Consolidar avanços e continuar a crescer
O Partido Comunista Português é uma força ímpar na Península de Setúbal, em organização, intervenção e influência social e política. Não satisfeitos, os comunistas da região querem mais.
Só em 2009 entraram 245 novos militantes para o Partido em Setúbal
Sem o enraizamento junto da classe operária e dos trabalhadores, o Partido «ficaria no ar, desligado da sua base social de apoio, incapaz de realizar objectivos essenciais, perigosamente exposto aos vendavais que a luta de classes inevitavelmente comporta».
Foi desta forma que Vicente Merendas, do Executivo da Direcção da Organização Regional de Setúbal do PCP, resumiu a prioridade dada à organização e intervenção do Partido nas empresas e locais de trabalho. Acrescentando que é ali que se «confrontam em primeiro lugar o trabalho e o capital» e que é o resultado desse confronto que determinará a evolução da sociedade.
Ao nível regional, informou Vicente Merendas, «procedemos ao levantamento das empresas e locais de trabalho de importância estratégica». Nos vários concelhos foram criados (ou estão em processo de concretização) organismos intermédios de empresas e vários quadros do Partido foram responsabilizados directamente pelo acompanhamento dos locais de trabalho prioritários.
Apesar de todos os «passos positivos» que foram dados, Vicente Merendas realçou estar-se ainda «muito aquém das necessidades do Partido». Assim, prosseguiu, «é necessário continuar a dar passos positivos, é preciso consolidar os avanços e dignificar o trabalho partidário dirigido aos trabalhadores».
Superar dificuldades
Na opinião de Vicente Merendas, o Partido tem debilidades nas células de empresa: umas que se prendem com «atrasos no nosso próprio trabalho» e outras que têm a ver com «causas muito fortes de carácter objectivo que não podem ser subestimadas». À redução do número de grandes empresas, afirmou, contrapõe-se o aumento de médias empresas – «aqui reside a nossa grande dificuldade, que é chegar às novas empresas e aos jovens trabalhadores.» A violenta ofensiva de que os trabalhadores são alvo nas empresas também dificulta a intervenção do Partido.
«O papel do Partido, a importância da sua organização e intervenção nas empresas e locais de trabalho tem que ter em consideração as condições existentes», realçou Vicente Merendas. Mas, acrescentou, «não é determinado por elas. Sejam quais forem as condições, mais fáceis ou mais difíceis, é necessário trabalhar para que o Partido exista, se reforce e cumpra o seu papel».
Nesta altura, já Margarida Botelho tinha revelado que só em 2009 entraram para o Partido 245 novos militantes, mais do que no ano passado: destes, metade tem menos de 40 anos, 163 são operários, 92 são mulheres e 103 ficaram organizados directamente em células ou sectores de empresas e locais de trabalho.
Também noutras frentes o Partido deu passos importantes no seu reforço e estruturação. João Pedro Soares salientou a criação de uma comissão regional de micro, pequenos e médios empresários que agrupa os comunistas deste sector. Com o incremento da discussão no Partido, melhorou também a intervenção dos comunistas nas estruturas unitárias de empresários.
Um Partido com presente e futuro
A JCP marcou uma forte presença no plenário regional de sábado, com três jovens comunistas a subirem à tribuna para partilhar com os restantes camaradas as causas e lutas que movem a juventude portuguesa.
Rute Pina destacou algumas orientações da JCP para os jovens trabalhadores, nomeadamente a sensibilização dos jovens para a importância da sindicalização nos sindicatos de classe, o combate à exploração da mão-de-obra juvenil ou a luta contra a proliferação dos vínculos precários. A jovem comunista informou ainda da marcação para o dia 20 de Fevereiro de 2010 do Encontro Nacional de Jovens Trabalhadores da JCP, a ter lugar precisamente na região de Setúbal.
Antes, já Inês Maia tinha valorizado a luta dos estudantes dos ensinos Básico e Secundário, que envolveu, no passado ano lectivo, mais de 70 mil jovens. O ano mudou, mas a luta continua: pelo fim da privatização das escolas; pelo fim dos exames nacionais; pela aplicação da educação sexual; contra o estatuto do aluno ou o regime de gestão das escolas.
No primeiro período, já houve lutas, algumas vitoriosas, afirmou Inês Maia. Uma delas ocorreu na Escola Secundária Emídio Navarro, em Almada, na qual mais de 200 estudantes fizeram uma concentração à porta da escola e puseram a circular um abaixo-assinado: «lutámos por uma melhor circulação dentro da escola, por água quente nos balneários onde agora temos Educação Física e por mais funcionários, uma vez que o bar e a papelaria da escola não funcionavam a tempo inteiro.»
