Contra a privatização dos CTT, em defesa do serviço público

Os Correios são do Povo

A maioria PSD/CDS-PP chumbou o projecto de resolução do PCP que pugnava pela manutenção do carácter totalmente público dos CTT e pela melhoria da qualidade do serviço público postal.

Privatizar os Correios atenta contra o interesse nacional

Image 13325

Diplomas do BE e PS recomendando a suspensão do processo de privatização dos CTT tiveram igual destino sexta-feira passada. Consentânea com a posição por si defendida no debate realizado poucos antes foi o alinhamento na hora da votação do PS com o PSD e o CDS-PP no voto contra alíneas do diploma comunista.

Não por acaso a merecer a nega da bancada do PS esteve o ponto onde o PCP propunha que a AR se pronunciasse «contra a privatização da empresa CTT Correios de Portugal», defendendo simultaneamente que esta mantivesse «totalmente» o seu carácter público. Tal como não foi vista com bons olhos pelo PS a alínea do ponto dois onde os deputados comunistas expressavam a necessidade de «revogação do processo de liberalização dos serviços postais».

Posição que só vem confirmar e dar razão ao PCP quando este afirma, como fez no debate o deputado comunista Bruno Dias, que a privatização dos Correios «era e é um atentado ao interesse nacional», fosse «quando o governo PS a incluiu no PEC IV», fosse quando PS, PSD e CDS-PP a incluíram no pacto de agressão», seja agora com os «encerramentos de Norte a Sul de estações e de serviços e de postos de trabalho».

Traição

Rejeitado com firmeza pelo parlamentar comunista foi, por outro lado, o argumento relativo aos pretensos ganhos em «racionalidade» e em maior «rigor na gestão», a que frequentemente recorrem Governo e partidos da maioria.

«Podem explicar então o encerramento do Centro Operacional de Correio da região Centro, em Coimbra? O que farão àqueles 170 trabalhadores? Expliquem também essa ideia brilhante de fazer com que o correio de Coimbra para a Lousã tenha que vir a Lisboa para ser tratado, e depois regressar à zona de origem para ser distribuído?», inquiriu Bruno Dias, deixando um último desafio, também ele a ficar sem resposta: «E já agora expliquem essa “deslocalização” de estações dos CTT na cidade de Leiria, associada ao negócio imobiliário do “Leiria Plaza”, promovido por um destacado dirigente local do PSD?»

O parlamentar do PCP considerou por fim que a Assembleia da República «não pode ficar cega e surda» aos protestos populares por todos o País em defesa de estações e postos de correio, «para que não sejam roubadas ao povo». Deu variadíssimos exemplos dessas acções de descontentamento e revolta, bem como de casos reveladores de um comportamento pouco abonatório para a administração dos CTT.

«Por todo o País, de Lanheses a Boliqueime, passando por Cacilhas, as estações aparecem fechadas, pela calada da noite, verdadeiramente à traição», acusou, não estranhando ser essa a actuação de quem tem por trás um

um Governo que executa uma política de «venda do País às peças, que troca a Lei Fundamental pela lei da selva, que age de má-fé e à sorrelfa, que lida com o povo e o País como um burlão lida com a vítima».

Por isso, como nunca, está na hora de dizer «basta!», defendeu Bruno Dias, convicto de que a greve dos Correios de amanhã, sexta-feira, 7, será uma grande jornada em defesa do serviço público, do interesse nacional e da própria soberania.



Mais artigos de: Assembleia da República

Afundamento em toda a linha

O Governo está a conduzir o País para uma tragédia e isso é a cada dia uma realidade mais evidente. As últimas previsões da OCDE aí estão a confirmar esse cenário negro, adverte o PCP.

Não há «rectificativo» que a salve

Numa primeira análise ao orçamento rectificativo entregue na AR pelo Governo sexta-feira passada, o PCP considera que se trata de «mais do mesmo» e que as novas medidas só trarão mais recessão, desemprego e pobreza.

Flagelo alastra

A taxa de desemprego no nosso País alcançou um novo máximo – 17,8 por cento, em Abril –, com o desemprego jovem a subir também para um nível histórico de 42,5 por cento, segundo dados do Eurostat divulgados sexta-feira passada (31). Para o deputado comunista Jorge...

Transparência, precisa-se!

O Parlamento aprovou recentemente, na generalidade, com os votos a favor da maioria PSD/CDS-PP, a abstenção do PS e os votos contra do PCP, PEV e BE a nova lei-quadro das entidades reguladoras. Nela está prevista a gestão autónoma do seu orçamento e que as...

PCP pede explicações ao Governo

A deputada comunista Carla Cruz instou o ministro Adjunto e do Desenvolvimento Regional, Miguel Poiares Maduro, a esclarecer factos relacionados com a degradação das condições de trabalho dos correspondentes da agência Lusa. Em causa, segundo informações que chegaram ao...

Na selva da precariedade

O Parlamento aprovou no passado dia 24 de Maio, com os votos favoráveis do PS, PSD e CDS-PP e os votos contra do PCP, PEV e BE, o diploma com o qual o Governo quer alegadamente simplificar o regime de acesso e exercício das «agências privadas de colocação de candidatos a...

Apoio aos bailarinos

O Parlamento aprovou dia 24 de Maio, na generalidade, com a abstenção do PSD e CDS-PP e os votos favoráveis das restantes bancadas, um projecto de lei do PS que visa conferir maior protecção laboral aos bailarinos. O diploma estabelece medidas específicas de apoio aos...