Comunistas não desistem da luta

Ao lado de quem trabalha

O PCP não desiste do combate em defesa do aparelho produtivo e dos postos de trabalho. Enquanto outros baixam os braços, os comunistas apelam à unidade e à luta.

O Governo não se pode alhear da resolução destes problemas

Uma delegação da Direcção da Organização Regional de Aveiro do PCP esteve reunida, no dia 24, com o Sindicato do Calçado e com o Sindicato Têxtil do distrito. Integrava também a delegação comunista o deputado Jorge Machado. Em discussão esteve a situação que se vive actualmente nestes dois sectores industriais, que comunistas e sindicatos concordam que é «crítica».
Na nota de imprensa emitida na sequência da reunião, o PCP dá conta da sua preocupação com as «dificuldade e ambiguidades quanto ao futuro de algumas grandes empresas do distrito». Há actualmente em Aveiro cerca de 40 mil inscritos nos centros de emprego, mas os números reais, acredita o PCP, «devem ascender aos 47 mil». Este número pode aumentar mais 3 mil «de um momento para o outro» caso o desfecho dos processos da Aerosoles, Rohde e Califa seja o pior.
Na Aerosoles, como o Avante! tem vindo a noticiar, a situação é ambígua, consideram os comunistas. Se por um lado foram pagos 70 por cento dos salários de Outubro, ao que consta com dinheiros provenientes da venda a retalho, por outro a empresa continua sem possibilidades de compra de matéria-prima.
«O Estado português, principal credor deste grupo, via duas empresas de capital de risco, injectou nos primeiros seis meses desde ano cerca de 15 milhões de euros em fundos», lembra a DORAV do PCP, acrescentando que nesse período a produção prosseguiu, assim como as vendas. «Não se percebe como se chegou a esta situação.»
O PCP exige que o Estado intervenha para viabilizar a empresa e os postos de trabalho «com a injecção de capital» que retome a laboração. A substituição da administração e a realização de uma auditoria às contas de modo a apurar «o que foi feito às verbas investidas» é outras das reivindicações.

Resistência na Rohde e na Califa

No caso da Rohde, o PCP pretende que lhe «seja dada a mesma atenção e sentido de emergência que foi dado ao salvamento de empresas financeiras e bancárias». Os comunistas defendem que a Caixa Geral de Depósitos intervenha de forma a manter a empresa a funcionar, com a totalidade dos trabalhadores. «Sem esquemas de chantagem ou engenharia habilidosa», acrescentam.
Recordando a decisão da assembleia de credores de viabilizar a Rohde, o PCP lembra que os trabalhadores da empresa suspenderam os seus contratos como forma de garantirem algum rendimento pela via do subsídio de desemprego. São precisamente os trabalhadores os credores da empresa, totalizando os créditos mais de 13 milhões de euros.
Os comunistas chamam ainda a atenção para o plano de viabilização da administração, que não chegou a ser posto à discussão por questões processuais. Para o PCP, trata-se de um «plano armadilhado que pode no final conduzir a que esta empresa acabe mesmo por encerrar com pagamento mínimo aos trabalhadores». A intenção da administração é, entre outras propostas escandalosas, confrontar os trabalhadores com o seguinte dilema: ou a empresa encerra ou se mantém a funcionar com metade dos trabalhadores.
Entretanto o Finibanco disponibilizou as verbas para o pagamento de salários na Califa. Ao mesmo tempo, a administração da empresa propôs aos trabalhadores para que ficassem em casa durante esta semana, sem salário. Os trabalhadores recusaram esta proposta, ficando em casa mas compensando este período no futuro com horas de trabalho. Para o PCP, «os trabalhadores da Califa têm fortes razões de preocupação quanto ao futuro, isto apesar de existir carteira de encomendas que tornam esta empresa viável».
Os comunistas intervirão, uma vez mais, na Assembleia da República, sobre a situação nestas empresas. Do Governo é exigido que responda à situação destas empresas e do próprio distrito de Aveiro.

Denunciar e apresentar soluções

Também no Parlamento Europeu os comunistas estão atentos ao que se passa no País e intervêm diariamente para contribuir para denunciar e encontrar soluções para alguns dos mais candentes problemas. Recentemente, Ilda Figueiredo questionou a Comissão acerca da situação da filial de Alverca da multinacional holandesa Budelpack.
A deputada comunista pretende saber as medidas que podem ser tomadas para garantir que os 200 trabalhadores da unidade de Alverca não sejam prejudicados pelo processo de insolvência na Holanda «pela dívida (de 8 milhões de euros) que a Budelpack Internacional tem para com a sua antiga filial de Alverca».
Ilda Figueiredo perguntou ainda à Comissão Europeia se tinha conhecimento de quaisquer apoios comunitários concedidos a esta empresa, tanto na Holanda como em Portugal.
Numa questão levantada, a deputada comunista no Parlamento Europeu pretendia saber que medidas tinham sido efectivamente tomadas para pôr fim à discriminação de trabalhadores portugueses nas plataformas petrolíferas do Mar do Norte.


