Professores e educadores exigem respeito e soluções
A greve nacional de professores e educadores, realizada no passado dia 2, teve uma adesão de 80 por cento, revelou a Fenprof, que exige respeito pelos docentes e considera «indefensável» a proposta de Orçamento do Estado para a Educação.
O Governo continua a não responder às exigências dos docentes
«Largas centenas de estabelecimentos encerrados, com destaque para os do pré-escolar e do 1.º Ciclo, outros sem atividade lectiva ou com fortes percentagens de adesão à greve, fizeram deste um intenso dia de afirmação e exigência. Foram muitos os milhares de docentes que se mobilizaram para a luta!». Este foi o balanço feito, dia 3, pela Federação Nacional de Professores da greve realizada no dia anterior.
Em comunicado, a estrutura sindical realçou que a «exigência de “respeito” foi um brado que percorreu a luta», explicando o que ela significa: ora, esclarece, esse respeito tem de ser materializado em «medidas concretas de combate à precariedade laboral, de recuperação e valorização da carreira docente e dos salários, de melhoria das condições de exercício da profissão». E, também, numa atitude «realmente democrática de diálogo e de negociação» na resolução dos problemas que afectam os professores e educadores, que não se verifica, apesar da mudança do titular da pasta.
Paralelamente à greve, realizou-se uma concentração junto à Assembleia da República, em que participaram cerca de mil professores e educadores. Ao mesmo tempo, no interior, o ministro da Educação apresentava-se à Comissão Parlamentar de Educação e Ciência para, segundo a Fenprof, «defender o indefensável: a proposta de Orçamento do Estado para a Educação em 2023», que prevê cortes no sector na ordem dos 600 milhões de euros.
Aí, em declarações à comunicação social, o Secretário-geral da Fenprof destacou a compreensão e apoio à luta manifestados pelos pais e encarregados de educação à porta de muitas escolas. E garantiu que se o Governo continuar a não responder às exigências dos docentes, «a luta vai continuar». Para Mário Nogueira, é altura da tutela passar aos actos, negociando as condições de exercício da profissão e de carreira dos docentes, de modo a estancar a «ferida aberta» da falta de professores e do desgaste profissional dos que se encontram no activo.
Valorizar carreiras
e a escola pública
A presidente do grupo parlamentar do PCP saudou os professores e educadores concentrados, dia 2, junto à Assembleia da República: «O PCP está hoje aqui solidário com a luta dos professores, luta pela defesa da escola pública, luta pela valorização da profissão docente», começou por afirmar Paula Santos, igualmente membro da Comissão Política do Comité Central do Partido.
A deputada e dirigente comunista acusou ainda o Governo do PS de responsabilidades pela desvalorização da escola pública e da carreira docente. A proposta de Orçamento do Estado, acrescenta, «não dá as respostas que são necessárias: prossegue a desvalorização da carreira, não contabiliza o tempo de serviço realizado por todos estes professores, mantém as quotas no acesso ao quinto e sétimo escalão, não combate a precariedade».
Da crítica à proposta, Paula Santos reafirmou as soluçõs que têm sido apresentadas pelo PCP para valorizar a carreira, a profissão e a escola pública e para garantir que «todos os estudantes têm todos os professores a todas as disciplinas». A vinculação de todos os professores com três ou mais anos de serviço que desempenham funções permanentes é uma das propostas principais dos comunistas, a par da contagem de todo o tempo de serviço para efeitos de progressão.