Pôr o Alentejo a produzir
Uma calorosa recepção do povo dos distritos de Beja e de Évora à CDU e aos seus candidatos marcou o dia de pré-campanha de domingo. Em Pias, Mora, Montemor-o-Novo e Arraiolos, a luta por uma política patriótica e de esquerda saiu revigorada.
É urgente e necessária uma nova reforma agrária
Nas instalações da ex-cooperativa agrícola, «A esquerda vencerá», em Pias, cerca de mil e quinhentos apoiantes da CDU participaram no almoço que serviu de apresentação pública dos candidatos a deputados pelo círculo de Beja.
Na sua intervenção e arrancando mais de mil aplausos dos apoiantes presentes no almoço, o Secretário-Geral do PCP, Jerónimo de Sousa, saudou «os homens e mulheres da reforma agrária, os seus filhos e netos que assumem a continuidade dessa luta intensa em defesa da terra a quem a trabalha, ao serviço dos trabalhadores e do povo, e não dos latifundiários».
Como nas intervenções proferidas nas outras iniciativas, neste dia, em sessões públicas na Casa da Cultura, em Mora, e no anfiteatro ao ar livre que encheu de apoiantes, no jardim municipal de Montemor-o-Novo, e no jantar que esgotou a lotação prevista do Pavilhão Multiusos de Arraiolos, Jerónimo de Sousa lembrou que as eleições «resultaram da demissão do Governo e realizam-se num quadro de profunda crise económica e social».
Avisando que «o País vai entrar em recessão e o desemprego vai aumentar», Jerónimo de Sousa apelou aos eleitores para que «reflictam sobre como o País ficou «mais injusto, desigual, menos independente e democrático». Recordou os mais de 700 mil desempregados, os dois milhões de pobres, os salários, as pensões e as reformas de miséria e acusou as políticas do Governo PS e da direita de «apoio financeiro à banca privada e aos grandes grupos económicos, retirando-os ao povo, aos trabalhadores, às populações».
Também lembrou o défice alimentar como a produção de trigo, «reduzida a apenas 11 por cento do que o País consome», e as pescas, em que «a produção nacional está reduzida a 60 por cento das necessidades». Reivindicando uma política alternativa à de direita, «que garanta mais produção e riqueza nacionais», o Secretário-Geral do PCP salientou que à actual crise nacional provocada pelos governos PS e PSD, com ou sem CDS, veio juntar-se a crise financeira mundial.
O empréstimo da troika do FMI, Banco Mundial e Banco Central Europeu já está quase todo destinado a servir ao pagamento de juros e a dar garantias à banca privada, sobrando pouco ou quase nada para incrementar a produção, criar empregos e pôr Portugal a produzir, avisou, salientando que «o povo vai pagando, com língua de palmo, as crises de que não é responsável», e lembrando que «não são os trabalhadores que vivem acima das suas possibilidades».
Acordo de ferro
«Coragem seria confrontar os grandes interesses e as grandes fortunas e não cair sempre com mais encargos em cima dos que menos têm e menos podem», considerou Jerónimo de Sousa, alertando para os «programas a fingir» do PS, do PSD e do CDS, que considera terem todos um programa comum, consolidado num «”acordo de ferro” – o da troika externa, que comprou a independência nacional», considerou, lembrando como a Grécia está ainda pior, depois de ter aceite empréstimo semelhante.
«À política de direita, a CDU apresenta alternativas que serão exequíveis quando o povo português as apoiar», considerou Jerónimo de Sousa, lembrando a «forma diferente de fazer política» da Coligação Democrática Unitária, única candidatura em que «os deputados cumprem com os compromisso assumidos e apenas auferem o salário da profissão anterior».