizações chorudas e a redução do valor das indemnizações devidas aos trabalhadores em caso de despedimento», assinalando-o como «uma injustiça que tem de ser resolvida».
Na verdade, «não é preciso nenhuma legislação especial para que o Estado, enquanto detentor do capital, impeça que gestores, seja por sua vontade própria, seja por vontade do dono da empresa», recebam «indemnizações deste valor», concluiu.
Segunda, 26, em nota de imprensa, o Partido já tinha protestado «por estes critérios [estarem] em prática, e anunciou que «o Grupo Parlamentar do PCP vai requerer a presença na Assembleia da República dos Ministros das Finanças e das Infra-estruturas».