Jerónimo de Sousa nos Açores

CDU é a força que marca a diferença

O Se­cre­tário-geral do PCP es­teve nos Açores nos dias 13 e 14 e pôde con­firmar que também no ar­qui­pé­lago a si­tu­ação se agrava de dia para dia. Em Ou­tubro há elei­ções re­gi­o­nais. 

A pri­va­ti­zação da ANA seria dra­má­tica para os aço­ri­anos

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In­ter­vindo, no sá­bado, num jantar na ilha do Faial, Je­ró­nimo de Sousa re­alçou a im­por­tância de dar mais força à CDU nas pró­ximas elei­çõies re­gi­o­nais pre­vistas para Ou­tubro. Tendo a seu lado o de­pu­tado e pri­meiro can­di­dato da co­li­gação às elei­ções, Aníbal Pires, o di­ri­gente do PCP instou os aço­ri­anos a não vo­tarem nos par­tidos res­pon­sá­veis pelo ac­tual es­tado do País: PSD e CDS, ga­rantiu, não podem ter «duas caras», pro­me­tendo nos Açores o que sabem per­fei­ta­mente que não podem cum­prir de­vido à po­lí­tica que o seu Go­verno leva a cabo na Re­pú­blica.

Quanto ao PS, o Se­cre­tário-geral co­mu­nista juntou-o aos dois par­tidos da co­li­gação go­ver­na­mental como res­pon­sável pela «po­lí­tica rui­nosa» que se está a levar a cabo no País, a co­berto do pacto de agressão. Em sua opi­nião, «são estes par­tidos que ar­ruínam o povo e o País, que levam a cabo uma ofen­siva sem pre­ce­dentes contra os tra­ba­lha­dores e os seus di­reitos, que pro­curam des­man­telar todas as fun­ções so­ciais do Es­tado, en­quanto des­viam a su­posta “ajuda” fi­nan­ceira para os bolsos dos bancos e grandes grupos eco­nó­micos».

Para Je­ró­nimo de Sousa, os aço­ri­anos sentem já na pele as con­sequên­cias da po­lí­tica le­vada a cabo nos úl­timos meses não só pelos cortes nos sa­lá­rios e nos sub­sí­dios dos tra­ba­lha­dores da ad­mi­nis­tração pú­blica e dos pen­si­o­nistas, mas também pelos anún­cios do en­cer­ra­mento de ser­viços pú­blicos e de pri­va­ti­za­ções de em­presas. Re­fe­rindo-se ao caso con­creto da ANA, o di­ri­gente co­mu­nista ques­ti­onou o que su­ce­deria se um grupo eco­nó­mico com­prasse esta em­presa e ve­ri­fi­casse que, para além de Ponta Del­gada, os ae­ro­portos da re­gião não davam lucro? Cer­ta­mente que não que­reria essas infra-es­tru­turas, alertou.

Je­ró­nimo de Sousa sa­li­entou ainda que a Cons­ti­tuição da Re­pú­blica de­ter­mina que deve existir «uni­dade, co­esão e so­li­da­ri­e­dade na­ci­onal» e não que se atire as res­pon­sa­bi­li­dades de gestão de infra-es­tru­turas fi­nan­cei­ra­mente de­fi­ci­tá­rias, para as mãos do go­verno re­gi­onal. Isso terá uma «con­sequência de­sas­trosa para a po­pu­lação dos Açores». O di­ri­gente co­mu­nista lem­brou ainda que pas­sado um ano da apli­cação do pacto de agressão o País tem mais de­sem­prego, mais in­jus­tiças, mais en­di­vi­da­mento, mais re­cessão e mais po­breza. Ou seja, não só Por­tugal está pior do que há um ano como se prevê que fique ainda pior no pró­ximo ano.

 

Dar mais força a quem fala ver­dade

 

Por tudo aquilo que têm feito, é «inad­mis­sível» que estes par­tidos pro­curem agora, no âm­bito das elei­ções re­gi­o­nais, dis­farçar as suas res­pon­sa­bi­li­dade e pro­meter aquilo que sabem que não podem cum­prir, apenas para ten­tarem agarrar-se ao poder, re­alçou Je­ró­nimo de Sousa.

Para o di­ri­gente co­mu­nista, é tempo de pre­miar aqueles que, como a CDU, falam ver­dade mesmo que com isso possam perder votos. É, ga­rantiu, a única forma de efec­ti­va­mente se mudar de po­lí­ticas e se cons­truir uma re­gião mais de­sen­vol­vida e mais justa. Con­tudo, sa­li­entou, a ba­talha elei­toral que se avi­zinha será di­fícil, pois os par­tidos que com­põem a troika na­ci­onal tudo farão para lançar «ne­vo­eiro» de forma a es­con­derem a re­a­li­dade da sua prá­tica po­lí­tica.

