Vitivinicultores manifestam-se na Régua

Contra a «fome e miséria»

Centenas de vitivinicultores do Douro manifestaram-se na Régua exigindo um aumento da qualidade de uvas a transformar em Vinho do Porto em percentagens iguais para todos os produtores.

Todos apoiaram propostas lesivas dos interesses dos viticultores

A concentração ocorreu, quarta-feira, da passada semana, frente ao edifício da Casa do Douro, com os vitivinicultores empunhando faixas negras que pretendiam simbolizar a «fome e a miséria» em que a população vive no Douro, Património Mundial. Ao final da manhã, algumas dezenas de agricultores invadiram as instalações do Instituto do Vinhos Douro e Porto (IVDP), numa tentativa de falar com a direcção da instituição.
A GNR interveio para acalmar os ânimos e os produtores abandonaram o edifício, depois da intervenção do presidente da Casa do Douro, Manuel António Santos, que apelou para a retirada daquelas instalações e se comprometeu a agendar uma reunião entre o presidente do IVDP e uma comissão de vitivinicultores.
Os manifestantes protestavam contra o comunicado de vindima - documento que define as regras para a vindima de 2004, que foi aprovado pelo Conselho Interprofissional do IVDP, com os votos contra dos representantes do sector da produção.
O comunicado de vindima estabelece o quantitativo de 126 mil pipas para transformar em vinho do Porto na vindima deste ano e define um aumento deste benefício em percentagens desiguais para as letras das uvas, as quais são atribuídas a cada agricultor em função da qualidades das uvas. O comunicado também estabelece que a Conta-Produtor, que até agora pertencia à Casa do Douro, passe para o nome do IVDP.

Situação dramática

Para Armando Carvalho, dirigente da Associação dos Vitivinicultores Independentes do Douro (AVIDOURO) a «situação dramática» que se vive na região é uma consequência das alterações institucionais que se introduziram no Douro, o ano passado. O responsável criticou ainda a posição do presidente do IVDP, Jorge Monteiro, que se «colocou ao lado do comércio contra os agricultores». Uma crítica que levou muitos agricultores a exigirem a demissão deste responsável.
«Todos apoiaram propostas altamente lesivas dos interesses dos milhares de viticultores ao introduzir uma metodologia de valorização das uvas de classe A e B em detrimento das restantes, que objectivamente são maioritariamente pertença das grandes quintas e casas exploradoras e a passagem da conta corrente dos produtores para o IVDP, conta esta, que sempre foi considerada património da lavoura e da sua instituição», relata, ao Avante!, Armando Carvalho.
No fundo «apoiaram os mesmos que já foram contemplados com vultuosos investimentos feitos à custa da UE e fundos públicos e hoje, através destas alterações pretendem “abocanhar” grande parte do benefício que é património indiscutível dos pequenos e médios vitivinicultores que mesmo sem quaisquer apoio financeiro no passado souberam retirar destas alcantiladas encostas durienses o magro sustento das suas famílias», lamentou o dirigente.
Neste sentido a AVIDOURO e a Confederação Nacional da Agricultura, ao mesmo tempo que manifestam o mais profundo repúdio por tais alterações, apelam aos vinicultores e ao movimento associativo regional, «para conjugar esforços e energias e lutar contra mais estas injustas e iníquas medidas. Este é um precedente desejado pelo comércio exportador, que há muito anseia a liberalização do benefício», conclui Armando Carvalho.

Baldios

Situação particularmente grave


Responsáveis por baldios do Norte e Centro do País exigiram, sexta-feira, em Boticas, a manutenção dos apoios governamentais às equipas de sapadores florestais, que dizem ter sido reduzidos no âmbito da reforma do sector florestal.
Na sequência dos incêndios de 2003, o Governo fez avançar a Reforma do Sector da Floresta, no âmbito da qual se insere o Decreto-Lei 94/2004 de 22 de Abril que trouxe alterações ao regime de financiamento das equipas de sapadores florestais.
Segundo Armando Carvalho, dirigente da Federação Nacional dos Baldios (BALADI), esta lei define que as equipas de sapadores florestais com mais de cinco anos de existência passam a receber apenas um apoio de 15 mil euros anuais, o que equivale a cerca de 30 por cento da despesa total, quando até aqui recebiam 75 por cento da despesa total.
Na opinião do dirigente, a lei, ao não contemplar os apoios necessários à manutenção das actuais equipas, formadas em áreas baldias administradas em conjunto entre o Estado e os concelhos directivos de baldios, poderá criar uma situação «particularmente grave». «Podemos ser confrontados com a extinção da maior parte destas equipas, perdendo-se toda a formação e experiência acumulada e a continuidade do trabalho desenvolvido ao longo da sua existência», frisou.
Os responsáveis pelos órgãos sociais dos secretariados dos baldios de Trás-os-Montes e Ato Douro, Viseu, Porto, Coimbra e Braga e de algumas equipas florestais, presentes na reunião, reivindicaram a «manutenção das primeiras equipas formadas e dos apoios atribuídos». Defenderam ainda a aprovação de «novas candidaturas de equipas de sapadoures florestais, reforçando assim a componente fundamental da preservação» e alertaram para o ante-projecto das Zonas de Intervenção Florestal, que se insere no âmbito das novas políticas florestais do Governo, o qual consideram que «marginaliza ostensivamente» os concelhos directivos de baldios.
Para exporem todas as «suas preocupações» ao novo Governo, os responsáveis pelos baldios do Norte e Centro do País vão pedir uma «reunião de urgência» com o novo ministro da Agricultura.


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