O «Ideias»
Pela insignificância de dois mil votos, Pedro Santana Lopes viu-se inopinadamente na presidência do município da capital.
O inesperado da vitória só não o apanhou desprevenido, em matéria de projecto autárquico para Lisboa, porque Pedro Santana Lopes sempre se preveniu com a mais acabada ausência de projecto, na sua fulgurante carreira municipal.
O que, obviamente, nunca o impediu de «ter ideias».
Por isso, mal chegou a Lisboa, fez o que já tinha feito na Figueira-da-Foz: pôs-se a apresentá-las.
Na Figueira-da-Foz, por junto e atacado, Pedro Santana Lopes teve duas ideias ao longo de quatro anos: a compra de um helicóptero e a promoção do futebol de praia.
Por lá as deixou com o pretexto de «promover o turismo» - isto após as ter exaurido, o melhor que pôde e a comunicação social ajudou, na promoção da sua própria imagem como «autarca criativo».
Lisboa é outra loiça, por isso, Santana Lopes desatou a multiplicar ideias como quem multiplica pães.
Deu milagre, pois claro.
Duma assentada, revolucionou Lisboa com acções de calibre: entaipou prédios devolutos para que o abandono não se visse, tapou outros com panos a esconder obras que se anunciavam por fora e não se realizavam por dentro, fechou ruas ao estacionamento e abriu promessas de estacionamentos em altura, cortou subsídios a colectividades e inaugurou um serviço de «reparações rápidas» tão rápidas que ninguém as vê, ameaçou os 10 mil trabalhadores do município com testes obrigatórios de alcoolémia e está a falhar na obrigação de pagar os salários a mais de 100 trabalhadores sem vínculo, mandou cortar árvores em Monsanto, ao mesmo tempo que garantia estar a «reflorestar».
Isto em gestão corrente.
Do ponto de vista estratégico, promoveu quatro coisas misteriosas.
Uma, desencravou o Benfica no misterioso imbróglio dos terrenos para o novo estádio, evidenciando que continua por dentro dos mistérios da bola.
Outra, «revitalizou» o Parque Mayer com a apresentação de um arquitecto norte-americano que, entretanto, se evaporou também misteriosamente, ficando em seu lugar sucessivas promessas de locais para um casino em Lisboa.
Terceira, lançou um túnel desde as Amoreiras até ao Marquês de Pombal, cuja misteriosa construção sofre de ilegalidades de uma ponta à outra no seu quilómetro de extensão: não apresenta plano adequado, não tem estudo de impacto ambiental correcto, passa rés-vés aos túneis do Metro e, ainda por cima, apresentará uma inclinação três vezes superior ao máximo admitido na União Europeia, além de constituir uma perigosa armadilha, comprida e sem escapatórias, em caso de acidente.
Quarta, quer fechar a Feira Popular em Entre Campos e instalá-la em Monsanto, absurdo que, sendo misterioso, está longe de ser inócuo.
Consta que, por detrás da ideia, borbulha outra: a de vender os terrenos de Entre Campos para a especulação imobiliária, mesmo que para isso se transforme o Parque Florestal de Monsanto num parque urbano, destruindo-lhe o perfil natural e a vocação florestal consagrados em lei e mandando às malvas o diversificado trabalho de aproveitamento ambiental que há anos ali estava a ser realizado.
Confirma-se: Pedro Santana Lopes não planeia, «tem ideias», não estuda, inventa, não prevê, promete. Começa tudo e nada conclui, não realiza, deseja.
Desejou ser presidente da câmara de Lisboa, agora já deseja ser Presidente da República.
Palpita-nos – é cá uma ideia... - que não vai realizar nem uma coisa nem outra: nem a conclusão do mandato de presidente da câmara, nem o começo de um mandato presidencial.
O inesperado da vitória só não o apanhou desprevenido, em matéria de projecto autárquico para Lisboa, porque Pedro Santana Lopes sempre se preveniu com a mais acabada ausência de projecto, na sua fulgurante carreira municipal.
O que, obviamente, nunca o impediu de «ter ideias».
Por isso, mal chegou a Lisboa, fez o que já tinha feito na Figueira-da-Foz: pôs-se a apresentá-las.
Na Figueira-da-Foz, por junto e atacado, Pedro Santana Lopes teve duas ideias ao longo de quatro anos: a compra de um helicóptero e a promoção do futebol de praia.
Por lá as deixou com o pretexto de «promover o turismo» - isto após as ter exaurido, o melhor que pôde e a comunicação social ajudou, na promoção da sua própria imagem como «autarca criativo».
Lisboa é outra loiça, por isso, Santana Lopes desatou a multiplicar ideias como quem multiplica pães.
Deu milagre, pois claro.
Duma assentada, revolucionou Lisboa com acções de calibre: entaipou prédios devolutos para que o abandono não se visse, tapou outros com panos a esconder obras que se anunciavam por fora e não se realizavam por dentro, fechou ruas ao estacionamento e abriu promessas de estacionamentos em altura, cortou subsídios a colectividades e inaugurou um serviço de «reparações rápidas» tão rápidas que ninguém as vê, ameaçou os 10 mil trabalhadores do município com testes obrigatórios de alcoolémia e está a falhar na obrigação de pagar os salários a mais de 100 trabalhadores sem vínculo, mandou cortar árvores em Monsanto, ao mesmo tempo que garantia estar a «reflorestar».
Isto em gestão corrente.
Do ponto de vista estratégico, promoveu quatro coisas misteriosas.
Uma, desencravou o Benfica no misterioso imbróglio dos terrenos para o novo estádio, evidenciando que continua por dentro dos mistérios da bola.
Outra, «revitalizou» o Parque Mayer com a apresentação de um arquitecto norte-americano que, entretanto, se evaporou também misteriosamente, ficando em seu lugar sucessivas promessas de locais para um casino em Lisboa.
Terceira, lançou um túnel desde as Amoreiras até ao Marquês de Pombal, cuja misteriosa construção sofre de ilegalidades de uma ponta à outra no seu quilómetro de extensão: não apresenta plano adequado, não tem estudo de impacto ambiental correcto, passa rés-vés aos túneis do Metro e, ainda por cima, apresentará uma inclinação três vezes superior ao máximo admitido na União Europeia, além de constituir uma perigosa armadilha, comprida e sem escapatórias, em caso de acidente.
Quarta, quer fechar a Feira Popular em Entre Campos e instalá-la em Monsanto, absurdo que, sendo misterioso, está longe de ser inócuo.
Consta que, por detrás da ideia, borbulha outra: a de vender os terrenos de Entre Campos para a especulação imobiliária, mesmo que para isso se transforme o Parque Florestal de Monsanto num parque urbano, destruindo-lhe o perfil natural e a vocação florestal consagrados em lei e mandando às malvas o diversificado trabalho de aproveitamento ambiental que há anos ali estava a ser realizado.
Confirma-se: Pedro Santana Lopes não planeia, «tem ideias», não estuda, inventa, não prevê, promete. Começa tudo e nada conclui, não realiza, deseja.
Desejou ser presidente da câmara de Lisboa, agora já deseja ser Presidente da República.
Palpita-nos – é cá uma ideia... - que não vai realizar nem uma coisa nem outra: nem a conclusão do mandato de presidente da câmara, nem o começo de um mandato presidencial.