RDC e Ruanda discutem proposta de paz em Luanda
Os ministros dos Negócios Estrangeiros da República Democrática do Congo (RDC) e do Ruanda reuniram-se nos dias 20 e 21 em Luanda para discutir uma proposta de acordo de paz apresentada por Angola.
Esta terceira reunião ministerial dá continuidade à anterior, também na capital angolana, onde as duas partes acordaram um cessar-fogo, vigente desde 4 de Agosto.
O encontro desta semana teve como foco principal a análise da proposta de acordo de paz apresentada pelo presidente angolano, João Lourenço, aos seus homólogos da RDC, Félix Tshisekedi, e do Ruanda, Paul Kagame.
O chefe do Estado angolano entregou a proposta ao seu homólogo ruandês nas conversações mantidas no dia 11 deste mês, antes da cerimónia de posse de Kagame realizada em Kigali. No dia seguinte, Lourenço avistou-se com Tshisekedi, durante uma breve visita de trabalho a Kinshasa.
A reunião ministerial desta semana [que terminou já depois do fecho desta edição], deveria «abordar essencialmente a proposta de paz duradoura apresentada às partes, com o objectivo de se chegar a um entendimento comum sobre uma solução negociada e pacífica do conflito que prevalece na região oriental da RDC», precisou um comunicado da presidência angolana. A reunião foi precedida por um encontro de peritos, acrescentou a nota.
A RDC acusa o Ruanda de dar apoio aos rebeldes do Movimento 23 de Março (M23), que mantêm ocupadas várias cidades e aldeias no leste congolês, uma região rica em recursos minerais, enquanto Kigali afirma que o governo congolês dá respaldo às Forças Democráticas para a Libertação do Ruanda (FDLR).
Os avanções militares do M23 provocaram a deslocação forçada de milhares de pessoas, sobretudo desde finais de 2023, o que agravou a crise humanitária existente.
Ainda no início desta semana, uma emissora congolesa, a Rádio Okapi, informou que milhares de deslocados continuam sem receber ajuda alimentar, desde há mais de um ano, em diversos lugares da província de Ituri, na RDC. Esta situação provocou o aumento de mortes e o incremento da desnutrição, sobretudo entre crianças e idosos.