Sementes de futuro
As comemorações do 30.º aniversário da Revolução de Abril envolveram, em todo o País, centenas de milhar de pessoas. Nas manifestações populares, a defesa das conquistas alcançadas com a Revolução foi o tema preferido pelos participantes. A luta continua no sábado, Dia Mundial do Trabalhador.
Defender Abril é continuá-lo. Foi com esta determinação que dezenas de milhar de pessoas participaram nas manifestações populares que, no domingo, celebravam o aniversário da Revolução dos Cravos. Trabalhadores, estudantes e reformados empunharam as suas reivindicações e com elas percorreram as ruas das duas principais cidades do País.
Na manifestação de Lisboa, entre o mar de gente que desceu a Avenida da Liberdade (70 mil, segundo a organização), era impressionante a presença dos trabalhadores da ex-Sorefame. Reafirmando a sua convicção de que a empresa «faz falta ao País», os trabalhadores repudiavam a política de direita seguida ao longo dos últimos anos por PSD, PS e CDS/PP, responsável pela entrega ao capital privado de empresas e sectores fundamentais da economia nacional, como é o caso da construção de material circulante ferroviário. Também os trabalhadores da Carris desfilaram pela Avenida da Liberdade, manifestando a sua decisão em prosseguir com a sua luta contra a privatização da empresa de transporte rodoviário de Lisboa. Nestas duas empresas, como noutras, é forte o sentimento de que as privatizações prejudicam o emprego e enfraquecem o País.
A presença de sindicatos e Comissões de Trabalhadores era significativa. Metalúrgicos, trabalhadores do comércio e serviços, da hotelaria, das indústrias eléctricas, das autarquias, da Função Pública e de muitos outros sectores não se cansaram de exigir o respeito pelos direitos laborais e aumentos salariais que lhes permitam uma vida digna. Também a PSP e a GNR estiveram representadas por dezenas de agentes, que exigiam o respeito pela lei sindical.
De vários pontos da grande Lisboa chegavam outras reivindicações. O Movimento dos Utentes dos Serviços Públicos fazia ouvir a sua voz contra a destruição dos serviços públicos. Ao nível local, muitos outros transportavam as mesmas exigências: a defesa do serviço nacional de saúde – porque «a saúde é um direito e não um negócio», como se lia num dos muitos panos relativos a este tema –, dos passes sociais, da escola pública e universal.
A Paz e a solidariedade estiveram também presentes nas comemorações dos 30 anos da Revolução que acabou com a guerra colonial e que abriu o País às relações de amizade com os outros países do mundo. O fim da guerra de ocupação do Iraque e a solidariedade com Cuba e os cinco cubanos que permanecem presos nos Estados Unidos eram algumas das causas presentes.
Abril é Revolução
Numa manifestação marcada pela vontade firme de defender as conquistas revolucionárias de Abril, era natural que aqueles que, actualmente, as estão a destruir estivessem na mira dos manifestantes. «Está na hora do Governo se ir embora», ou «O povo não quer fascistas no poder», eram alguns dos estribilhos entoados pelos muitos milhares de pessoas que desciam a Avenida. Da mesma maneira que se criticava e vaiava os inimigos da Revolução, saudava-se calorosamente os seus principais dinamizadores, como o general Vasco Gonçalves. Isto deve-se ao facto de ter sido nos governos que encabeçou (II, III, IV e V governos provisórios) que se alcançaram as mais importantes conquistas revolucionárias.
A provocatória campanha do Governo – «Abril é Evolução» – foi muito criticada, com muitos dos manifestantes a exibirem imagens dos cartazes corrigidos pelas populações que, por todo o País, acrescentaram o «R» em falta. Foi, aliás, criado um sítio na Internet com a divulgação de algumas das acções correctivas das populações de Norte a Sul do País ( http://revolucao25.no.sapo.pt ).
As comemorações do aniversário do 25 de Abril – que para além das manifestações populares de Lisboa e do Porto, contaram com muitas mais iniciativas de autarquias, do movimento associativo, do PCP e da JCP – revelaram que está bem vivo o espírito da Revolução e que muitos estão dispostos a defendê-la. Mesmo quem não a viveu, como o provam os milhares de jovens que participaram nas manifestações e restantes iniciativas comemorativas. Seria em todos estes que o compositor e intérprete brasileiro Chico Buarque pensava quando, na sua canção «Tanto Mar», sobre a Revolução portuguesa, afirmava que «Já murcharam tua festa, pá/ Mas certamente/ Esqueceram uma semente/Nalgum canto do jardim». No domingo, foram muitas as sementes, de esperança e de futuro.
