Justiça e resistência

Organizações sociais e partidos políticos de esquerda declararam o 15 de Junho como o Dia da Luta pela Terra no Paraguai. A iniciativa foi decidida quando se assinalou um ano sobre o massacre de Curuguaty, no qual morreram 11 trabalhadores e seis policiais, e que foi usado como pretexto para a destituição do então presidente Fernando Lugo.
No fim de semana, uma multidão concentrou-se perto do local da tragédia. Em Assunção, uma marcha lembrou as vítimas, reivindicou a libertação dos populares detidos e acusados de serem os responsáveis pelos acontecimentos. Dois menores foram já condenados sob a tese do Ministério Público, que afirma que a comunidade rural montou uma emboscada a centenas de polícias acompanhados de helicópteros e carros blindados. O procurador que investiga o massacre tem fortes laços com a burguesia agrária local. Uma das famílias explora ilegalmente a propriedade que os agricultores, naquele dia 15 de Junho de 2012, reclamavam pertencer ao Estado.

A Federação Nacional Camponesa (FNC) diz que, desde então, as autoridades paraguaias recrudesceram a violência contra os sem-terra e defende que o sucedido em Curuguaty foi parte do assalto da direita ao poder.
Na capital, exigiu-se, igualmente, que o governo deixe de proteger os interesses dos latifundiários nacionais e estrangeiros, que controlam 80 por cento dos solos do país e aos quais pretendem aceder cerca de 300 mil camponeses sem-terra.

Reacção ataca

Por estes dias, no Paraguai cresce a luta e a repressão. Segundo informações difundidas pela Prensa Latina, cerca de 400 polícias anti-motim foram enviados para proteger as instalações da «Azucarera Paraguaya», em conflito com cerca de três mil pequenos produtores de cana da região de Guairá, em greve contra o abaixamento do preço por tonelada imposto unilateralmente pela companhia.
Organizações camponesas e eclesiásticas denunciam que também no departamento de Caaguzú uma empresa está a incutir um autêntico clima de terror para se apropriar das terras da comunidade. A «Entre Rios» é acusada de estar por trás da morte de sete camponeses que se recusaram a vender-lhe as respectivas propriedades. As mesmas fontes e a Federação Nacional Camponesa garantem que 120 famílias foram já expulsas e encontram-se num acampamento provisório. A FNC denuncia também que o dirigente Víctor Domingo Benítez foi baleado por mercenários ao serviço do patronato.

Simultaneamente, os trabalhadores da Administração Nacional de Electricidade levam por diante uma campanha e intensas jornadas de luta contra a privatização do serviço público de fornecimento de energia eléctrica. A concentração promovida pelos sindicatos do sector junto ao parlamento no dia da votação da lei, foi dispersada pela polícia com recurso a gás lacrimogéneo e balas de borracha.

No sábado, 8, o Partido Comunista Paraguaio apelou ao povo que se mobilizasse face aos ataques da reacção e ao clima de intolerância promovido a partir do poder contra a Frente Guasú. A campanha difundida pelo monopólio mediático instalado acusa o ex-presidente Fernando Lugo de vínculos a um alegado grupo guerrilheiro, a quem é atribuído o homicídio de um latifundiário. O objectivo é criminalizar as organizações democráticas e progressistas e instalar o medo, alertam os comunistas.

A Frente Guasú é a terceira força parlamentar do país. Neste momento, os partidos Colorado e Liberal preparam-se para quebrar a regra histórica de distribuição proporcional dos lugares no Supremo Tribunal de Justiça Eleitoral pelos representados no hemiciclo. O objectivo é impedir a designação de um juiz por parte da organização liderada por Fernando Lugo.




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