Respostas sociais enfraquecidas
Outra área onde muito se fazem sentir as consequências nefastas da política de direita é a das funções sociais do Estado, fruto de uma política de desresponsabilização e desinvestimento em serviços públicos essenciais como a educação, saúde, acção social e apoio à infância e idosos, cultura, desporto e segurança das populações.
Na educação, por exemplo, não foi difícil constatar a situação de sobrelotação em que se encontram muitas escolas, como se verifica na Escola Básica do 2.º e 3.º ciclo Michel Giacometti, onde mais de 1100 alunos têm aulas em pavilhões provisórios sem condições básicas, em turmas muitas delas com mais de 28 alunos, onde é inexistente um técnico administrativo para os Serviços de Acção Social Escolar e onde apenas existe um psicólogo e um terapeuta a dar apoio doze horas por semana para o actual universo de 1700 alunos que compõe o agrupamento.
Dificuldades crescentes no acesso aos cuidados de saúde foi também a realidade que os deputados comunistas encontraram na região de Setúbal, a exemplo do que se passa na generalidade do País, em resultado de uma política de desinvestimento no Serviço Nacional de Saúde. Ao encerramento de serviços públicos de saúde (como sucedeu com os serviços de atendimento permanente de Corroios, Seixal e Cova da Piedade ou com o serviço de atendimento de doentes urgentes do Hospital de S. Bernardo), tem-se juntado o sucessivo adiamento quer de obras de requalificação quer da construção de novas unidades de saúde, sem falar da falta de meios humanos, médicos, enfermeiros, técnicos de saúde de diferentes especialidades, administrativos e auxiliares.
Citado foi o caso do Hospital Garcia de Orta, unidade projectada para uma área de influência de180 mil habitantes mas que actualmente serve cerca de 450 mil residentes dos concelhos de Almada, Seixal e Sesimbra. Há aqui claramente um problema de dimensionamento, como constataram as Jornadas, o que tem vindo a originar uma ruptura nos cuidados de saúde à população, bem ilustrado na afluência e nos tempos de espera no serviço de urgência.
No concelho do Montijo, onde ocorre igual insuficiência de instalações na sua unidade de saúde – nem sequer está garantido um gabinete por médico - , o facto de mais de 40 por cento dos utentes inscritos não terem médico de família ilustra bem a difícil situação em que se encontram os serviços de saúde, isto para não falar da circunstância de haver apenas 23 enfermeiros e 20 médicos para mais de 52 mil utentes.