Na manifestação de Lisboa, entre o mar de gente que desceu a Avenida da Liberdade (70 mil, segundo a organização), era impressionante a presença dos trabalhadores da ex-Sorefame. Reafirmando a sua convicção de que a empresa «faz falta ao País», os trabalhadores repudiavam a política de direita seguida ao longo dos últimos anos por PSD, PS e CDS/PP, responsável pela entrega ao capital privado de empresas e sectores fundamentais da economia nacional, como é o caso da construção de material circulante ferroviário. Também os trabalhadores da Carris desfilaram pela Avenida da Liberdade, manifestando a sua decisão em prosseguir com a sua luta contra a privatização da empresa de transporte rodoviário de Lisboa. Nestas duas empresas, como noutras, é forte o sentimento de que as privatizações prejudicam o emprego e enfraquecem o País.
A presença de sindicatos e Comissões de Trabalhadores era significativa. Metalúrgicos, trabalhadores do comércio e serviços, da hotelaria, das indústrias eléctricas, das autarquias, da Função Pública e de muitos outros sectores não se cansaram de exigir o respeito pelos direitos laborais e aumentos salariais que lhes permitam uma vida digna. Também a PSP e a GNR estiveram representadas por dezenas de agentes, que exigiam o respeito pela lei sindical.
De vários pontos da grande Lisboa chegavam outras reivindicações. O Movimento dos Utentes dos Serviços Públicos fazia ouvir a sua voz contra a destruição dos serviços públicos. Ao nível local, muitos outros transportavam as mesmas exigências: a defesa do serviço nacional de saúde – porque «a saúde é um direito e não um negócio», como se lia num dos muitos panos relativos a este tema –, dos passes sociais, da escola pública e universal.
A Paz e a solidariedade estiveram também presentes nas comemorações dos 30 anos da Revolução que acabou com a guerra colonial e que abriu o País às relações de amizade com os outros países do mundo. O fim da guerra de ocupação do Iraque e a solidariedade com Cuba e os cinco cubanos que permanecem presos nos Estados Unidos eram algumas das causas presentes.
Abril é Revolução
Numa manifestação marcada pela vontade firme de defender as conquistas revolucionárias de Abril, era natural que aqueles que, actualmente, as estão a destruir estivessem na mira dos manifestantes. «Está na hora do Governo se ir embora», ou «O povo não quer fascistas no poder», eram alguns dos estribilhos entoados pelos muitos milhares de pessoas que desciam a Avenida. Da mesma maneira que se criticava e vaiava os inimigos da Revolução, saudava-se calorosamente os seus principais dinamizadores, como o general Vasco Gonçalves. Isto deve-se ao facto de ter sido nos governos que encabeçou (II, III, IV e V governos provisórios) que se alcançaram as mais importantes conquistas revolucionárias.
A provocatória campanha do Governo – «Abril é Evolução» – foi muito criticada, com muitos dos manifestantes a exibirem imagens dos cartazes corrigidos pelas populações que, por todo o País, acrescentaram o «R» em falta. Foi, aliás, criado um sítio na Internet com a divulgação de algumas das acções correctivas das populações de Norte a Sul do País ( http://revolucao25.no.sapo.pt ).
As comemorações do aniversário do 25 de Abril – que para além das manifestações populares de Lisboa e do Porto, contaram com muitas mais iniciativas de autarquias, do movimento associativo, do PCP e da JCP – revelaram que está bem vivo o espírito da Revolução e que muitos estão dispostos a defendê-la. Mesmo quem não a viveu, como o provam os milhares de jovens que participaram nas manifestações e restantes iniciativas comemorativas. Seria em todos estes que o compositor e intérprete brasileiro Chico Buarque pensava quando, na sua canção «Tanto Mar», sobre a Revolução portuguesa, afirmava que «Já murcharam tua festa, pá/ Mas certamente/ Esqueceram uma semente/Nalgum canto do jardim». No domingo, foram muitas as sementes, de esperança e de futuro.