A greve deixou Lisboa sem Metro

Grande unidade em defesa do AE

Em defesa do Acordo de Empresa, os trabalhadores do Metropolitano de Lisboa voltaram a cumprir um dia de greve, pelo direito à negociação, que deixou a cidade sem este transporte.

Caso a ad­mi­nis­tração teime em não ne­go­ciar, a luta vai con­ti­nuar em Ou­tubro

Após três greves cumpridas pela quase totalidade dos trabalhadores, utentes e trabalhadores viveram, anteontem, das 6.30 às 11.00 horas, mais uma jornada de luta, com uma adesão a rondar os 100 por cento, em defesa do Acordo de Empresa (AE) que a administração está a tentar fazer caducar, anunciou a Federação dos Sindicatos de Transportes Rodoviários, Festru/CGTP-IN.
Ao se manifestarem disponíveis, «a todo o momento», para voltarem à mesa de negociações, todos os cinco sindicatos que convocaram as greves tinham marcado um encontro para ontem, a fim de agendarem mais dias de luta para Outubro.
Num outro comunicado conjunto, também de segunda-feira, os sindicatos Festru, Sttm, Sindem, Sitra e Fetese salientam que a adesão é «uma inequívoca resposta ao Conselho de Gerência da empresa e ao Governo».
Em causa estão os direitos adquiridos, conquistados durante anos de lutas, e o direito à negociação colectiva, propositadamente bloqueada pela administração.

Com «cara de pau»

A Comissão Negociadora Sindical (CNS) acusou a gestão do Metropolitano de ter «cara de pau», por não cumprir compromissos assumidos e fixados em acta de reunião com os sindicatos, enquanto tenta, simultaneamente, fazer crer que em nada se comprometeu.
A administração tinha convocado os sindicatos para uma tentativa de conciliação, dia 20, no Ministério do Trabalho, garantindo, em acta, que apresentaria, nesse dia, a sua proposta, revelou a CNS.
Chegados ao encontro, os representantes da administração terão dado o dito pelo não dito, ao negarem terem-se comprometido a apresentar propostas relativas ao AE, enquanto estivessem greves marcadas. «Foi preciso ler a acta para o representante do Conselho de Gerência acabar com esta parte da sua farsa», denunciou a Comissão Negociadora Sindical.
As estruturas sindicais consideram que «a cara de pau continua», agora através da acusação, proferida pela administração, de que são os sindicatos que não querem negociar.
O Governo é também responsabilizado, por tentar «manter-se camuflado, servindo-se deste CG que se presta a este tipo de atitudes».
Como afirmava a Festru, no comunicado de dia 21, «os trabalhadores não querem o conflito, mas garantem continuar a luta até que o seu AE seja devidamente consolidado e todos os direitos garantidos», no propósito de impedir, a curto prazo, que sejam postos em causa «a segurança dos utentes e os direitos adquiridos».

Porto quase sem au­to­carros

Os trabalhadores da Sociedade de Transportes Colectivos do Porto cumpriram, no fim-de-semana e segunda-feira, greves parciais, em defesa da negociação do Acordo de Empresa. As greves foram aprovadas num plenário, dia 18, onde terão participado cerca de 80 por cento dos motoristas, e onde foi denunciada a intenção da administração de destruir o acordo.
A greve foi convocada pelo Sindicato dos Transporte Rodoviários e Urbanos do Norte, o Sindicato Nacional dos Motoristas e o Sindicato dos Trabalhadores dos Transportes, após os trabalhadores terem rejeitado, a 29 de Agosto, uma proposta da empresa que visava retirar direitos relativos a horários, salários, férias e faltas justificadas.
Os sindicatos deram um prazo, até 20 de Outubro, para que a administração desbloqueie as negociações. Se, até essa data, a situação se mantiver, serão decididas novas acções, garantem.

