Defender a saúde em Portalegre
Luísa Araújo, cabeça de lista da CDU pelo distrito de Portalegre, proferiu, na semana passada, uma declaração sobre saúde. A iniciativa contou com a presença de Diogo Serra, mandatário da candidatura, Fernanda Bacalhau, candidata, e Fernando Carmosino, do Comité Central e responsável pela DORPOR do PCP.
Esta foi uma oportunidade para a candidata se manifestar contra as medidas da troika de encerramento de «serviços de saúde, redução de serviços de urgência, redução nos custos com pessoal» e «redução em 200 milhões de euros nos custos operacionais dos hospitais». Criticou ainda o aumento das «taxas moderadoras e redução das situações de isenção» e dos «custos dos medicamentos e redução das comparticipações do Estado», assim como a retracção nas «receitas de medicamentos e de exames médicos» e a redução de «custos com transportes dos pacientes» e de «deduções de despesas de saúde no IRS».
«O povo e o País estão a ser alvo de um programa de agressão sem precedentes», afirmou Luísa Araújo, explicando que a saúde no distrito de Portalegre é «resultado da política de sucessivos governos de desvalorização do Serviço Nacional de Saúde, de privatizações de serviços de saúde, visando transformar a saúde num fabuloso negócio».
No plano dos cuidados de saúde primários, adiantou a candidata, «há problemas que se arrastam e agravam», havendo cerca de oito mil utentes sem médico de família. Para além do fim do Serviço de Atendimento Permanente, em causa está ainda a redução de horários e valências, concentração de serviços, redução de pessoal médico e de enfermagem nos centros e extensões de saúde.
«Esta realidade acaba por não deixar outro caminho que não seja recorrer às urgências hospitalares, a muitos quilómetros de distância, com todas as consequências que dai advêm no plano humano e no plano dos serviços», ilustrou, acrescentando: «A reforma dos centros de saúde e a criação das unidades de saúde familiar inverteu o princípio dos cuidados de saúde primários, que devem ir da preservação à recuperação na base da proximidade da comunidade com os profissionais de saúde».
A cabeça de lista deu ainda conta de que o Hospital de Portalegre continua sem serviços de cardiologia, dermatologia, hematologia, neurologia, otorrinolaringologia, e com défices graves no serviço de radiologia. O serviço de cirurgia encontra-se igual ao que era há 30 anos, sem ter sido sujeito a qualquer requalificação.
Propostas para o distrito
- Reestruturar a Unidade Local de Saúde do Norte Alentejano, promovendo uma racionalização dos meios e competências existentes, tornando-a uma estrutura efectivamente ao serviço das populações do distrito;
- Apostar nos cuidados de saúde primários com centros de saúde dotados dos meios humanos, técnicos e financeiros adequados;
- Concluir e ampliar a rede de cuidados continuados, com estruturas fora das Unidades Hospitalares existentes. Devolver o 7.º piso do Hospital de Portalegre aos doentes que necessitem de cuidados particulares;
- Revogar as limitações impostas ao transporte de doentes;
- Dar prioridade à fixação de técnicos de saúde (médicos, enfermeiros e outros) particularmente nos Hospitais de Portalegre e de Elvas, com mecanismos de incentivo e apoio;
- Melhorar a rede de emergência médica no distrito, valorizando os meios de resposta dos bombeiros, tanto a nível humano, como material e reforçando o nível de investimento do INEM no distrito;
- Modernizar os hospitais de Portalegre e Elvas;
- Apoiar e desenvolver a telemedicina, de forma a facilitar o acesso a cuidados de saúde;
- Aumentar e diversificar a oferta de cursos na Escola Superior de Saúde de Portalegre.
Intervir e lutar
A CDU em Portalegre tem vindo a constatar o «desusado vaivém de membros do Governo ao distrito para, fingindo fazer serviço, trazerem pela mão o cabeça de lista do PS». Em comunicado, a Coligação denuncia «este vergonhoso aproveitamento dos cargos e dos dinheiros públicos para fazer campanha eleitoral» e recorda que «são estes governantes, as suas políticas e o abandono a que nos votaram, os mesmos que nos últimos governos agravaram a situação dramática em que vivem as nossas populações».
No documento, a CDU promete continuar, como sempre o tem feito, no distrito com os trabalhadores e as populações a intervir e a lutar por um distrito mais desenvolvido e por uma melhor qualidade de vida para os que aqui vivem e trabalham».