Yazaki ameaça com encerramento para obter ritmos de produção mais elevados

O medo como «incentivo»

O Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Eléctricas do Norte acusa a Yazaki Saltano de ameaçar com o encerramento da empresa com o objectivo de obter ritmos de produção «absurdos».

Os patrões da Yazaki Saltano em Portugal revelaram as suas verdadeiras intenções. O STIEN denunciou a atitude do director-geral da empresa que, numa reunião com os trabalhadores, «cantou o hino da escravatura para quem o quis ouvir», afirmando que o trabalho de dois trabalhadores tem de ser assumido por um e que este tem de dar mais de 120 por cento da produção para levar o «prémio». Para cúmulo, referiu ainda que «quem não estiver com este projecto da Yazaki vai “para o olho da rua”».

O responsável da empresa nada referiu sobre os trabalhadores que contraíram tendinite e que, como tal, «não podem dar aquela absurda produção até impossível para os sãos», afirma o sindicato. Tão-pouco especificou nada sobre o tal «prémio», nem nada disse sobre os critérios das alterações a introduzir na organização interna. A par disto, o sindicato lembra que prossegue a política de rescisões «amigáveis» dos contratos dos trabalhadores efectivos.

«Perante todo este rol de coisas só compatíveis a nível de escravatura, a posição do STIEN é claramente de oposição às pretensões do director-geral.» O sindicato recusa este clima de terror e não quer ver aumentado o número de deficientes de trabalho. A estrutura sindical recusa que um trabalhador seja forçado a fazer o trabalho de dois e apela aos trabalhadores da empresa para que não rescindam os seus contratos de trabalho.

Depois de uma semana de boatos acerca do iminente encerramento da empresa e de desmentidos subsequentes por parte da empresa, o sindicato entende que o «mistério» destes boatos poderá residir em «quem tenha interesse em intimidar os trabalhadores para melhor explorar com ritmos desumanos de produção, a ponto de provocarem doenças musculo-esqueléticas, como acontece na Yazaki, vulgarmente conhecidas por tendinites, para além das doenças do foro psíquico». Curiosamente ou não, após toda esta sucessão de boatos e desmentidos, ficou-se a saber que não vai haver nenhum despedimento colectivo.

Ainda assim, o director-geral afirmou perante os trabalhadores que se as metas da empresa não forem cumpridas, a Yazaki provavelmente encerrará, culpabilizando assim os trabalhadores por eventuais «insucessos» derivados da organização do trabalho e da qualidade e inovação dos produtos. «Perante tanto facilitismo saído das palavras do responsável da Yazaki, o STIEN ainda quer saber que cedências tem feito Portugal a nível internacional para que tudo isto possa ser assim anunciado.» Fica a pergunta.



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