Evocar Abril na AR para fazer o que falta cumprir

«Não só é possível como necessário, com a força do povo, construir um País mais justo e solidário», afirmou na AR Jorge Machado.

É urgente aumentar e distribuir melhor a riqueza

LUSA

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Numa expressão de confiança de quem não desiste de que se cumpra o legado de Abril, o deputado comunista falava anteontem na sessão solene que assinalou na Assembleia da República o 43.º aniversário da Revolução do 25 de Abril, «acto de libertação» que do seu ponto de vista veio comprovar de «forma inequívoca que, com a força do povo, não há barreiras intransponíveis».

Na presença de altos responsáveis de órgãos de soberania e de outras instâncias do Estado, membros do Governo e de numerosos convidados, incluindo militares de Abril, além do muito público que enchia as galerias, intervieram deputados em nome de todas as forças políticas com assento parlamentar, bem como o Presidente da AR, Eduardo Ferro Rodrigues, e o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.

Na parte inicial da sua intervenção Jorge Machado homenageou os que resistiram e lutaram contra a repressão e a opressão do regime fascista e saudou os valorosos Capitães de Abril que com a sua corajosa acção, logo «secundados pelo povo», derrubaram a ditadura e abriram as portas da liberdade.

Num olhar sobre a actualidade, em particular sobre a situação internacional, considerou que «vivemos tempos muitos difíceis» - o belicismo, a ameaça da guerra e o crescimento de movimentos fascistas, enumerou -, comportando perigos que «devem merecer de todos os democratas particular atenção, preocupação, mas também acção e luta».

«Assistimos hoje no País e um pouco por todo o mundo à tentativa de meter no mesmo saco o fascismo e aqueles que mais lhe resistiram e que são também as suas principais vítimas. Além de ser uma infame mentira, é um insulto aos milhares de comunistas que foram os primeiros a lutar e a morrer pela liberdade e pela democracia. Mas mais do que um insulto este exercício constitui, objectivamente, uma tentativa de branquear o fascismo», sublinhou, aludindo às calúnias contra os comunistas e às campanhas negras de reescrita e falsificação da História.

Ir mais longe

Depois de passar em revista muito do que foi conquistado com o 25 de Abril e com o seu «impulso transformador», Jorge Machado pôs em evidência aqueles que na opinião do PCP são os «mais graves problemas estruturais que o País enfrenta», desde logo a injusta distribuição da riqueza, a par do défice que há de «produção nacional», além da subjugação a instrumentos que condicionam o nosso desenvolvimento e soberania como o euro e a dívida.

«Por isso é urgente aumentar e distribuir melhor a riqueza produzida no nosso País», sustentou, tal como é preciso prosseguir linhas de acção no sentido do «combate à precariedade», pelo «aumento dos salários» e pela «recuperação dos instrumentos de contratação colectiva de trabalho (com a eliminação das normas da caducidade e a recuperação do principio do tratamento mais favorável)».

Matérias estas que, lembrou, foram já objecto de propostas do PCP que as levará a debate em plenário já em Maio próximo.

Falando da nova fase da vida política nacional «e dos «passos, ainda que insuficientes», que foi possível dar no sentido da recuperação de direitos e salários, Jorge Machado não deixou de os «valorizar», reconhecendo que «são avanços», mas enfatizou que «é preciso ir mais longe».

Trata-se, em síntese, de «construir um País mais justo e solidário». Um País, pormenorizou, «em que quem trabalha veja reconhecido no seu salário o esforço do seu trabalho, um País em que quem trabalhou uma vida inteira, com longa carreira contributiva, tenha acesso a uma reforma digna e sem penalizações, um País onde os trabalhadores vejam reconhecidos os seus direitos e em que os serviços públicos tenham qualidade e sejam acessíveis para todos».




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