Já Aníbal Pires de­mons­trou como a CDU marcou a di­fe­rença nesta úl­tima le­gis­la­tura, tendo sido a «voz que fal­tava para de­fender os tra­ba­lha­dores e as ca­madas mais des­pro­te­gidas da po­pu­lação. Para o can­di­dato, uma vez que pa­rece afas­tada «qual­quer pos­si­bi­li­dade se exis­tência de mai­o­rias ab­so­lutas», a grande questão que se irá co­locar aos aço­ri­anos nas pró­ximas elei­ções re­gi­o­nais é o re­forço da CDU. Ou, como disse Je­ró­nimo de Sousa, im­pedir que aqueles que tanto mal têm feito aos Açores te­nham opor­tu­ni­dade de go­vernar.

 

De­sem­prego cresceu 40 por cento num ano
Si­tu­ação dra­má­tica

 

Na manhã de sá­bado, Je­ró­nimo de Sousa, Aníbal Pires e vá­rios di­ri­gentes lo­cais e re­gi­o­nais do PCP vi­si­taram o mer­cado mu­ni­cipal da ci­dade da Horta, onde ti­veram a opor­tu­ni­dade de con­tactar com co­mer­ci­antes e po­pu­lação. Aos pri­meiros, o Se­cre­tário-geral do PCP re­alçou que as grandes su­per­fí­cies co­mer­ciais «são como um eu­ca­lipto, se­cando tudo o que está à volta». Estes grupos eco­nó­micos, dos mai­ores exis­tentes em Por­tugal, re­cebem enormes be­ne­fí­cios e isen­ções, ao mesmo tempo que pres­si­onam para baixo o preço pago aos pro­du­tores, o que lhes per­mite es­magar o pe­queno co­mércio.

Esta si­tu­ação, ga­rantiu, be­ne­ficia nem co­mer­ci­antes nem pro­du­tores e nem se­quer os con­su­mi­dores. Assim, para o PCP, é ne­ces­sária uma ac­tu­ação mais ac­tiva do Es­tado, no sen­tido de re­gular e fis­ca­lizar as prá­ticas co­mer­ciais destas grandes em­presas.

Além disso, re­cordou Je­ró­nimo de Sousa, o em­prego criado pelas grandes su­per­fí­cies nunca é o su­fi­ci­ente para compar o de­sem­prego que geram no pe­queno co­mércio. Assim, re­alçou, é es­sen­cial pro­teger as pe­quenas em­presas, di­na­mizar o mer­cado in­terno e criar em­prego.

No úl­timo ano, lem­brou o Se­cre­tário-geral do Par­tido, o de­sem­prego cresceu 40 por cento nos Açores, ha­vendo mais de 12 mil jo­vens com menos de 25 anos de­sem­pre­gados. Muitas das vezes, acres­centou, sem qual­quer sub­sídio ou apoio. Sendo o de­sem­prego um pro­blema na­ci­onal que, na­tu­ral­mente, também tem ex­pressão na re­gião, o di­ri­gente do Par­tido ga­rantiu que os Açores estão muito abaixo das suas reais po­ten­ci­a­li­dades de pro­duzir, criar ri­queza e gerar em­prego.

 

Vi­sita à ilha de São Mi­guel
A re­gião pode pro­duzir mais

 

Je­ró­nimo de Sousa passou o dia de sexta-feira na ilha de São Mi­guel. Acom­pa­nhado por Aníbal Pires e por ou­tros can­di­datos e ac­ti­vistas do Par­tido e da CDU, par­ti­cipou em di­versas ini­ci­a­tivas e vi­sitas.

De manhã, es­teve na fá­brica de açúcar Si­naga, em Ponta Del­gada, onde teve opor­tu­ni­dade de ve­ri­ficar a im­por­tância eco­nó­mica e so­cial desta em­presa e de ouvir dos seus tra­ba­lha­dores e res­pon­sá­veis os prin­ci­pais pro­blemas e po­ten­ci­a­li­dades com que se de­para. Na oca­sião, em de­cla­ra­ções à im­prensa, o di­ri­gente co­mu­nista su­bli­nhou a ne­ces­si­dade de mais apoios e in­ves­ti­mentos por parte do Es­tado no sen­tido de mo­der­nizar e di­ver­si­ficar as pro­du­ções re­gi­o­nais, con­tri­buindo assim também para re­forçar a ca­pa­ci­dade pro­du­tiva na­ci­onal.

O PCP voltou a su­bli­nhar, nesta vi­sita aos Açores, que a so­lução para os graves pro­blemas com que o País se de­fronta passa em grande me­dida pelo re­forço do apa­relho pro­du­tivo na­ci­onal e a ca­pa­ci­dade do País de gerar ri­queza. Mas para tal há que haver von­tade po­lí­tica para ul­tra­passar os cons­tran­gi­mentos que o pacto de agressão co­loca às em­presas.

De­pois do al­moço na As­so­ci­ação Agrí­cola de São Mi­guel, a de­le­gação da CDU vi­sitou ainda a fá­brica de li­cores da Ri­beira Grande e con­tactou com a po­pu­lação de Rabo de Peixe.  



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