Fertagus rouba nos direitos e nos preços
O Sindicato Nacional dos Trabalhadores do Sector Ferroviário, da CGTP, numa acção realizada nas estações da Fertagus da margem sul, alerta os trabalhadores para os atropelos constantes que a concessionária da travessia ferroviária do Tejo leva a cabo contra os seus direitos. Nesta acção, realizada no passado dia 29 de Janeiro, o sindicato acusou a empresa de fugir à negociação das condições de trabalho, não respondendo às propostas sindicais.
A isto, acresce a suspensão arbitrária de trabalhadores apenas por «terem exercido um direito que a lei do trabalho e a Constituição da República lhes conferem», o direito à greve. Com estas atitudes repressivas, a administração da Fertagus «outra coisa não visa que não seja dificultar a organização sindical no seio da empresa, facto que nos merece mais profunda repulsa e nos incentiva a reforçar a luta em defesa dos direitos». Tudo perante a «passividade cúmplice do Governo».
O SNTSF alertou também os utentes para os «contornos bastante nebulosos» do concurso que resultou na concessão por trinta anos da travessia do Tejo à Fertagus. Entre outros «mistérios», o sindicato lembra que a CP, empresa pública, foi «coercivamente impedida de recorrer, por razões e em circunstâncias ainda hoje pouco claras e difíceis de compreender».
Alcançada a concessão, a empresa começou a praticar tarifas duas vezes e meia mais altas do que a CP, «sob a falsa alegação de oferecer um serviço de maior qualidade». «A título de exemplo, podemos adiantar que o preço de um bilhete na Fertagus custa 2,30 euros, com uma assinatura mensal correspondente de 38, 05 euros, ao mesmo tempo que na CP, num percurso muito maior e com material circulante igual, o bilhete custa 1,35 euros e a assinatura 31,34 euros», denuncia o sindicato. A isto soma-se o facto de a Fertagus ter direito a indemnização caso o negócio não correr bem. O sindicato considera esta situação «altamente imoral, sobretudo num país onde todos os dias se enaltece as virtualidades do capital de risco».