Deputados do PCP no PE percorreram Litoral Alentejano
João Pimenta Lopes e Sandra Pereira estiveram, a semana passada, no Litoral Alentejano em contacto com a realidade laboral, social e económica.
Foram centenas de quilómetros nos cinco concelhos da região
Ao longo de três dias, os deputados do PCP no PE percorreram centenas de quilómetros nos cinco concelhos da região, de madrugada, de dia e de noite, por vezes debaixo de chuva intensa, para falarem com trabalhadores e população e tomarem o pulso à situação sócio-económica, aos problemas, anseios e aspirações dos litoral-alentejanos.
Entre segunda, 19, e quarta-feira, 21, João Pimenta Lopes e Sandra Pereira concretizaram uma jornada de intensos contactos que incluiu os trabalhadores das autarquias de Álcacer do Sal, Grândola, Santiago do Cacém e Sines. Acompanhados por eleitos da CDU, constataram o arrastamento e agravamento de problemas relacionados com a desvalorização remuneratória e das carreiras, tendo reiterado a posição do Partido de urgente reposição da justiça salarial e nas progressões e categorias, desde logo pela eliminação do injusto instrumento de avaliação de desempenho, e de mobilização para a luta, combatendo o desânimo e as inevitabilidades.
Aos trabalhadores de vários complexos agro-industriais em Odemira, os deputados do PCP no PE transmitiram solidariedade e palavras de incentivo à defesa dos seus direitos em unidade, uma vez que portugueses e imigrantes auferem salários baixíssimos mesmo quando acumulam décadas de vínculo à mesma empresa, sendo que estes últimos encontram-se sobre-vulneráveis por estarem amarrados a redes, nem sempre legais, que lhes cobram fortunas pela viagem para Portugal, pelos documentos e por alojamentos sem condições onde coabitam às dezenas.
Ainda nos contactos com o mundo laboral, João Pimenta Lopes e Sandra Pereira estiveram com trabalhadores da Petrogal, Repsol, PSA, Lauak e Santa Casa da Misericórdia de Sines, tendo identificado problemas semelhantes aos dos demais trabalhadores doutros sectores, mas também quanto à desregulação de horários e abuso do trabalho por turnos, ou quanto à precariedade dos vínculos e ao exercício de direitos elementares.
Ao final da tarde de terça-feira, 20, em Sines, João Pimenta Lopes interveio numa audição sobre a necessidade do controlo público da Galp, na qual estiveram vários trabalhadores da Petrogal e a que demos destaque na edição do Avante! da semana passada. Ainda em Sines, os eleitos comunistas em Estrasburgo reuniram com a Associação de Cabo-verdianos, que denuncia as dificuldades de acesso a serviços públicos resultantes das carências que neles se registam por falta de investimento dos sucessivos governos.
Incansáveis
Nos três dias de jornada, os eleitos do Partido em Estrasburgo também se encontraram com a Associação dos Beneficiários do Mira, tendo abordado questões como a seca e a gestão dos recursos hídricos, a necessidade de investimentos públicos para mitigar a primeira e garantir eficiência e equidade na segunda.
A Saúde esteve igualmente no centro das preocupações, designadamente no contacto com profissionais e utentes e com a administração da Unidade Local de Saúde do Litoral Alentejano, avultando constrangimentos fruto da carência de recursos humanos e materiais, da degradação da assistência preventiva e de proximidade, acumulados por décadas de desinvestimento no SNS. Em Casebres, Álcacer do Sal, onde a existência de médico é esporádica, decorreu mesmo uma sessão pública sobre a matéria.
Reformados e agentes culturais foram, ainda, alvo da atenção de João Pimenta Lopes e Sandra Pereira, que, no caso dos primeiros, registaram o dia-a-dia difícil de quem trabalhou uma vida inteira e vê sonegado o direito a uma reforma digna e a serviços públicos essenciais numa fase em que mais são necessários, e no segundo a dinâmica e actividade levadas a cabo quase só com o apoio da autarquia de Santiago do Cacém, sem a qual seria impossível resistir e combater a desvalorização das artes e dos artistas, o subfinanciamento e a precariedade impostos pela política cultural da administração central.
Sandra Pereira e João Pimenta Lopes tiveram, por fim, oportunidade de apurar, junto da AIECEP, os projectos para a área de Sines, de contactar comerciantes e pequenos empresários sufocados pela especulação galopante, e, com pescadores e armadores do Porto de Sines, confirmar diversos problemas que têm merecido intervenção dos deputados do PCP no PE: o aumento dos custos de produção, nomeadamente por via do aumento nos combustíveis; a insuficiente remuneração dos pescadores; a reduzida valorização de algumas espécies no preço de primeira venda; o limitado acesso a apoios para intervenção nas embarcações e a falta de mão-de-obra e o envelhecimento dos profissionais.