Por um novo regime que devolva a gestão democrática às escolas

DEMOCRACIA O actual modelo de gestão das escolas é «injusto, atrasado, e não fomenta a participação democrática». A avaliação é do PCP, que defende por isso uma alteração do regime em vigor.

PCP defende eleição de todos os membros dos órgãos das escolas.

Um projecto de lei nesse sentido esteve em debate faz hoje uma semana, 13, no Parlamento, tendo baixado, sem votação, por 60 dias, a pedido da bancada comunista, à comissão parlamentar de Educação, Ciência, Juventude e Desporto. Iniciativas semelhantes de BE e PAN seguiram igual tramitação.

Em apreciação esteve também uma petição da iniciativa da Fenprof, que recolheu mais de oito mil assinaturas, na qual se pede a revisão do diploma (D.L. n.º 75/2008, de 22 de Abril) que aprova o regime de autonomia, administração e gestão dos estabelecimentos públicos da educação pré-escolar e dos ensinos básico e secundário.

O que os peticionários expressavam no exto era, tão só, a vontade de ver regressar a gestão democrática às escolas, objectivo esse que é também o do Grupo Parlamentar do PCP, como ficou claro da intervenção da deputada Ana Mesquita, cujas primeiras palavras, de saudação, foram especialmente dirigidas à Fenprof e aos signatários da petição, alguns deles presentes nas galerias do hemiciclo.

E por entender que a participação é «condição fundamental» da democracia, a parlamentar comunista sustentou que a Escola Pública é «imprescindível» para a construção de uma «cultura integral onde os estudantes e trabalhadores tomem nas mãos o exercício dos seus direitos».

Esta é uma «visão de progresso» e é esta a proposta do PCP, frisou a parlamentar comunista, anotando que em tudo ela se distingue do modelo em vigor, «criado pelo PS de José Sócrates e retocado pelo governo PSD/CDS», modelo este que é o da política de direita e que «não faz sentido que exista».

«As “lideranças fortes” não substituem a necessidade de decisões e órgãos colegiais. A autonomia do director e o seu projecto pessoal não substituem a verdadeira autonomia das escolas que, aliás, só é possível cumprir com mais financiamento», afirmou Ana Mesquita, convicta de que a autonomia para ter a escola a fazer apenas aquilo que a tutela quer que se faça, «não é verdadeira autonomia».

Eleições condicionadas a «pré-escolhas e designações pelo director» não substituem a «verdadeira liberdade de eleger e ser eleitos», segundo a deputada comunista, que falou mesmo em «simulacro democrático».

Mais, sublinhou, «não há democracia plena nas escolas sem que professores, técnicos, auxiliares, administrativos, alunos, pais e encarregados de educação participem efectivamente na gestão».

O PS, embora reconhecendo que é desejável «aperfeiçoar os modelos de gestão democrática» das instituições, rejeitou alterar «todo o regime actual, ou voltar a regimes anteriores». Em sentido idêntico posicionou-se o PSD, enveredando o CDS por um discurso de diabolização de um modelo de gestão participada e democrática.



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