Fer­ro­viá­rios mo­bi­lizam-se

O Sindicato Nacional dos Trabalhadores do Sector Ferroviário, SNTSF/CGTP-IN, vai entregar um pré-aviso de greve para todas as empresas do sector, a fim de permitir a participação dos ferroviários no protesto geral convocado pela CGTP-IN, para 12 de Outubro.
São várias as razões que justificam, segundo o sindicato, a participação dos trabalhadores do sector.
Na CP, o sindicato salienta que o fecho de linhas, o desmembramento da empresa e a redução do quadro de trabalhadores resultaram em prejuízos «drasticamente acrescidos». Ao terem passado a existir diversas empresas, em vez do «comando único» na CP, «o comboio passou a chegar a menos gente e transporta-se menos mercadorias».
Na EMEF, a administração forçou na aplicação do que já tinham imposto na REFER, com o fim da dispensa trimestral, e aos trabalhadores foi-lhes descontado um dia de vencimento por a terem utilizado.
Na So­flusa, os representantes dos trabalhadores conseguiram, com luta, que a empresa tenha assumido, por escrito, a manutenção daquele direito.
Foi ainda denunciada a «forma pouco ética» como decorreu a admissão recente, na REFER, de quadros administrativos.


Mais artigos de: Trabalhadores

Mobilizar para 12 de Outubro

As propostas do Governo, do PSD e dos «comprometidos» do Beato, visando a Segurança Social pública, universal e solidária, acrescentam razões para uma forte participação no «protesto geral» convocado pela CGTP-IN.

Novo regime de baixas médicas

A alteração ao regime de justificação de doença vai obrigar os funcionários públicos a ir aos centros de saúde. É mais um motivo para aderirem ao protesto da CGTP-IN, de 12 de Outubro.

<em>Caixa</em> ignora bancários

A administração da Caixa Geral de Depósitos «parece preocupar-se apenas em apresentar lucros de muitos milhões, que depois utiliza a seu bel-prazer», «mas sempre ignorando aqueles que diariamente defendem a imagem da CGD e são os grandes responsáveis pelos seus lucros – os milhares de trabalhadores da empresa» - acusa o...

Galp dá milhões ao capital

Pelos planos conhecidos da administração da Galp Energia, os accionistas deverão receber mais 870 milhões de euros, de dividendos extraordinários, o que os trabalhadores rejeitam.

Greves na <em>Caetanobus</em>

Contra a discriminação salarial, expressa em «aumentos chorudos para alguns (chefes e quadros) e actualizações miseráveis (de 1 a 5 euros) para os trabalhadores produtivos», decorre durante este mês uma série de paralisações na Caetanobus, em Vila Nova de Gaia – informou o Sindicato dos Metalúrgicos do Norte. As greves,...

Defender as carreiras

Os sindicatos de professores e educadores convocaram, para 5 de Outubro, em Lisboa, uma marcha nacional contra a política do Governo para o sector.No dia 19, a Fenprof reuniu com o Ministério da Educação (ME), para debater as propostas de alteração ao Estatuto da Carreira Docente, mas a tutela voltou a revelar-se...

Exigir do Governo um serviço público

Reunido na Casa do Alentejo, em Lisboa, no dia 19, o plenário de membros das Organizações Representativas dos Trabalhadores do sector considerou urgente a criação de um Plano Nacional de Transportes, que contemple «uma lógica de complementaridade e de funcionamento integral do sistema», salienta a resolução aprovada.Para...

Pela liberdade dos jornalistas

O Sindicato dos Jornalistas (SJ) está a promover a recolha de assinaturas de apoio à apresentou um «Apelo em defesa da liberdade de criação e de expressão dos jornalistas». O documento que pode ser subscrito no sítio da Internet,www.jornalistas.online.pt. O documento apela ao Governo para corrigir «os graves atentados...

Sindicalista ameaçado de morte

O dirigente do Sindicato da Construção do Sul João Serpa apresentou queixa na PSP por ter recebido ameaças de morte por telemóvel e por ter sido alvo de uma tentativa de atropelamento por parte de elementos da direcção da empresa Pereira da Costa, na Venda Nova, Amadora.Os trabalhadores continuam concentrados junto à...

Novas taxas na Saúde exigem resposta firme

A CGTP-IN, comentando as declarações do ministro da Saúde, sobre a intenção de criar novas taxas moderadoras, salientou que «os trabalhadores e reformados e demais camadas da população têm de reagir firmemente às medidas políticas que têm como objectivo condicionar o acesso ao SNS e aos objectivos que este preconiza». O...