Hiroshima e Acta de Helsínquia encerram valiosas e actuais lições
PAZ O PCP sublinha que o lançamento das bombas atómicas sobre Hiroshima e Nagasaki, em 1945, e a Conferência de Helsínquia, em 1975, são marcos históricos cujas lições importa valorizar na luta pela paz e amizade entre os povos.
É possível, pela luta, o desarmamento, a cooperação e a paz
Em conferência de imprensa realizada na segunda-feira, Rui Fernandes, da Comissão Política do Comité Central, começou por recordar os 75 anos «sobre um dos mais hediondos crimes que a História regista», quando, a 6 de Agosto de 1945, os EUA «lançaram a bomba atómica sobre a cidade japonesa de Hiroshima (crime que repetiram três dias depois em Nagasaki) provocando milhares de vítimas inocentes. Um crime sem nome que foi e continua a ser justificado e banalizado com a mentira de que foi necessário para a derrota do militarismo japonês, mas que na verdade constituiu uma perversa experiência dos efeitos destruidores daquela nova arma e a afirmação por parte do imperialismo norte-americano do seu projecto de domínio mundial».
«Desde então nunca mais cessou a corrida aos armamentos e à produção de armas nucleares cada vez mais poderosas e sofisticadas, obrigando a União Soviética e o campo socialista a grandes esforços para alcançar o equilíbrio militar estratégico que, enfrentando a política agressiva dos EUA e da NATO, foi fundamental para assegurar a paz mundial», prosseguiu o dirigente comunista, que lembrando que «fruto da persistente luta das forças da paz, realizou-se, a 1 de Agosto de 1975, em Helsínquia, capital da Finlândia neutral, a Conferência para a Segurança e a Cooperação na Europa em que participaram todos os países capitalistas da Europa Ocidental e os países socialistas do Leste da Europa, mais os EUA e o Canadá», recordou, ainda, que nela participou «o novo Portugal democrático.
«A “Acta final de Helsínquia”, então aprovada, representou um passo histórico no caminho do desanuviamento, do desarmamento e da cooperação entre países com sistemas sociais diferentes. Contudo, com os mais diversos pretextos os EUA e outras potências capitalistas, persistindo na sua política de “contenção do comunismo” tudo fizeram para dificultar e sabotar os acordos alcançados», disse também Rui Fernandes.
Lutar
«Setenta e cinco anos depois da Vitória sobre o nazifascismo, a situação internacional está carregada de grandes perigos para a paz e a segurança no plano mundial», alertou igualmente o membro dos organismos executivos do PCP, que advertiu que, face ao «aprofundamento da crise estrutural do capitalismo e o declínio da sua influência relativa no plano mundial, os EUA estão empenhados numa violenta ofensiva exploradora e agressiva envolvendo guerras de agressão, brutais bloqueios económicos e desumanas sanções contra países soberanos, uma nova espiral na corrida aos armamentos e uma autêntica e perigosíssima “cruzada” contra a China para a qual procuram arrastar os seus aliados».
«Perante uma tal situação o PCP considera necessário não deixar cair no esquecimento, nem deixar falsificar o significado de acontecimentos históricos que encerram importantes ensinamentos para a actualidade», chamou à atenção Rui Fernandes, antes de notar que é «oportuno sublinhar a profunda convicção de que, como a História abundantemente comprova e a Conferência de Helsínquia ilustra, é possível, pela luta das massas populares, das forças e movimentos da paz, e dos países progressistas e socialistas alcançar acordos orientados para o desarmamento, a cooperação e a paz».
O Partido também «condena a política de enfeudamento de Portugal ao imperialismo seguida por sucessivos governos» e exige «o cumprimento do artigo 7.º da Constituição, que obriga explicitamente Portugal a empenhar-se na luta em defesa da Carta da ONU, pelo desarmamento, pelo respeito da soberania dos Estados, contra o imperialismo e o neocolonialismo».