Guião conhecido
Bachar al-Assad rejeita as acusações de uso de armas químicas por Damasco, reiteradas a semana passada pelos norte-americanos, que repetem a narrativa das agressões ao Iraque e à Líbia.
As «informações» dos EUA assemelham-se às usadas contra o Iraque
Em entrevista a uma publicação alemã, o presidente sírio considerou que a Europa vai arrepender-se de armar os mercenários, alertando que o país controlado pelos terroristas transformar-se-ia num viveiro de fundamentalistas capazes de atentarem contra o Velho Continente. O grande desafio na região é enfrentar o extremismo islâmico, acrescentou, garantindo que se não fosse a ingerência político-militar imperialista, as autoridades de Damasco já teriam derrotado os bandos armados.
Assad recusou, ainda, que as forças sírias tenham usado armas químicas durante os mais de dois anos que já dura o conflito. A acusação foi repetida, quinta-feira, 13, pelos EUA, que em seguida anunciaram o reforço do envio de armamento aos ditos rebeldes, decisão que merece o repúdio de 70 por cento dos norte-americanos, segundo uma pesquisa da Pew, citada pela Prensa Latina.
A Rússia reagiu à «cartada» química relançada pelos EUA, que têm na França e Grã-Bretanha parceiros fiéis, desqualificando a solidez dos dados recolhidos pelos serviços secretos de Washington e advertindo que estes se assemelham «às mentiras sobre as armas de destruição massiva de Saddam Hussein».
A repetição do guião que antecedeu as agressões ao Iraque e Líbia evidencia-se quando as potências imperialista falam com crescente vigor na imposição de uma zona de exclusão aérea. Segundo a Reuters, o Pentágono já o terá proposto a Obama, e ainda que a Casa Branca tenha vindo, sexta-feira, 14, alertar para as dificuldades logísticas de uma tal medida, a verdade é que as suas forças armadas manterão na Jordânia os aviões de combate e os mísseis Patriot que, este mês, integram um exercício militar conjunto naquele país.
O avanço das forças regulares sírias no terreno está na base do recrudescimento das acções imperialistas. No final de semana passada, Damasco já controlava parte dos subúrbios de Allepo, no Norte, junto à fronteira com a Turquia. É justamente naquela região que ocorre o fundamental do abastecimento de armamentos e o apoio aos terroristas sírios, facto detalhado recentemente pelo USA Today, que baseando-se numa investigação de um analista do Instituto para o Estudo da Guerra, Christopher Harmer, adianta que o governo de Barack Obama está mais que envolvido no processo, prestando, inclusivamente, auxílio nas comunicações e no transporte bélico.
Na sexta-feira, um general do chamado Exército Sírio Livre reuniu, em Istambul, com «países que apoiam a oposição». De acordo com a Lusa, os encontros «visam perceber as necessidades [de armas] do Conselho Militar Sírio e começar a satisfazê-las».