Mercenários, os novos senhores da guerra
As imagens de cadáveres violentados no Iraque impressionaram o mundo. Os EUA disseram tratar-se de quatro civis, mas na verdade eram mercenários.
Os mercenários não obedecem às regras de conduta militares
«Com as guerras do Afeganistão e do Iraque, as oportunidades para mercenários são cada vez maiores. Em Bagdad há pessoas a ganhar 250 mil dólares por ano, mais verbas para as despesas. Isto é o paraíso para um soldado». Quem o afirma é Robert Brown, antigo tenente-coronel do Exército americano e editor da revista «Soldados da Fortuna», que estima em cerca de 300 por cento o aumento de recrutamento de mercenários desde 2001.
Segundo Brown, citado pela revista brasileira «Isto É», «os guarda-costas do presidente afegão (Hamid Karzai) são todos mercenários, funcionários da empresa DynCorp, subcontratada pelo Pentágono para esta missão de segurança». Não se trata propriamente de um segredo. A deputada democrata Janice Schakowsky, dos EUA, apresentou já um projecto visando proibir o recurso a forças privadas em acções que devem ser da exclusiva responsabilidade das Forças Armadas, mas os seus esforços têm sido barrados pelos republicanos no Congresso.
«As forças Armadas dos Estados Unidos estão a privatizar as suas missões para evitar controvérsias e pressões públicas», afirma Janice Schakowsky, fazendo notar que assim se torna mais fácil esconder os body bags (sacos de plástico para transporte dos cadáveres) dos média e proteger «os militares da opinião pública».
Recrutamento seleccionado
Os dados disponíveis confirmam as palavras da deputada. Só a DynCorp International mantém actualmente forças policiais ou militares no Afeganistão, Timor-Leste, Iraque, Bósnia e Colômbia.
No sítio da empresa na internet existe uma ligação com oportunidades de trabalho (www.policemission.com), onde se dá conta das actuais missões (Iraque, Afeganistão, Kosovo, Timor-Leste e Libéria) e respectivas condições de recrutamento. A primeira exigência, comum a todas elas, é a cidadania americana.
No Iraque, um «chefe de secção» recebe 153 600 dólares, enquanto as categorias menos qualificadas se ficam pelos 75 076,92 dólares, para além de alojamento, alimentação, transporte e apoio técnico, logístico e administrativo necessário à missão. Os contratos têm a validade de um ano.
Tucker Carlson, da CNN, que acompanhou uma equipa da Dyncorp em Bagdad, confirma que «as forças americanas estão concentradas dentro do que é chamada a Zona Verde, uma área fortificada e ultraprotegida onde está implantada a administração civil da coligação», e que «a segurança está nas mãos de polícias locais e dos serviços privados contratados por empresas ou pelo governo americano». Segundo Carlson, os «seguranças» agem como senhores da guerra e ninguém controla a sua acção.
Esta opinião é partilhada pela deputada Janice Schakowsky. «O problema com estes mercenários é que eles não obedecem às regras de conduta militares nem estão submetidos às leis dos Estados Unidos. Ao contrário do que sucede com os soldados alistados, não há quem verifique o seu comportamento, as suas acções e os condene por crimes cometidos. Trata-se de um bando com leis próprias», afirma a deputada.
Segundo Brown, citado pela revista brasileira «Isto É», «os guarda-costas do presidente afegão (Hamid Karzai) são todos mercenários, funcionários da empresa DynCorp, subcontratada pelo Pentágono para esta missão de segurança». Não se trata propriamente de um segredo. A deputada democrata Janice Schakowsky, dos EUA, apresentou já um projecto visando proibir o recurso a forças privadas em acções que devem ser da exclusiva responsabilidade das Forças Armadas, mas os seus esforços têm sido barrados pelos republicanos no Congresso.
«As forças Armadas dos Estados Unidos estão a privatizar as suas missões para evitar controvérsias e pressões públicas», afirma Janice Schakowsky, fazendo notar que assim se torna mais fácil esconder os body bags (sacos de plástico para transporte dos cadáveres) dos média e proteger «os militares da opinião pública».
Recrutamento seleccionado
Os dados disponíveis confirmam as palavras da deputada. Só a DynCorp International mantém actualmente forças policiais ou militares no Afeganistão, Timor-Leste, Iraque, Bósnia e Colômbia.
No sítio da empresa na internet existe uma ligação com oportunidades de trabalho (www.policemission.com), onde se dá conta das actuais missões (Iraque, Afeganistão, Kosovo, Timor-Leste e Libéria) e respectivas condições de recrutamento. A primeira exigência, comum a todas elas, é a cidadania americana.
No Iraque, um «chefe de secção» recebe 153 600 dólares, enquanto as categorias menos qualificadas se ficam pelos 75 076,92 dólares, para além de alojamento, alimentação, transporte e apoio técnico, logístico e administrativo necessário à missão. Os contratos têm a validade de um ano.
Tucker Carlson, da CNN, que acompanhou uma equipa da Dyncorp em Bagdad, confirma que «as forças americanas estão concentradas dentro do que é chamada a Zona Verde, uma área fortificada e ultraprotegida onde está implantada a administração civil da coligação», e que «a segurança está nas mãos de polícias locais e dos serviços privados contratados por empresas ou pelo governo americano». Segundo Carlson, os «seguranças» agem como senhores da guerra e ninguém controla a sua acção.
Esta opinião é partilhada pela deputada Janice Schakowsky. «O problema com estes mercenários é que eles não obedecem às regras de conduta militares nem estão submetidos às leis dos Estados Unidos. Ao contrário do que sucede com os soldados alistados, não há quem verifique o seu comportamento, as suas acções e os condene por crimes cometidos. Trata-se de um bando com leis próprias», afirma a deputada.