Contra a privatização dos centros de saúde
Em plena semana de luta da administração pública, os trabalhadores dos centos de saúde, administrações regionais de saúde e sub-regiões de saúde solidarizam-se com a greve dos médicos realizando uma paralisação amanhã, dia 31.
Os trabalhadores afirmam que não ficam indiferentes ao ataque do Governo e que dizem não às suas intenções. Entre estas, os trabalhadores contestam a falta de vontade do Governo em negociar o diploma e o facto de não ter ainda divulgado a sua versão final. Com a privatização dos centros de saúde, os trabalhadores consideram que o seu vínculo laboral fica mais fragilizado, ficando em causa o próprio emprego e, assim, a prestação de cuidados de saúde à população. Os trabalhadores estarão em greve igualmente pela perda de direitos que a passagem, forçada ou não, para o regime de contrato individual de trabalho provoca.
A Federação Nacional dos Sindicatos da Função Pública, promotora da greve, contesta a medida do Governo que visa acabar com o médico de família ao «exportar» para fora dos centros de saúde utentes para serem atendidos por um qualquer clínico, mesmo que não seja especialista em medicina geral e familiar. Outras das medidas contestadas prendem-se com a forma de administração dos centros. Os trabalhadores discordam da criação da figura do director, que consideram introduzir uma «ditadura», já que este director «tudo pode e todos nomeia, sem que tenha de ter um mínimo de competência, de experiência e de conhecimentos para o exercício do cargo». Será também a primeira vez que responsável por um centro de saúde terá retribuição própria pelo exercício de funções. O financiamento em função da capitação, outra das medidas que o Governo quer introduzir e que os trabalhadores contestam, poderá gerar um «exponencial aumento de custos e uma pior qualidade do serviço prestado».
A CGTP apoia a greve de três dias dos médicos, bem como a paralisação dos trabalhadores dos centros de saúde. Para a central sindical, as alterações que o Governo pretende introduzir nos cuidados de saúde que estão mais próximos da população «afectarão a vida dos portugueses». A CGTP considera que «só por ignorância ou má fé podem alguns fazedores de opinião dizer que tanto faz ter um médico de clínica geral e familiar como um médico assistente». A central sindical considera que «só pode falar assim quem se encontra num patamar social mais elevado do que a generalidade da população».