As conquistas da Revolução
Comemorar Abril não é, como pretendem os simpatizantes do regime fascista, hoje no poder, vangloriar os «benefícios» de uma chamada «evolução» que certamente se daria sem o derrubamento da ditadura, com uma mais completa submissão ao imperialismo e a aquisição tecnológica e «desenvolvimentista» feita à custa da exploração dos trabalhadores e do povo. Comemorar Abril é celebrar a Revolução, as profundas transformações que, uma vez conquistada a liberdade, alteraram completamente Portugal que simultaneamente adquiriu soberania em relação ao imperialismo e permitiu a completa independência de novos países.
É celebrar as conquistas revolucionárias que abriram as portas a um viver novo e colocaram os portugueses no caminho libertador do socialismo. A recuperação capitalista, latifundista e imperialista que, após várias tentativas frustradas de golpes militares, acabou por vencer e impor-se, num processo longo, dificultado por aqueles que lutaram e continuam a lutar pelos valores e ideais de Abril, destruiu a maior parte das conquistas obtidas no processo revolucionário. Mas são essas conquistas - e não uma simples data do passado - que se comemoram todos os anos. Por muitos portugueses que, mesmo não tendo a memória vivida desse tempo vibrante, partilham a vontade de defender a liberdade, os direitos, a justiça social.
A consonância entre o Programa do Movimento das Forças Armadas e o essencial do programa do Partido Comunista Português - o Partido da resistência e da esperança durante quarenta e oito anos de fascismo - constituiu, desde logo, uma base sólida para a aliança entre o Povo e o MFA. Ambos - militares revolucionários e povo trabalhador - partilhavam as mesmas esperanças, os mesmos objectivos, a mesma vontade. E foi a quebra dessa aliança - roído o MFA por contradições e oportunismos instilados por aqueles que da Revolução esperavam apenas as liberdades formais e por outros que nem a essas se conformavam - que permitiu o retrocesso, o aniquilamento das conquistas fundamentais, o caminho que levou à dramática situação que hoje vivemos. De novo a miséria e a fome, o desemprego e a exploração, direitos destruídos, economia em falência, subserviência ao capital e ao imperialismo.
Democratizar, Descolonizar, Desenvolver, inscrevia-se no Programa do MFA. Que acentuava a estratégia antimonopolista, ganhos que estavam os militares revolucionários para a ideia de que não era possível destruir o fascismo sem lhe retirar as bases de comando económico que estrangulavam o País. As preocupações de justiça social não eram compatíveis com a exploração desenfreada que o fascismo não só permitia como promovia. E os monopolistas e seus lacaios, profundamente ligados ao regime que os concebera e acarinhara, tudo fizeram para entravar o passo à Revolução.
As grandes conquistas de Abril não seguiram, pois, o percurso fácil e pacífico de uma legislação formal. Cada decreto que demolia o edifício do fascismo era um decreto revolucionário. Conquistas houve que não esperaram por tais documentos, avançando as massas no seu cumprimento edificando um país novo.
Reforma Agrária - a mais bela conquista da Revolução, como nos habituámos a chamar-lhe, justamente porque os trabalhadores rurais do Alentejo e do Ribatejo avançaram para os latifúndios que sempre haviam trabalhado e chamaram àquelas terras nossas, fazendo-as frutificar para o País e libertando o trabalho da exploração.
Nacionalizações e controlo operário - uma resposta revolucionária à sabotagem económica, entregaram aos portugueses as alavancas fundamentais da economia, fiscalizada agora pelos trabalhadores.
Descolonização - uma necessidade de paz e de justiça, reconhecida agora pelos próprios combatentes da guerra colonial que vieram a considerar injusta, reconhecendo aos povos das colónias o direito à imediata independência.
Ao mesmo tempo que avançava o saneamento do aparelho de Estado preparava-se o fecho da cúpula do novo País nascido de Abril, com a preparação da Constituição da República e a institucionalização das várias instâncias do novo poder democrático.
Neste número falamos da Reforma Agrária, das Nacionalizações, da Descolonização. E publicamos ainda o apelo da Comissão Organizadora das Comemorações Populares do 25 de Abril, convidando à participação nas manifestações. Uma forma de, celebrando o passado, continuarmos a luta pelo futuro.
L.M.
A consonância entre o Programa do Movimento das Forças Armadas e o essencial do programa do Partido Comunista Português - o Partido da resistência e da esperança durante quarenta e oito anos de fascismo - constituiu, desde logo, uma base sólida para a aliança entre o Povo e o MFA. Ambos - militares revolucionários e povo trabalhador - partilhavam as mesmas esperanças, os mesmos objectivos, a mesma vontade. E foi a quebra dessa aliança - roído o MFA por contradições e oportunismos instilados por aqueles que da Revolução esperavam apenas as liberdades formais e por outros que nem a essas se conformavam - que permitiu o retrocesso, o aniquilamento das conquistas fundamentais, o caminho que levou à dramática situação que hoje vivemos. De novo a miséria e a fome, o desemprego e a exploração, direitos destruídos, economia em falência, subserviência ao capital e ao imperialismo.
Democratizar, Descolonizar, Desenvolver, inscrevia-se no Programa do MFA. Que acentuava a estratégia antimonopolista, ganhos que estavam os militares revolucionários para a ideia de que não era possível destruir o fascismo sem lhe retirar as bases de comando económico que estrangulavam o País. As preocupações de justiça social não eram compatíveis com a exploração desenfreada que o fascismo não só permitia como promovia. E os monopolistas e seus lacaios, profundamente ligados ao regime que os concebera e acarinhara, tudo fizeram para entravar o passo à Revolução.
As grandes conquistas de Abril não seguiram, pois, o percurso fácil e pacífico de uma legislação formal. Cada decreto que demolia o edifício do fascismo era um decreto revolucionário. Conquistas houve que não esperaram por tais documentos, avançando as massas no seu cumprimento edificando um país novo.
Reforma Agrária - a mais bela conquista da Revolução, como nos habituámos a chamar-lhe, justamente porque os trabalhadores rurais do Alentejo e do Ribatejo avançaram para os latifúndios que sempre haviam trabalhado e chamaram àquelas terras nossas, fazendo-as frutificar para o País e libertando o trabalho da exploração.
Nacionalizações e controlo operário - uma resposta revolucionária à sabotagem económica, entregaram aos portugueses as alavancas fundamentais da economia, fiscalizada agora pelos trabalhadores.
Descolonização - uma necessidade de paz e de justiça, reconhecida agora pelos próprios combatentes da guerra colonial que vieram a considerar injusta, reconhecendo aos povos das colónias o direito à imediata independência.
Ao mesmo tempo que avançava o saneamento do aparelho de Estado preparava-se o fecho da cúpula do novo País nascido de Abril, com a preparação da Constituição da República e a institucionalização das várias instâncias do novo poder democrático.
Neste número falamos da Reforma Agrária, das Nacionalizações, da Descolonização. E publicamos ainda o apelo da Comissão Organizadora das Comemorações Populares do 25 de Abril, convidando à participação nas manifestações. Uma forma de, celebrando o passado, continuarmos a luta pelo futuro.
L.M.