África Austral defende respeito pela soberania

Carlos Lopes Pereira

A 44.ª Cimeira da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC, na sigla em inglês) decorreu em Harare, nos dias 17 e 18, com a presença dos chefes de Estado e de governo da organização.

O lema escolhido – «Promoção da inovação para criar oportunidades de crescimento económico sustentado e desenvolvimento rumo a uma SADC industrializada» – sintetiza os objectivos estabelecidos pelos países da região de avançar com a construção de um sector industrial dinâmico e moderno.

O chefe do Estado do Zimbabué, Emmerson Mnangagwa, anfitrião da cimeira, recebeu do seu homólogo de Angola, João Lourenço, o testemunho da presidência rotativa anual da SADC. E, como é prática da comunidade, foi indigitado o presidente seguinte, Andry Rajoelina, de Madagáscar, que acolherá a próxima cimeira.

Com um enorme potencial económico, integram a SADC como Estados membros a África do Sul, Angola, Botswana, Comores, República Democrática do Congo (RDC), Essuatíni, Lesoto, Madagáscar, Maláui, Maurícia, Moçambique, Namíbia, Seychelles, Tanzânia, Zâmbia e Zimbabué.

A par do debate sobre as vias para dinamizar a industrialização e o crescimento económico da região, e o desenvolvimento, os participantes expressaram grande preocupação face ao continuado ataque israelita a civis na Palestina, em particular na Faixa de Gaza, que provoca milhares de vítimas, a devastação de cidades e aldeias e a deterioração das condições humanitárias. No comunicado final, a SADC pede o cessar-fogo imediato, a libertação de todos os prisioneiros e o início de conversações para se alcançar uma solução duradoura do conflito.

A cimeira de Harare reiterou o apelo para a eliminação incondicional das sanções impostas ao Zimbabué – pelos Estados Unidos da América, Reino Unido e aliados –, destacando que tais medidas ilegais continuam a obstaculizar o progresso e a prosperidade dos zimbabueanos e da região.

Os chefes de Estado também abordaram o problema da varíola dos macacos (Mpox) no continente e na região, registando a declaração da Organização Mundial da Saúde (OMS) que classificou a questão como uma «emergência de saúde pública de importância internacional». Nesse âmbito, pediram à OMS, às entidades africanas da saúde e a outros parceiros a mobilização de recursos para a resposta à doença na região.

Os dirigentes da África Austral reunidos em Harare reiteraram o seu «apoio inquebrantável» a Moçambique e à RDC na promoção e consolidação da paz, da segurança e da estabilidade nos dois países. Destacaram os esforços de Angola e seus dirigentes para lograr uma paz duradoura perante os desafios de segurança na parte oriental da RDC, mediando um acordo de cessar-fogo entre a RDC e o Ruanda.

Interpretando o espírito da cimeira, o novo presidente em exercício da SADC defendeu a modernização e industrialização da África Austral e sublinhou que a região deve ser desenvolvida pelos seus próprios povos. O processo de desenvolvimento deve ser levado a cabo «através dos nossos esforços individuais e colectivos», insistiu Mnangagwa. Vincou que «aqueles que queiram ajudar-nos serão bem-vindos» mas devem fazê-lo «nos nossos termos, guiados pelas nossas prioridades e respeitando a nossa soberania». E assegurou que com unidade e trabalho árduo «nada é impossível».

 



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