«Sinais positivos» não colam com dramas vividos

Realidade desmente propaganda

Está em plena marcha a linha de propaganda governamental destinada a fazer crer que está aí o ponto de viragem e que não faltam «sinais positivos» a comprová-lo. O «esforço está a valer a pena», afirmou, em tom quase triunfal, na passada semana, o líder parlamentar do PSD Luís Montenegro, a propósito do anúncio de que a meta do défice ficará abaixo do previsto.

«De que metas é que os senhores falam quando dizem que as cumpriram?», começou por questionar o presidente da formação comunista, lembrando a Luís Montenegro que inicialmente a meta fora de três por cento, depois revista para 4,5%, novamente revista para 5,5%, e é o cumprimento desta segunda revisão que o Governo agora invoca e diz orgulhar-se.

«Cumprir as metas esticando sempre o elástico acaba por ser um discurso muito frágil», anotou João Oliveira, que se deteve em questões concretas da execução orçamental e do estado do País para demonstrar que «não é sustentável nem desejável para o País» o caminho seguido pelo Governo.

Não é sustentável, explicou, porque assenta desde logo em «receitas extraordinárias, irrepetíveis, com as quais o Governo não consegue cumprir o que quer que seja para o futuro».

O mesmo em relação ao «perdão fiscal», cujo valor corresponde a 0,8% do PIB. Ou seja, as receitas extraordinárias utilizadas para procurar acomodar a execução orçamental dentro da meta da segunda revisão do défice não é repetível.

Sublinhado por João Oliveira foi, ainda, o facto de tais resultados terem sido obtidos à custa do assalto fiscal aos trabalhadores, com o aumento dos impostos sobre o trabalho a situar-se na casa dos 35,5%.

Já quanto à afirmação de que estaria a ser resolvido o problema do desemprego, o líder parlamentar do PCP perguntou também se é sustentável resolver este flagelo mandando emigrar os desempregados.

Mostrando a inconsistência do discurso propagandístico do Executivo e o enorme fosso que o separa da realidade, João Oliveira confrontou ainda o PSD com uma situação concreta no domínio da saúde. À colação trouxe os casos relatados em comissão de médicos que denunciaram não ter nos hospitais fraldas para pôr aos doentes, resolvendo o problema com recurso a toalhas e sacos do lixo.

«É por cortar na saúde, colocando os serviços públicos nesta situação, que o Governo apresenta estes dados de execução orçamental», concluiu João Oliveira, não vendo por isso razões para o Governo se orgulhar pela obtenção de resultados que têm por base uma realidade dramática marcada pela miséria e o empobrecimento dos portugueses.




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