Prova de acesso à carreira docente

Remoção de um factor de instabilidade

O Parlamento aprovou, dia 11, diplomas do PCP e do BE que revogam a prova de acesso à carreira docente, medida criada em 2006 por um governo do PS – era Maria Lurdes Rodrigues titular da pasta da Educação –, e ulteriormente aplicada e regulamentada pelo governo PSD/CDS.

Todos os docentes prejudicados pela prova devem ser ressarcidos pelos prejuízos que tiveram

Image 19564

Os diplomas foram apreciados em plenário no dia 27 de Novembro, em debate onde ficou muito clara a separação de águas entre os quadrantes do hemiciclo. À sua esquerda, da parte do PCP, PS, PEV e BE, a defesa do fim de uma prova que se provou ter elevados custos na vida dos professores e das escolas, com o deputado comunista Miguel Tiago a considerá-la um «instrumento de humilhação e achincalhamento dos docentes, principalmente dos professores contratados», e o deputado João Torres (PS) a regozijar-se por «em breve terminar uma das maiores geringonças a que os professores foram sujeitos». À direita, a insistência na tese de que a prova é «parte fundamental de um conjunto de medidas para melhorar a docência», como afirmou a deputada do PSD Nilza de Sena.

O PCP não se limita porém a revogar a prova e os decretos que a regulamentam. No seu diploma vai mais longe e estabelece a obrigatoriedade de ressarcimento a todos os professores que tenham sido prejudicados por esta prova declarada inconstitucional, designadamente ao nível do tempo de serviço, salários e outros custos emergentes em face da situação de desemprego. «Não é admissível que uma pessoa que tenha ficado no desemprego por aplicação de uma prova que é inconstitucional não seja ressarcida pelos danos e prejuízos que o PSD e o CDS lhes causaram na vida», salientou o deputado comunista Miguel Tiago, defendendo que «não pode ficar nada por pagar a quem foi impedido de trabalhar pelo PSD e CDS, à margem da Lei Fundamental».

O PCP advoga ainda no seu diploma que o único requisito para acesso à profissão docente seja o que consta da Lei de Bases do Sistema Educativo, ou seja o curso superior e a profissionalização. «Há problemas nos cursos superiores? Vamos resolvê-los. Há problemas de qualidade no Ensino Superior de acesso para habilitação para a docência? Muito bem, vamos resolvê-los nas escolas. Não é castigando os professores, não é condenando-os ao desemprego que se resolve os problemas nas escolas e no Ensino Superior», afirmou Miguel Tiago, que dirigiu anda palavras de saudação à luta dos professores, às suas estruturas sindicais que «ao longo de quase 10 anos lutaram contra esta prova, condição fundamental para a declaração de inconstitucionalidade e para que o Parlamento possa estar do lado dos que trabalham e não de outros interesses que também lucram com o desmantelamento da Escola Pública».

Recorde-se que o PCP desde 2006 vem chamando a atenção para as consequências potenciais da introdução desta prova de acesso no estatuto da carreira docente. Foi sempre preocupação sua alertar sobretudo para os custos na vida dos professores e para a desestabilização nas escolas causados por uma prova que tinha ainda como objectivo, segundo Miguel Tiago, «esconder o alastrar do desemprego» que as políticas de sucessivos governos estavam a provocar na Escola Pública.

Advertências cuja justeza e oportunidade a vida se encarregou de comprovar, como aliás a declaração de inconstitucionalidade veio validar.

 



Mais artigos de: Assembleia da República

Expectativas não podem ser defraudadas

O Secretário-geral do PCP defende a necessidade de concretizar por via da AR ou por decisão do Governo as «muitas expectativas dos portugueses na recuperação dos rendimentos», entendendo que é igualmente urgente dar resposta aos «problemas com que estão confrontados os nossos sectores produtivos».

Pelos salários, pensões e direitos

O Parlamento aprovou, dia 18, com os votos favoráveis do PS, PCP, PEV, BE e PAN, e os votos contra do PSD e do CDS, em votação final global, a reposição faseada da totalidade dos cortes salariais no sector público até Outubro de 2016.

Menos soberania e menos justiça social

Mais uma «afronta à nossa soberania e capacidade de decisão sobre políticas que dêem respostas aos problemas dos trabalhadores e do povo e ao desenvolvimento da nossa economia», assim avalia o PCP as propostas de criação de um conselho orçamental europeu e de...

Revogar ataque aos docentes

O projecto de lei do PCP que revoga o regime de requalificação docente foi aprovado dia 11, na generalidade, baixando à comissão para debate na especialidade. O diploma, debatido conjuntamente com uma petição dinamizada pela Fenprof onde se rejeita frontalmente a...

Domingos Abrantes no Conselho de Estado

O destacado militante comunista Domingos Abrantes é um dos cinco nomes escolhidos pelos deputados como representantes da Assembleia da República no Conselho de Estado. Os restantes elementos eleitos pelo Parlamento pelo Método d'Hondt para este órgão consultivo do Presidente da...

Conhecer para melhor exercer os direitos

O Parlamento aprovou recentemente uma recomendação ao Governo proposta em projecto de resolução do PEV para a divulgação e o estudo obrigatório da Constituição da República na escolaridade obrigatória. Melhorar o conhecimento da Lei...