Romper com a política de direita
Num comício na Baixa da Banheira e num almoço em Alenquer, Jerónimo de Sousa reafirmou a urgência de prosseguir e intensificar a luta pela demissão do Governo.
Não há política de esquerda sem romper com a política de direita
O Salão do Ginásio Atlético Clube da Baixa da Banheira encheu-se por completo, anteontem à noite, para o comício do PCP que contou com a presença de Jerónimo de Sousa. Como sempre sucede naquela freguesia do concelho da Moita, foi num ambiente entusiasmante que o Secretário-geral do Partido reafirmou que a «demissão do Governo e em particular a ruptura com a política de direita são não só, e em primeiro lugar, do interesse dos trabalhadores e do povo, mas também condição para devolver a dignidade à vida política e à acção governativa».
Lembrando uma vez mais que o País «não está condenado nem à política de direita nem ao rotativismo entre PS e PSD com ou sem a bengala do CDS», o dirigente comunista sublinhou que está nas mãos dos trabalhadores e do povo, de todos os democratas e patriotas, afirmar e concretizar uma política patriótica e de esquerda, que assegure um Portugal com futuro». Esta alternativa, precisou Jerónimo de Sousa, exige que se previna e denucie as «falsas e ilusórias soluções dos que, insinuando uma viragem à esquerda, como o faz agora o PS de Costa, que até agora nada de novo e diferente apresentou», quer no que respeita às políticas promovidas pelo PS até hoje quer em relação às linhas estruturantes das políticas nacionais e europeias.
Viragens à esquerda em palavras antes das eleições para governar à direita e com a direita depois das eleições – foi assim que o dirigente do PCP caracterizou a postura do PS nas últimas quatro décadas. Em seguida, acrescentou que «não há soluções à esquerda sem ruptura com a política de direita», garantindo que tem sido este o «real obstáculo» a uma séria convergência para a construção de uma alternativa política.
Instrumento de exploração
Tanto no comício do dia 2 como no almoço de domingo, 30, em Alenquer – no qual participaram mais de 250 pessoas –, Jerónimo de Sousa criticou o Orçamento do Estado aprovado na semana passada, considerando-o um instrumento com o qual se visa prolongar a «condenação do País e do povo a uma estratégia de exploração e dependência». Trata-se, sublinhou, de um Orçamento «que se enquadra num projecto de empobrecimento do povo e do País há muito delineado por este governo do PSD/CDS, contido na sua dita “reforma do Estado” e no “Documento de Estratégia Orçamental”, e concertado com a União Europeia do directório das grandes potências e dos grandes monopólios», em nome do cumprimento do Tratado Orçamental – que, lembre-se, PS, PSD e CDS subscreveram e aprovaram.
Neste almoço esteve presente uma delegação de micro, pequenos e médios empresários, o que não deixa de ser significativo tendo em conta a situação difícil que vive esta camada devido à política dos sucessivos governos ao serviço da reconstituição do capitalismo monopolista. Esta delegação teve a oportunidade de trocar impressões com o Secretário-geral do Partido. O almoço inseriu-se também na campanha de fundos para a aquisição da Quinta do Cabo.