Protesto amanhã em Castelo de Paiva
Os trabalhadores da multinacional C&J Clark decidiram realizar sexta-feira, a partir das onze horas da manhã, uma nova manifestação de protesto contra o fecho da fábrica.
Os governos não garantem o destino dos dinheiros públicos que concedem às empresas
A decisão foi tomada no final do protesto que teve lugar anteontem à tarde.
A multinacional inglesa está a propor, aos quase 600 trabalhadores que atira para o desemprego, o pagamento de indemnizações no valor de 1,25 meses de salário por cada ano de laboração, mais três vencimentos – informou a Agência Lusa, acrescentando que uma trabalhadora disse que vão exigir dois meses de salário por cada ano de laboração, mais seis vencimentos.
Na maior empregadora de Castelo de Paiva está um terço dos postos de trabalho locais, pelo que o seu encerramento cria um problema social equiparável ao gerado com o encerramento das minas de carvão do Pejão.
A C&J Clark protagonizara já outro grande despedimento colectivo, em 2001, no vizinho concelho de Arouca, lançando então 400 trabalhadores no desemprego.
Situações similares à desta empresa ocorreram neste sector nos últimos meses, como no Avante! referimos em várias edições. A Rhode, também no calçado, ou a Vestus, no vestuário, são dois casos graves de encerramento de unidades fabris em Portugal, sem qualquer medida de precaução ou punitiva por parte do Governo, apesar de as empresas beneficiarem de avultados benefícios e apoios públicos. Ao lado destas colocam-se a Melka, a Norporte, a Guston...
Nacital não paga
Os trabalhadores Nacital concentraram-se anteontem à porta da fábrica de mobiliário de escritório, no Prior Velho (Sacavém), para exigir o pagamento dos salários em atraso e a viabilização da empresa. Os trabalhadores não receberam os salários de Novembro e Dezembro e «vivem uma situação de desespero e angústia», alertou o Sindicato dos Metalúrgicos de Lisboa, Santarém e Castelo Branco.
Alguns dos funcionários suspenderam os contratos e apresentaram cartas de rescisão, «mas neste momento não temos quaisquer interlocutores, porque os accionistas maioritários abandonaram a empresa há dois meses», explicou à Lusa um delegado sindical, sublinhando que a empresa tinha «uma carteira de encomendas elevadíssima».
João Ogando, um dos sócios da Atica, empresa de exportação constituída há três anos para exportar o material produzido pela Nacital e pela Uniforme (uma fábrica de cadeiras sediada em Coimbra), disse à agência que «tínhamos clientes nos PALOP e na Europa, só que, a partir de certa altura, a Nacital deixou de produzir e os administradores começaram a ter um comportamento muito estranho: as encomendas vinham e não tinham andamento».
A Caixa Geral de Depósitos, através de uma empresa de capital de risco do grupo financeiro público, tem um administrador não executivo na Nacital.