Passadas algumas semanas, a organização e a luta dos estudantes dava frutos: «na sequência do nosso protesto a Direcção Regional de Educação permitiu a contratação de mais três funcionários para a escola.»
Relativamente ao Ensino Superior, um militante da JCP relatou a «forte afirmação» da organização juvenil comunista no início do ano lectivo, com distribuições nas faculdades de folhetos nacionais e boletins específicos. Marcadas estão pinturas de murais e colagem de cartazes em várias escolas. Para este militante da JCP, a recente luta dos estudantes do Ensino Superior, com mais de 4 mil estudantes envolvidos, prova que o descontentamento é grande. «Temos um grande campo de batalha à nossa frente.»
Solidariedade comunista
No decorrer do plenário foram aprovadas, por unanimidade, duas moções demonstrativas da solidariedade dos comunistas com aqueles que lutam pelos mais elementares direitos.
A primeira, apresentada por um membro da Comissão Concelhia de Palmela do Partido, manifestava o apoio do PCP aos trabalhadores da Lear, confrontados com a tentativa da administração de encerrar a empresa no início do próximo ano. Na opinião dos comunistas, «trata-se de mais uma tentativa de despedimento e destruição de uma importante empresa da região, com cerca de 200 postos de trabalho, na sua maioria mulheres».
A Lear, prossegue o texto, «é uma multinacional que recebeu apoios do Estado português e da União Europeia para se fixar em Portugal e que já encerrou fábricas em Valongo e na Póvoa do Lanhoso». Com a moção, os comunistas reafirmam a sua disposição para «apoiar a luta dos trabalhadores da Lear em defesa dos postos de trabalho, a sua solidariedade com os milhares de trabalhadores desempregados da Península de Setúbal e a reivindicação que o Governo intervenha na defesa do aparelho produtivo da região e do País».
O outro documento levava a solidariedade a outros povos do mundo, nomeadamente o povo do Sahara Ocidental, cujo território se encontra ocupado por Marrocos há quase 35 anos. Apresentada por Valdemar Santos, do Executivo da Direcção da Organização Regional de Setúbal do PCP, o moção demonstrava apoio à activista saharaui dos direitos humanos Aminetu Haidar, que se encontrava em greve de fome há vários dias no aeroporto de Lanzarote, nas Canárias. Esta mulher foi para ali enviada ilegalmente pelas autoridades marroquinas, sem documentos, e como tal impedida de viajar, depois de ter sido presa e torturada. Os seus filhos permanecem em território saharaui, à guarda de familiares.
Foi desta forma que Vicente Merendas, do Executivo da Direcção da Organização Regional de Setúbal do PCP, resumiu a prioridade dada à organização e intervenção do Partido nas empresas e locais de trabalho. Acrescentando que é ali que se «confrontam em primeiro lugar o trabalho e o capital» e que é o resultado desse confronto que determinará a evolução da sociedade.
Ao nível regional, informou Vicente Merendas, «procedemos ao levantamento das empresas e locais de trabalho de importância estratégica». Nos vários concelhos foram criados (ou estão em processo de concretização) organismos intermédios de empresas e vários quadros do Partido foram responsabilizados directamente pelo acompanhamento dos locais de trabalho prioritários.
Apesar de todos os «passos positivos» que foram dados, Vicente Merendas realçou estar-se ainda «muito aquém das necessidades do Partido». Assim, prosseguiu, «é necessário continuar a dar passos positivos, é preciso consolidar os avanços e dignificar o trabalho partidário dirigido aos trabalhadores».
Superar dificuldades
Na opinião de Vicente Merendas, o Partido tem debilidades nas células de empresa: umas que se prendem com «atrasos no nosso próprio trabalho» e outras que têm a ver com «causas muito fortes de carácter objectivo que não podem ser subestimadas». À redução do número de grandes empresas, afirmou, contrapõe-se o aumento de médias empresas – «aqui reside a nossa grande dificuldade, que é chegar às novas empresas e aos jovens trabalhadores.» A violenta ofensiva de que os trabalhadores são alvo nas empresas também dificulta a intervenção do Partido.
«O papel do Partido, a importância da sua organização e intervenção nas empresas e locais de trabalho tem que ter em consideração as condições existentes», realçou Vicente Merendas. Mas, acrescentou, «não é determinado por elas. Sejam quais forem as condições, mais fáceis ou mais difíceis, é necessário trabalhar para que o Partido exista, se reforce e cumpra o seu papel».
