O apagão da Colômbia

O tratamento mediático das recentes eleições presidenciais na Colômbia são um exemplo de como o que parece uma simples opção editorial, de dar prioridade a uns acontecimentos em detrimento de outros no noticiário internacional, é revelador de opções políticas e ideológicas. Pela primeira vez na história do país sul-americano, foi eleito o candidato apoiado pela coligação progressista Pacto Histórico. Seria, em si, um facto histórico de indesmentível valor noticioso. Falamos de um país onde, ao longo de décadas, lutas populares enfrentaram a oligarquia colombiana aliada ao imperialismo norte-americano, com um saldo de milhares de mortes.

Para lá de inevitáveis peças de televisão e rádio sobre os resultados da segunda volta no passado domingo – que nem chegaram aos principais noticiários das estações televisivas -, não houve espaços de debate, análise e comentário (antes e depois do acto eleitoral), como é hábito noutros casos e como sucedeu, nesse mesmo dia, com as legislativas francesas. Na imprensa escrita, que nem guardou espaço nas suas edições de segunda-feira, só o Público fez notícia na terça. Já em Março, aquando das legislativas em que o Pacto Histórico foi a força mais votada, o apagamento foi prática no espaço mediático nacional. Adivinham-se já argumentos para justificar tal opção: calhou no dia das eleições francesas, um país mais próximo e no qual vive a maior comunidade emigrante portuguesa; a diferença horária atirou o apuramento dos resultados para uma hora em que as edições dos jornais em papel já estavam fechadas e levou a que fosse remetida para noticiários secundários nas televisões; o tratamento foi idêntico a anteriores eleições presidenciais colombianas.

Tudo será verdade, mas a experiência mostra-nos como não passam de justificações que ficam pela metade. O resultado eleitoral na Colômbia terá, seguramente, impacto em toda a América Latina: só na Venezuela, país vizinho e que tem sido alvo de agressões imperialistas em que a Colômbia serviu de base, vivem largas dezenas de milhares de portugueses e luso-descendentes. A diferença horário nunca impediu que outras eleições fosse noticiadas, da Austrália aos Estados Unidos da América. E se o tratamento foi idêntico, estas eleições não foram. Resta-nos a outra metade da justificação: não houve interesse em noticiar este resultado, que contraria os esforços (com golpes, embargos e intervenções estrangeiras) para inverter avanços progressistas no continente americano.

No dia seguinte à eleição, na passada segunda-feira, o PCP, através de uma nota do gabinete de imprensa, saudou a vitória de Gustavo Petro, a sua importância e significado, e transmitiu a solidariedade dos comunistas portugueses. Depois de meses em que a comunicação social dominante dedicou cuidada e persistente atenção aos posicionamentos do PCP sobre questões internacionais, desta vez não houve notícia alguma. Seria de estranhar, não fosse confirmar todo o filme a que temos assistido. E ainda há quem diga que a operação antidemocrática, que tem nos comunistas um dos seus principais alvos, só existe na cabeça do PCP.



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