Comemorações do Centenário de Saramago promovidas pelo PCP em todo o País
Os cem anos do nascimento de José Saramago continuam a ser assinalados pelo seu Partido de sempre com iniciativas em torno da sua obra literária e da sua condição de militante comunista.
Foi um escritor do povo, dos operários, do lado dos injustiçados e explorados
Ainda no passada sexta-feira, 17, nos claustros do Museu Municipal de Faro, a Direcção da Organização Regional do Algarve (DORAL) do PCP promoveu uma sessão pública em torno da obra «Viagem a Portugal», na qual existem, aliás, várias referências àquele espaço.
«Ao assinalar o Centenário de José Saramago, sob o lema “Escritor universal, intelectual de Abril, militante comunista”, o PCP pretende contribuir para a divulgação e para o debate em torno da obra de um dos mais destacados intelectuais do Portugal de Abril, para a democratização da cultura, com especial preocupação com as novas gerações, bem como para o conhecimento do seu papel na luta contra o fascismo e pelas conquistas de Abril, e, ainda, para a sua condição de militante comunista», escreve a DORAL em nota informativa sobre a iniciativa.
Antes, dia 4, em Mafra, o único português agraciado com o Prémio Nobel da Literatura foi alvo de uma homenagem frente ao Palácio e Convento, cuja construção e construtores inspirou a obra «Memorial do Convento». A sessão foi dirigida por Cátia Almeida, da Comissão Concelhia de Mafra do PCP, e contou com intervenções de Isabel Araújo Branco, professora no Departamento de Línguas, Culturas e Literaturas Modernas e investigadora integrada no CHAM-Centro de Humanidades, na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, bem como de João Luís Lisboa, professor catedrático na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, e autor e investigador na área da história cultural. O músico Rogério Charraz fez a animação musical.
Na iniciativa foi destacado que, para Saramago, um escritor que é nosso e é do mundo, «as palavras proferidas pelo coração não têm língua que as articule, retém-nas um nó na garganta e só nos olhos é que se podem ler». Nesse sentido, traz-nos a sua sensibilidade e escrita profundamente humana, sobre o menos bonito que o mundo revelasse.
Por outro lado, sublinhou-se que o Prémio Nobel, foi um escritor do povo, dos operários. Um homem do lado dos injustiçados e explorados, sempre pautado por valores e ideais políticos dos quais nunca abdicou; um homem que acreditou nos homens mesmo quando os questionava, que deu expressão concreta à afirmação de Bento de Jesus Caraça da aquisição da cultura como um factor de conquista da liberdade.
José Saramago sabia que a sua obra e a sua luta seriam sempre algo inacabado. Mas que valia a pena. E valeu. Por isso, o celebramos, realçou-se ainda, antes de se concluir que esta tarde foi a celebração de um nome maior da literatura, mas foi também cultura e esta deve ser sempre valorizada, universal, democrática, pois um país sem cultura é um país sem alma, sem riqueza.
Já anteontem, ao final da tarde, em Beja, justamente na Biblioteca Municipal José Saramago, a Direcção da Organização Regional de Beja do PCP promoveu uma sessão em torno da obra «Jangada de Pedra», com a participação de João Ferreira, membro da Comissão Política do PCP.