Greve pela Escola Pública
Com uma adesão de 80 a 85 por cento, sentida a nível nacional, os trabalhadores não docentes dos estabelecimentos de educação e ensino da rede pública «responderam expressivamente» à mobilização sindical para a greve de dia 20.
As reivindicações merecem a compreensão dos pais
No balanço enviado à comunicação social pela Federação Nacional dos Sindicatos dos Trabalhadores em Funções Públicas e Sociais, esta estrutura sectorial da CGTP-IN explicou que «a greve que hoje decorre resulta da ausência de resposta por parte do ministro da Educação, aos sucessivos pedidos de abertura de negociações do caderno reivindicativo dos trabalhadores». Neste, consta «um conjunto de pontos que directamente têm a ver com a defesa da Escola Pública», destacando-se a exigência de «admissão de pessoal não docente em número suficiente para dar resposta às dramáticas necessidades existentes».
A federação sublinha que na rede pública de educação e ensino faltam, presentemente, mais de seis mil trabalhadores não docentes.
Ao mesmo tempo que apelou à compreensão dos pais e encarregados de educação, a FNSTFPS responsabilizou o ministro Nuno Crato pelas consequências negativas desta luta, realçando que a greve foi realizada «em defesa da Escola Pública e consequentemente, dos supremos interesses dos alunos».
Numa conferência de imprensa, ao final da manhã, junto à Escola Secundária Passos Manuel, em Lisboa (onde apenas três dos 20 funcionários se apresentaram ao serviço), um dirigente da federação criticou uma recente portaria, que veio definir novos rácios de trabalhadores nas escolas, aumentando apenas um trabalhador no 1.º Ciclo e diminuindo muito mais o pessoal nos restantes ciclos.
Artur Sequeira lembrou outras reivindicações que motivaram esta greve, como a exigência de contratação de mais funcionários e o fim do recurso a desempregados com «contratos emprego-inserção»; a criação de uma carreira específica para o pessoal não docente; a reposição da semana de 35 horas; a negociação de um regime de mobilidade dentro dos agrupamentos de escolas; o fim da municipalização e privatização.
Em resultado da elevada adesão à greve, a federação registou o encerramento de centenas de escolas dos três ciclos, enquanto muitas «funcionaram só parcialmente e à custa de trabalhadores com vínculo precário, pressionados pelas direcções dos estabelecimentos».
«O persistente comportamento de arrogância» do ministro da Educação «prenuncia a continuidade da luta, com novas acções, incluindo a greve», alerta a federação.