Coitadinhos
Embora se trate do prolongamento de sinais já anteriormente dados por outros responsáveis políticos, devem merecer alguma atenção as recentes declarações de Colin Powell no sentido de que as «provas» que exibiu perante o Conselho e Segurança da ONU se baseavam em informações que «não eram sólidas».
O Secretário de Estado norte-americano afirmou também esperar que se chegue a conclusões sobre a forma como a CIA acabou por apoiar-se em fontes que não eram fidedignas e, sacudindo a água do capote, logo explicou que «eu não sou a comunidade de espionagem»
Espíritos de boa vontade e almas generosas poderão dizer, até com parcial acerto, que mais valem estas declarações do que a teimosa insistência na mentira, que elas são o resultado da pressão da opinião pública mundial (e da proximidade das eleições presidenciais nos EUA) e do profundo embaraço em que se encontram os principais mandantes e executantes da agressão e ocupação do Iraque.
Mas nós preferimos lembrar que não era preciso esperar um ano para Powell reconhecer a incrível palhaçada que perpretou diante do Conselho de Segurança pois, de imediato, saltou à vista a falta de solidez das «provas» exibidas, como resultou claro dos comentários então feitos por Hans Blix.
E sobretudo preferimos dizer com todas as letras que as declarações de Powell são sobretudo, não o triunfo da verdade, mas a passagem de uma grande mentira para uma mentira média, um repugnante acto de cinismo e ilusionismo político e uma despudorada manobra para passar culpas para o pessoal menor.
Tal como múltiplos especialistas fizeram durante horas nas televisões portuguesas a propósito do «caso Kelly» na Grã-Bretanha, o que Colin Powell nos vem dizer é que ele, Bush, Blair, Aznar e «tutti quanti» são uns pobres coitadinhos e umas imaculadas vítimas desse antros de incompetência, maldade, descontrolo e manipulação que são os serviços secretos.
Esquecendo-se apenas que, sem prejuízo de eventuais zonas de conflito ou assomos de prestigio «profissional», se há departamentos sujeitos a apertada direcção política são os serviços secretos, que os seus responsáveis são nomeados pelos governos, que governantes e quadros dos serviços secretos também comunicam sem ser exclusivamente por relatórios e que está na cara que nos serviços secretos deve ser a coisa mais natural do mundo albardar o burro à vontade do dono.
Como é costume, a verdade mais completa provavelmente só se vai saber quando, daqui por uns anos, dois os três responsáveis ou quadros da CIA, entretanto já reformados, resolverem pôr a boca no trobone e amealhar uns vistosos cobres com as suas memórias.
O Secretário de Estado norte-americano afirmou também esperar que se chegue a conclusões sobre a forma como a CIA acabou por apoiar-se em fontes que não eram fidedignas e, sacudindo a água do capote, logo explicou que «eu não sou a comunidade de espionagem»
Espíritos de boa vontade e almas generosas poderão dizer, até com parcial acerto, que mais valem estas declarações do que a teimosa insistência na mentira, que elas são o resultado da pressão da opinião pública mundial (e da proximidade das eleições presidenciais nos EUA) e do profundo embaraço em que se encontram os principais mandantes e executantes da agressão e ocupação do Iraque.
Mas nós preferimos lembrar que não era preciso esperar um ano para Powell reconhecer a incrível palhaçada que perpretou diante do Conselho de Segurança pois, de imediato, saltou à vista a falta de solidez das «provas» exibidas, como resultou claro dos comentários então feitos por Hans Blix.
E sobretudo preferimos dizer com todas as letras que as declarações de Powell são sobretudo, não o triunfo da verdade, mas a passagem de uma grande mentira para uma mentira média, um repugnante acto de cinismo e ilusionismo político e uma despudorada manobra para passar culpas para o pessoal menor.
Tal como múltiplos especialistas fizeram durante horas nas televisões portuguesas a propósito do «caso Kelly» na Grã-Bretanha, o que Colin Powell nos vem dizer é que ele, Bush, Blair, Aznar e «tutti quanti» são uns pobres coitadinhos e umas imaculadas vítimas desse antros de incompetência, maldade, descontrolo e manipulação que são os serviços secretos.
Esquecendo-se apenas que, sem prejuízo de eventuais zonas de conflito ou assomos de prestigio «profissional», se há departamentos sujeitos a apertada direcção política são os serviços secretos, que os seus responsáveis são nomeados pelos governos, que governantes e quadros dos serviços secretos também comunicam sem ser exclusivamente por relatórios e que está na cara que nos serviços secretos deve ser a coisa mais natural do mundo albardar o burro à vontade do dono.
Como é costume, a verdade mais completa provavelmente só se vai saber quando, daqui por uns anos, dois os três responsáveis ou quadros da CIA, entretanto já reformados, resolverem pôr a boca no trobone e amealhar uns vistosos cobres com as suas memórias.