Mais artigos de: PCP

Reforçar a organização<br>Garantir o futuro

Mais de 200 quadros do PCP da Península de Setúbal participaram, sábado, num plenário regional, onde reiteraram o firme compromisso de reforçar a organização e a intervenção do Partido em 2010, de forma a concretizar as orientações do XVIII Congresso.

Consolidar avanços e continuar a crescer

O Partido Comunista Português é uma força ímpar na Península de Setúbal, em organização, intervenção e influência social e política. Não satisfeitos, os comunistas da região querem mais.

Defender a produção nacional

Jerónimo de Sousa deslocou-se, no dia 26, à localidade da Comporta, em Alcácer do Sal, para participar num encontro com produtores de arroz da região. Dezenas de orizicultores responderam afirmativamente ao convite dos comunistas.A iniciar a sua intervenção, o Secretário-geral do PCP considerou ser desastrosa a situação...

Ferramenta para a transformação do mundo

Jerónimo de Sousa participou, sexta-feira, na apresentação do Livro Segundo de O Capital, de Karl Marx, uma iniciativa das Edições Avante!. Para além do Secretário-geral do Partido, intervieram também Sérgio Ribeiro e José Barata Moura.

Travar a privatização

No sector da aviação comercial trava-se uma intensa luta entre os que defendem a privatização e segmentação das empresas e os que, como o PCP, reclamam a valorização do seu carácter público.

Solidariedade é dever internacionalista

Os comunistas portugueses residentes na capital francesa estão solidários com os trabalhadores estrangeiros indocumentados – os sans papiers – que lutam pela sua legalização. Num comunicado do dia 25 de Novembro do seu Organismo de Direcção da Região de Paris, o PCP considera que esta sua posição se trata de um «dever de...

<i>Lay-off</i> chega aos Açores

O Furnas SPA Hotel, em São Miguel, anunciou a intenção de aplicar o lay-off a cerca de 30 trabalhadores. É a primeira vez que este expediente é utilizado na região e por uma empresa que arrecadou diversos benefícios e incentivos fiscais do Governo Regional. Para o PCP, que apresentou um requerimento na Assembleia...

Vale tudo?

A Direcção da Organização Regional do Porto do PCP emitiu um comunicado em que denuncia a situação vivida da Savinor – Sociedade Avícola do Norte, que espelha o «grau a que chega a arbitrariedade, a exploração, a violação de direitos e da própria dignidade de quem trabalha». Segundo a DORP, são constantes as ameaças de...

Nova edição de <i>O Solidário</i>

Cidade de Lisboa do PCP, O Solidário. Na primeira das suas quatro páginas, o boletim traz em letras gordas a seguinte inscrição: «Vamos lutar pelo aumento dos salários», considerando ser este aumento «justo e possível». No texto de abertura, precisamente sobre a temática dos salários, lembra-se que 1975 foi o ano em que...

Lutar por uma outra Europa

A propósito da entrada em vigor do Tratado de Lisboa, que anteontem teve lugar, o PCP reafirmou que o rumo da União Europeia «não é uma inevitabilidade» e que o presente e o futuro do País, dos trabalhadores e do povo português, continua «a estar nas suas próprias mãos» e na sua «capacidade de luta por transformações sociais».

Futuro incerto na <i>Rohde</i>

Os comunistas estão preocupados com a situação que se vive Rohde, empresa de calçado sediada em Santa Maria da Feira, com 984 trabalhadores, que, há dias, foram convocados para uma Assembleia Geral de Credores, com o objectivo de decidirem sobre a viabilização da empresa ou o seu encerramento. Os trabalhadores - que...

Despedimentos e luta na hotelaria

No último dia de Novembro, o Hotel Sheraton Algarve, em Albufeira, desencadeou o despedimento colectivo de sete electricistas. Para a Comissão Concelhia do PCP, esta decisão é «inaceitável», «perante o grave drama social» que se vive na região, e deve ter «da parte das autoridades, uma urgente acção».Os comunistas, num...