Nesta altura, já Margarida Botelho tinha revelado que só em 2009 entraram para o Partido 245 novos militantes, mais do que no ano passado: destes, metade tem menos de 40 anos, 163 são operários, 92 são mulheres e 103 ficaram organizados directamente em células ou sectores de empresas e locais de trabalho.
Também noutras frentes o Partido deu passos importantes no seu reforço e estruturação. João Pedro Soares salientou a criação de uma comissão regional de micro, pequenos e médios empresários que agrupa os comunistas deste sector. Com o incremento da discussão no Partido, melhorou também a intervenção dos comunistas nas estruturas unitárias de empresários.
Um Partido com presente e futuro
A JCP marcou uma forte presença no plenário regional de sábado, com três jovens comunistas a subirem à tribuna para partilhar com os restantes camaradas as causas e lutas que movem a juventude portuguesa.
Rute Pina destacou algumas orientações da JCP para os jovens trabalhadores, nomeadamente a sensibilização dos jovens para a importância da sindicalização nos sindicatos de classe, o combate à exploração da mão-de-obra juvenil ou a luta contra a proliferação dos vínculos precários. A jovem comunista informou ainda da marcação para o dia 20 de Fevereiro de 2010 do Encontro Nacional de Jovens Trabalhadores da JCP, a ter lugar precisamente na região de Setúbal.
Antes, já Inês Maia tinha valorizado a luta dos estudantes dos ensinos Básico e Secundário, que envolveu, no passado ano lectivo, mais de 70 mil jovens. O ano mudou, mas a luta continua: pelo fim da privatização das escolas; pelo fim dos exames nacionais; pela aplicação da educação sexual; contra o estatuto do aluno ou o regime de gestão das escolas.
No primeiro período, já houve lutas, algumas vitoriosas, afirmou Inês Maia. Uma delas ocorreu na Escola Secundária Emídio Navarro, em Almada, na qual mais de 200 estudantes fizeram uma concentração à porta da escola e puseram a circular um abaixo-assinado: «lutámos por uma melhor circulação dentro da escola, por água quente nos balneários onde agora temos Educação Física e por mais funcionários, uma vez que o bar e a papelaria da escola não funcionavam a tempo inteiro.»
Passadas algumas semanas, a organização e a luta dos estudantes dava frutos: «na sequência do nosso protesto a Direcção Regional de Educação permitiu a contratação de mais três funcionários para a escola.»
Relativamente ao Ensino Superior, um militante da JCP relatou a «forte afirmação» da organização juvenil comunista no início do ano lectivo, com distribuições nas faculdades de folhetos nacionais e boletins específicos. Marcadas estão pinturas de murais e colagem de cartazes em várias escolas. Para este militante da JCP, a recente luta dos estudantes do Ensino Superior, com mais de 4 mil estudantes envolvidos, prova que o descontentamento é grande. «Temos um grande campo de batalha à nossa frente.»
Solidariedade comunista
No decorrer do plenário foram aprovadas, por unanimidade, duas moções demonstrativas da solidariedade dos comunistas com aqueles que lutam pelos mais elementares direitos.
A primeira, apresentada por um membro da Comissão Concelhia de Palmela do Partido, manifestava o apoio do PCP aos trabalhadores da Lear, confrontados com a tentativa da administração de encerrar a empresa no início do próximo ano. Na opinião dos comunistas, «trata-se de mais uma tentativa de despedimento e destruição de uma importante empresa da região, com cerca de 200 postos de trabalho, na sua maioria mulheres».
A Lear, prossegue o texto, «é uma multinacional que recebeu apoios do Estado português e da União Europeia para se fixar em Portugal e que já encerrou fábricas em Valongo e na Póvoa do Lanhoso». Com a moção, os comunistas reafirmam a sua disposição para «apoiar a luta dos trabalhadores da Lear em defesa dos postos de trabalho, a sua solidariedade com os milhares de trabalhadores desempregados da Península de Setúbal e a reivindicação que o Governo intervenha na defesa do aparelho produtivo da região e do País».
O outro documento levava a solidariedade a outros povos do mundo, nomeadamente o povo do Sahara Ocidental, cujo território se encontra ocupado por Marrocos há quase 35 anos. Apresentada por Valdemar Santos, do Executivo da Direcção da Organização Regional de Setúbal do PCP, o moção demonstrava apoio à activista saharaui dos direitos humanos Aminetu Haidar, que se encontrava em greve de fome há vários dias no aeroporto de Lanzarote, nas Canárias. Esta mulher foi para ali enviada ilegalmente pelas autoridades marroquinas, sem documentos, e como tal impedida de viajar, depois de ter sido presa e torturada. Os seus filhos permanecem em território saharaui, à guarda de familiares.