Comunista não entra

Há décadas que os espaços de comentário político nos principais canais de televisão com emissão em sinal aberto foram assumidos como uma coutada privativa do bloco central, com PS e PSD a manter o domínio, com a recente cooptação do CDS também neste plano. Falamos, regra geral, de espaços que ocupam um lugar no final dos principais noticiários da semana, ao domingo, numa das janelas horárias de maior audiência – que andam entre os mais de 500 mil telespectadores do Telejornal da RTP e os quase 1,5 milhões do Jornal da Noite da SIC. Ao todo e no seu conjunto, trata-se de uma audiência potencial que muitas vezes ultrapassará os 3 milhões de espectadores que, todas as semanas, ouvem a opinião de Portas, Marques Mendes e companhia.

A estrela maior neste conjunto de doutos fazedores de opinião é Marques Mendes, ex-quase-tudo no PSD e advogado com ligações ao capital, nomeadamente, como consta do seu currículo profissional, a aconselhar empresas em processos de privatizações, concessões e afins. Consegue não apenas manter o lugar há vários anos como manter uma aura de credibilidade que, com frequência, os factos se encarregam de desmentir. Alguém se lembra das juras de que o BES estava sólido semanas antes de anunciar a sua resolução?

Na TVI temos actualmente Paulo Portas, o irrevogável ex-líder do CDS transformado em especialista em temas internacionais, numa primeira fase, em epidemiologia e vacinação, mais recentemente, e que agora já fala de tudo, esquecendo sempre as profundas responsabilidades que assumiu no dramático período de 2011 a 2015, quando chegou a vice-primeiro-ministro.

A televisão pública, porventura numa tentativa de assegurar o pluralismo, tratou de completar o bloco central no seu Telejornal de domingo, chamando os ex-ministros João Soares e Miguel Poiares Maduro (PS e PSD, respectivamente), para comentarem a actualidade em regime alternado com Pedro Adão e Silva (ex-membro do Secretariado do PS) e Pedro Norton (antigo homem forte da Impresa de Pinto Balsemão, hoje mais dedicado a outros negócios).

Mas esta realidade não é de hoje, nem de ontem. São anos e anos de reserva absoluta destes espaços a gente ligada ora ao PS, ora ao PSD: os antecedentes desta actual configuração incluem Marcelo Rebelo de Sousa (ao longo de 15 anos, entre a TVI e a RTP), José Sócrates, Nuno Morais Sarmento, António Vitorino (RTP), Santana Lopes (RTP e SIC), Manuel Maria Carrilho e Pacheco Pereira (SIC).

Se às televisões generalistas juntarmos os canais de informação no cabo, a única linha que é preciso acrescentar, no que diz respeito a comentadores com espaço cativo e a solo, é a representação do BE, com as sextas à noite na SIC Notícias a contarem com a presença de Francisco Louçã.

O que de comum se pode encontrar aqui: a ausência de comunistas nos espaços de comentário, talvez por serem um entrave às operações de manipulação de massas em que estes e os canais que os abrigam estão transformados.




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