Cortes no apoio dos passes

Negar direitos

A eli­mi­nação do apoio na aqui­sição do passe so­cial de es­tu­dante veio agravar a si­tu­ação de muitas fa­mí­lias e criar di­fi­cul­dades adi­ci­o­nais a quem pro­cura levar por di­ante os seus es­tudos.

Para se aferir da gra­vi­dade do im­pacte da de­cisão go­ver­na­mental basta re­ferir que um es­tu­dante do Su­pe­rior – cuja pro­pina é já su­pe­rior ao valor de dois sa­lá­rios mí­nimos na­ci­o­nais – que se des­loque por exemplo de Torres Ve­dras para Lisboa, paga de passe mensal 140 euros, quando, antes, na vi­gência do apoio de 50%, pa­gava 70 euros.

Foi por esta razão que o PCP apre­sentou no Par­la­mento uma ini­ci­a­tiva le­gis­la­tiva que re­co­men­dava ao Go­verno a ma­nu­tenção do apoio de 50 por cento no «passe 4_18» e «passe sub-23».

Re­parar o que em sua opi­nião é um golpe nesse di­reito cons­ti­tu­ci­onal dos jo­vens por­tu­gueses que é o di­reito à edu­cação foi o ob­jec­tivo desse pro­jecto de re­so­lução que veio a ser chum­bado pela mai­oria PSD/​CDS-PP de­pois de ter es­tado em de­bate con­jun­ta­mente com uma pe­tição sobre a mesma ma­téria na qual os seus subs­cri­tores so­li­ci­tavam a ime­diata re­po­sição dos passes es­co­lares e o cum­pri­mento do di­reito de todos os jo­vens à mo­bi­li­dade.

Na oca­sião, a de­pu­tada co­mu­nista Rita Rato deu ainda o exemplo de um es­tu­dante que se des­loque de Se­túbal para a ca­pital e que hoje paga 180 euros, contra os 90 que pa­gava an­te­ri­or­mente.

«Hoje há es­tu­dantes que têm de es­co­lher o dia em que vão à es­cola porque não po­dendo com­prar o passe têm de optar por vi­a­gens pré-com­pradas», re­feriu a par­la­mentar do PCP, para quem esta si­tu­ação é bem re­ve­la­dora do «re­tro­cesso so­cial que PSD e CDS-PP teimam em con­ti­nuar».

E res­pon­dendo ao ar­gu­mento evo­cado por estes par­tidos de que aos mais ca­ren­ci­ados está as­se­gu­rado apoio, a de­pu­tada do PCP mos­trou como esse des­conto tem um al­cance mui­tís­simo li­mi­tado. É que, es­cla­receu, para aceder à re­dução de 60 % do preço do passe, o sa­lário mensal de cada ele­mento do casal não pode ul­tra­passar os 315 euros, muito abaixo do li­miar de po­breza. E para aceder à re­dução de 25%, acres­centou, um agre­gado fa­mi­liar com dois fi­lhos não pode ter um ren­di­mento mensal su­pe­rior a 1258 euros.

«Uma ver­gonha», de­sa­bafou a par­la­mentar co­mu­nista.



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