CDU quer sectores estratégicos de volta às mãos do Estado
FORÇA Produção, ambiente e transportes foram temas em destaque no sábado,18, na jornada de João Ferreira pela Península de Setúbal, que culminou com um grande comício em Almada, também com Jerónimo de Sousa.
Não é possível desenvolver o País sem quebrar a dependência
A anteceder o comício, largas centenas de activistas e apoiantes da coligação PCP-PEV percorreram as ruas do centro de Almada, empunhando bandeiras, faixas e cartazes e entoando palavras de ordem: pela fixação do salário mínimo nos 850 euros, pela valorização da produção nacional, pelo voto na CDU. À cabeça do desfile seguiam os candidatos João Ferreira, Mariana Silva, Rui Higino, Alma Rivera, João Geraldes, Zoraima Prado e Vivina Nunes e dirigentes das forças que compõem a CDU. Jerónimo de Sousa juntou-se à comitiva a meio do trajecto.
Do palco, João Ferreira acusou PS, PSD e CDS de estarem a «enganar o povo» quando fingem ser possível aproveitar as potencialidades nacionais e combater os défices energético, produtivo, alimentar e tecnológico do País «sem romper com a política de privatizações, sem enfrentar as imposições da União Europeia, sem confrontar os interesses do grande capital». O que se impõe, contrapôs, é «avançar na recuperação para o sector público dos sectores básicos estratégicos» da economia de modo a constituir um sector empresarial do Estado «forte e dinâmico».
O candidato deixou para reflexão e eventual resposta das restantes candidaturas interessantes questões: «como estaríamos se os recursos do País estivessem ao serviço dos trabalhadores e do nosso povo? Como estaríamos se a banca estivesse ao serviço das micro, pequenas e médias empresas e do investimento público? Como estaríamos se o Estado tivesse novamente nas suas mãos as alavancas fundamentais da economia?» «Isto é tudo o que o directório da UE não quer» e que aqueles que apoiam as opções da União Europeia (como PS, PSD e CDS) «não permitem». Porém, concluiu, é precisamente «o que é necessário».
Convergências reveladoras
Pelo palco do comício de Almada passaram também João Geraldes, candidato e presidente da Associação Intervenção Democrática/ID, a dirigente do PEV Heloísa Apolónia e o Secretário-geral do PCP. Este, na sua intervenção, destacou que o voto na CDU dá força à defesa dos direitos laborais e sociais, dos sectores produtivos e do meio ambiente, à afirmação do direito do País ao seu desenvolvimento soberano e à luta por uma Europa de estados soberanos e iguais, de paz e cooperação.
Jerónimo de Sousa juntou ainda à justeza das propostas da CDU a qualidade dos seus candidatos, «ligados à realidade e à luta concretas». Em conjunto, afirmou, constituem uma «lista de confiança».
Antes, Heloísa Apolónia e João Geraldes tinham já sublinhado a convergência de posições de PS, PSD e CDS nas matérias decisivas, como a redução da representação de Portugal no Parlamento Europeu, os cortes nos fundos de coesão ou o aumento dos gastos militares.
Alcance social e ambiental
Antes de rumar a Almada, João Ferreira almoçou com apoiantes na Quinta do Conde, onde valorizou a redução do preço do passe social e o alargamento da sua abrangência, exemplificando com um utente daquela freguesia que, nas suas deslocações diárias, fosse de comboio para Lisboa e aí utilizasse o autocarro e o metropolitano: até Abril pagava 121,95 euros e agora paga apenas 40 (ou 20, se tiver mais de 65 anos).
Por mais que hoje haja muitos a pretender assumir a paternidade da medida, João Ferreira recordou que é a CDU quem, desde 1997, reivindica o passe social que foi agora conquistado. Porém, lembrou, podia tê-lo sido em Dezembro de 2016, por exemplo, «não fosse PS, PSD e CDS, com o seu voto contra e a abstenção do BE, terem inviabilizado o Projecto-Lei do PCP».
Pegando nas palavras proferidas momentos antes pelo presidente da Câmara Municipal de Sesimbra, Francisco Jesus, João Ferreira lembrou que foi também graças à CDU que os pescadores e armadores passaram a receber apoios durante os períodos de defeso biológico.
Ambiente não pode
ser negócio
Em Alcochete, a jornada de contacto com a população ficou marcada pela abordagem de dois jovens, que confrontaram o candidato com os problemas ambientais e climáticos que marcam a actualidade. Em resposta, João Ferreira realçou que o ambiente «não pode ser apenas uma preocupação em tempo de eleições», desafiando os jovens a procurarem saber como votaram os diferentes partidos, no Parlamento Europeu e na Assembleia da República, legislação e medidas com forte impacto no meio ambiente.
O candidato lembrou que foram os deputados eleitos pela CDU a denunciar os escândalos da manipulação das emissões da indústria automóvel e que se bateram pela inclusão na directiva das emissões industriais de diversos gases poluentes que estão fora de controlo. Quanto ao «mercado do carbono», João Ferreira garantiu que não resolve nada, antes transforma o ambiente num negócio. O candidato reafirmou a proposta de criar, no País, um observatório europeu da seca.