Contrato de concessão coloca RTP em causa

O PCP «con­ti­nuará a lutar por um ser­viço pú­blico de rádio e te­le­visão em con­for­mi­dade com a Cons­ti­tuição da Re­pú­blica» e «exige res­peito e va­lo­ri­zação dos tra­ba­lha­dores da RTP», re­a­firma-se em nota de im­prensa di­vul­gada no final de Maio.

A pro­posta do Go­verno omite o que a Cons­ti­tuição dispõe

No texto, a pro­pó­sito da en­trada em con­sulta pú­blica, por ini­ci­a­tiva do Go­verno, da pro­posta de re­visão do Con­trato de Con­cessão do Ser­viço Pú­blico de Rádio e Te­le­visão, o Par­tido co­meça por notar que este «de­veria ter sido re­visto em 2019» e que o «atraso desta re­visão com­porta múl­ti­plos efeitos ne­ga­tivos». Re­la­ti­va­mente a estes, o PCP ga­rante que os pro­curou im­pedir e im­puta res­pon­sa­bi­li­dades aos go­vernos do PS.

«A pro­posta do Go­verno omite o que a lei fun­da­mental dispõe quanto à ex­clusão da con­cen­tração da ti­tu­la­ri­dade dos media pri­vados – o que é re­le­vante - e es­conde normas da Cons­ti­tuição sobre so­be­rania, de­mo­cracia eco­nó­mica, so­cial e cul­tural, co­esão do ter­ri­tório na­ci­onal e di­reitos dos tra­ba­lha­dores, pre­fe­rindo optar por um acervo de de­ci­sões da União Eu­ro­peia que me­no­rizam de facto os va­lores e de­síg­nios do ser­viço pú­blico de rádio e te­le­visão em Por­tugal», con­si­dera ainda o PCP, para quem a pro­posta, pre­co­ni­zando «a va­lo­ri­zação do ser­viço pú­blico no con­texto da con­cen­tração dos media pri­vados e da de­gra­dação da sua in­for­mação e en­tre­te­ni­mento», não deixa, no en­tanto, de ceder aos ope­ra­dores pri­vados, pro­pondo a li­qui­dação da pu­bli­ci­dade em vá­rios ca­nais.

Ou seja, as­su­mindo «o de­sígnio de media de “re­fe­rência”, “com­bate à de­sin­for­mação”, “in­de­pen­dência” e “au­to­nomia ins­ti­tu­ci­onal”, que “re­mova a in­ter­fe­rência po­lí­tica e eco­nó­mica”», e pro­pondo «um con­junto de novos ca­nais de TV e de en­cargos (muito su­ba­va­li­ados)», a ex­clusão de re­ceitas pu­bli­ci­tá­rias po­derá vir a tra­duzir-se «não só no sub­fi­nan­ci­a­mento cró­nico como in­vi­a­bi­li­zará a sus­ten­ta­bi­li­dade dos novos pro­jectos anun­ci­ados e o pró­prio fu­turo da RTP».

«O que se impõe é que a RTP tenha acesso a in­dem­ni­za­ções com­pen­sa­tó­rias pelo ser­viço pú­blico, in­cluindo as verbas em dí­vida, as re­ceitas de pu­bli­ci­dade no di­gital, na RTP Açores e na RTP Ma­deira e aos meios in­dis­pen­sá­veis à con­cre­ti­zação do con­trato de con­cessão em re­visão. Este deve ser o ca­minho e não a ali­e­nação de pa­tri­mónio, como o Monte da Virgem, ou a de­gra­dação pro­gres­siva da RTP - uma em­presa ab­so­lu­ta­mente es­tra­té­gica para o Pais - com vista à sua pri­va­ti­zação, que con­tinua na agenda dos grupos eco­nó­mico-me­diá­ticos», alerta ainda o Par­tido.

 

Pro­pa­ganda en­ga­nosa

Na re­fe­rida nota de im­prensa, o PCP anuncia que pro­mo­verá na As­sem­bleia da Re­pú­blica uma au­dição vi­sando ouvir ins­ti­tui­ções e es­pe­ci­a­listas acerca da vi­a­bi­li­dade, pla­ne­a­mento e im­ple­men­tação dos vá­rios ca­nais». Isto porque na pro­posta do Go­verno, apesar de se prever «a li­qui­dação de­fi­ni­tiva do “canal me­mória”, que em­po­bre­cerá a RTP já que cumpre um papel sig­ni­fi­ca­tivo na aces­si­bi­li­dade ao mais im­por­tante ar­quivo au­di­o­vi­sual do País, re­gista-se a in­tenção de cri­ação de um “canal do co­nhe­ci­mento” e de um “canal in­fanto-ju­venil” e, de­pois de 2024, de um “canal de mú­sica por­tu­guesa e dos PALOP” e um outro do “des­porto sub-re­pre­sen­tado”», os quais, sem o fi­nan­ci­a­mento cor­res­pon­dente, po­derão não passar de pro­pa­ganda en­ga­nosa».

«O PCP de­fende a im­por­tância da língua, da cul­tura e da va­lo­ri­zação do ci­nema e do te­atro por­tu­gueses na ac­ti­vi­dade da RTP, apoia a con­ti­nui­dade do Centro de Pro­dução do Norte, como sede de um dos ca­nais da RTP, pre­co­niza a ca­pa­ci­tação da RTP Açores e da RTP Ma­deira, propõe a or­ga­ni­zação de de­le­ga­ções no con­ti­nente que per­mitam o tra­ta­mento das no­tí­cias e a afir­mação das vá­rias ex­pres­sões da cul­tura, ad­voga a ga­rantia do acesso aos ca­nais da RTP di­ri­gidos ao País na Te­le­visão Di­gital Ter­restre (TDT), pre­co­niza a me­lhoria da co­ber­tura da rede de rádio em todo o ter­ri­tório na­ci­onal, in­cluindo a re­cu­pe­ração da emissão em onda média, e re­clama um in­ves­ti­mento ur­gente em toda a in­fra­es­tru­tura téc­nica (muito de­gra­dada) de Rádio e Te­le­visão».

«Estas são ques­tões a que a pro­posta do Go­verno não res­ponde e que se impõe re­solver», acres­centa o Par­tido, que não deixa passar em claro o facto de a «pro­posta de Con­trato de Con­cessão pro­jectar uma es­tag­nação de custos de pes­soal num quadro de novas exi­gên­cias téc­nicas e de for­mação e da in­dis­pen­sa­bi­li­dade de mais tra­ba­lha­dores», in­sis­tindo «na falta de res­posta de va­lo­ri­zação sa­la­rial e pro­fis­si­onal dos tra­ba­lha­dores da RTP» e de­frau­dando a «re­gu­la­ri­zação dos cerca de 200 tra­ba­lha­dores com vín­culo pre­cário e posto de tra­balho per­ma­nente».




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