Aeroporto de Lisboa prova opções erradas

A en­trega de mais faixas ho­rá­rias a uma mul­ti­na­ci­onal e a si­tu­ação que se tem ve­ri­fi­cado no Ae­ro­porto da Por­tela ilus­tram o ca­minho con­trário ao in­te­resse na­ci­onal que está a ser im­posto pelo Go­verno no sector, se­guindo di­rec­tivas da UE.

É pre­ciso frente a estas im­po­si­ções da UE no sector

Exemplo mais re­cente disso é a atri­buição à com­pa­nhia Easyjet de 18 es­paços de ope­ração ae­ro­por­tuária que até agora per­ten­ciam à TAP Air Por­tugal, re­pre­sen­tando «um rude golpe para a trans­por­ta­dora aérea de ban­deira, que com­pro­mete o [seu] fu­turo e o in­te­resse na­ci­onal», con­si­derou Bruno Dias.

Re­a­gindo à de­cisão no pas­sado dia 16 de Junho, o membro do Co­mité Cen­tral do PCP e de­pu­tado na As­sem­bleia da Re­pú­blica, notou, ainda, que «pre­ci­sa­mente numa al­tura em que a ope­ração aérea re­cu­pera, em que a pro­cura au­menta e é ne­ces­sário dar res­posta a essas ne­ces­si­dades de trans­porte aéreo – quer da po­pu­lação, quer do tu­rismo –, aquilo que hoje se co­loca é a ne­ces­si­dade de dar mais opor­tu­ni­dades para o cres­ci­mento da TAP, e não fe­char as opor­tu­ni­dades do fu­turo atri­buindo-as a mul­ti­na­ci­o­nais es­tran­geiras».

«Aquilo que é pre­ciso é fazer frente a estas im­po­si­ções que a União Eu­ro­peia co­loca», acres­centou Bruno Dias, que acu­sando Bru­xelas de de­fender «o in­te­resse de mul­ti­na­ci­o­nais», con­trapôs com a ne­ces­si­dade de «de­fender o in­te­resse da TAP e as­se­gurar a ca­pa­ci­dade de ex­pansão e de opor­tu­ni­dades para a eco­nomia na­ci­onal se de­sen­volver», para a afir­mação da so­be­rania na­ci­onal.

Um dia antes, em nota di­vul­gada pelo seu ga­bi­nete de im­prensa, o Par­tido também tomou po­sição re­la­ti­va­mente ao caos que se vinha ob­ser­vando no Ae­ro­porto da Por­tela. Antes de mais su­bli­nhando que tal já se an­te­ci­pava, mas, so­bre­tudo, si­na­li­zando como causas das di­fi­cul­dades ope­ra­ci­o­nais «a pri­va­ti­zação da ANA, a falta de efec­tivos e a ex­tinção do SEF».

De resto, «seria sur­pre­en­dente que assim não fosse», uma vez que «tudo está na mesma ou pior do que há dois anos», frisa-se no texto, antes de se pre­cisar que «a si­tu­ação tem res­pon­sá­veis: em pri­meiro lugar, a mul­ti­na­ci­onal Vinci, que há 7 anos gere os ae­ro­portos na­ci­o­nais de­pois de uma pri­va­ti­zação de­ci­dida por PSD/​CDS e apoiada pelo PS; e, em se­gundo lugar, os su­ces­sivos go­vernos, que têm trans­por­tado para o sector aéreo na­ci­onal o pro­cesso de li­be­ra­li­zação im­posto a partir da UE.»

Res­pon­sá­veis e so­lu­ções

Face à co­nhe­cida e con­sen­sual falta de es­paço do Ae­ro­porto da Por­tela e à con­se­quente ne­ces­si­dade de cons­truir uma nova infra-es­tru­tura, o PCP também re­cordou que «o País tinha a de­cisão to­mada que re­solvia o pro­blema es­tra­té­gico: a cons­trução do Novo Ae­ro­porto de Lisboa (NAL) nos ter­renos do Campo de Tiro de Al­co­chete», e tinha os re­cursos ne­ces­sá­rios», mas «tudo foi hi­po­te­cado porque se cedeu aos in­te­resses pri­vados» da Vinci, que impôs ao País a so­lução que mais lhe agrada», isto é, «manter o ae­ro­porto dentro de Lisboa e re­ceber a BA6 [no Mon­tijo] para fazer um ape­a­deiro».

«Mas não se pense que a pri­va­ti­zação trouxe apenas atrasos na cons­trução do NAL. Todo o fun­ci­o­na­mento do ae­ro­porto [da Por­tela] foi sub­ver­tido, su­bor­di­nando as ne­ces­si­dades ope­ra­ci­o­nais às ne­ces­si­dades co­mer­ciais, com a Vinci a apro­priar-se das lojas francas (que a TAP foi obri­gada a vender) e os ae­ro­portos trans­for­mados em enormes cen­tros co­mer­ciais, em pre­juízo de infra-es­tru­turas es­sen­ciais ao seu bom fun­ci­o­na­mento», pros­segue-se no co­mu­ni­cado, antes de se voltar a res­pon­sa­bi­lizar o pro­cesso de li­be­ra­li­zação que a UE tem im­posto ao nosso País como causas das cres­centes di­fi­cul­dades ope­ra­ci­o­nais.

«A úl­tima causa, também an­tiga, é a cró­nica falta de pes­soal nos ser­viços pú­blicos e nas forças de se­gu­rança, agra­vado no caso do Ser­viço de Es­tran­geiros e Fron­teiras (SEF) por toda a ins­ta­bi­li­dade pro­vo­cada pelo Go­verno com a de­cisão de acabar com este ser­viço, na sequência da morte de um imi­grante nas ins­ta­la­ções do SEF.»

«Agora, as di­fe­rentes forças po­lí­ticas que su­portam este pro­cesso de pri­va­ti­zação e li­be­ra­li­zação do sector aéreo mul­ti­plicam-se em ini­ci­a­tivas des­ti­nadas, no es­sen­cial, a fazer es­quecer as suas pró­prias res­pon­sa­bi­li­dades no avo­lumar dos pro­blemas», afirma igual­mente o PCP, la­men­tando que «todas, em con­junto ou à vez, che­garão à con­clusão de que a so­lução dos pro­blemas pro­vo­cados pelas suas po­lí­ticas é impor ainda mais li­be­ra­li­zação». O Par­tido in­siste na «ne­ces­si­dade de sem pre­juízo de me­didas ur­gentes, travar este ca­minho».

Im­porta «re­gressar a uma gestão e pla­ni­fi­cação de­mo­crá­tica e na­ci­onal do sector aéreo: re­na­ci­o­na­li­zando a ANA; cons­truindo, sem mais de­moras, o NAL, de forma fa­seada, nos ter­renos pú­blicos do Campo de Tiro de Al­co­chete; re­a­li­zando os in­ves­ti­mentos que têm sido adi­ados nos res­tantes ae­ro­portos; co­lo­cando a TAP ao ser­viço da eco­nomia na­ci­onal; es­ta­bi­li­zando o sector da As­sis­tência em Es­cala; mo­der­ni­zando a NAV e tra­vando os planos li­qui­da­ci­o­nistas do Céu Único Eu­ropeu.»

 



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