JCP 8º Congresso
JCP promoveu seminário internacional

Capitalismo não rima com democracia

«A luta pelas liberdades, direitos e garantias é hoje uma realidade, mediante os perigosos ataques preconizados pelas forças mais reaccionárias de todo o mundo.» Assim se lê na declaração aprovada no seminário internacional promovido pela JCP no passado dia 19, no Seixal, e no qual participaram cerca de duas dezenas de delegações estrangeiras, que participaram, nos dois dias seguintes, no 8.º Congresso da organização.
Com diferentes expressões e intensidades, um pouco por todo o mundo são postos em causa direitos conquistados por sucessivas gerações, como os direitos de associação e organização, de expressão e de pensamento, de reunião e manifestação. Tudo para facilitar e promover o aumento da exploração do trabalho, a redução dos salários reais, o aumento do desemprego, a privatização dos sistemas de saúde, educação e segurança social.
Em muitos casos, lembrou Inês Zuber, do Secretariado da Direcção Nacional da JCP, estas violações à liberdade surgem em nome do anticomunismo. Como nos tempos da ascensão de Hitler na Alemanha. Actualmente, na «democrática» União Europeia, ilegalizam-se partidos e organizações de juventude comunistas, como acontece em países bálticos, e tenta-se ilegalizar a Organização da Juventude Comunista (KSM) da República Checa. Na Ucrânia, jovens comunistas são presos sob a acusação de «atentarem contra a integridade territorial do País». Na Colômbia, procura-se criminalizar a acção dos jovens comunistas.
Carlos Aquino, da Juventude Comunista da Venezuela, e Oliver Wikénferd, da Juventude do Movimento V República, do mesmo país, destacaram que na Venezuela bolivariana também os direitos democráticos avançam com o avanço do processo revolucionário.

O avanço da opressão

Radim Gonda, da KSM da República Checa destacou a importância da solidariedade para travar o processo de ilegalização da sua organização. O jovem comunista checo lembrou que em Março foram dadas duas semanas de prazo para o ministro do Interior proferir a sua decisão acerca da ilegalização da KSM. Até agora, nada. Mas as provocações naquele país do Leste europeu não se ficam por aqui. Um dirigente do Partido Comunista da Boémia e Morávia foi agredido e dois militantes que faziam campanha nas ruas viram o seu carro baleado.
Juan Iglesia, da União de Jovens Comunistas de Espanha, denunciou a prisão de 48 militantes da sua organização por empunharem bandeiras republicanas em cerimónias oficiais. As autoridades fundamentam esta actuação com base na lei dos partidos políticos, aprovada em 2001, que obriga à unanimidade das forças políticas relativamente a diversos assuntos, de política interna ou externa. O jovem comunista espanhol exemplificou: «Qualquer organização que tenha contactos com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) poderá ser ilegalizada, já que as FARC são tidas como uma organização terrorista.»
Também na Alemanha, os atentados às liberdades cívicas e políticas são frequentes. A representante da Juventude Livre Alemã (FDJ) denunciou a proibição pelas autoridades de uma iniciativa comemorativa da derrota do nazi-fascismo em 1945. A iniciativa fez-se, mas os seus promotores – a FDJ e outras organizações – foram multados. Ao mesmo tempo, os neonazis desfilam impunemente pelas ruas.
Tapas Sinha, da Federação Democrática de Juventude da Índia, contou que o seu partido, o Partido Comunista da Índia (Marxista) obteve nas últimas eleições 61 deputados no Parlamento e dirige dois estados do país. Lembrando que nestes estados se promove a alfabetização, a alimentação, a educação e o emprego, Sinha destacou que a Índia é um país seja muito desigual, com milhões de desempregados, analfabetos e famintos. Nos estados governados pelas forças de direita, acusou, há 2700 comunistas presos.


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