Trabalhadores universitários argentinos lutam contra governo de extrema-direita
A Federação Nacional de Docentes, Investigadores e Criadores Universitários levou a cabo nesta semana uma paralisação de 48 horas para exigir aumentos salariais e denunciar as medidas do governo de extrema-direita. A greve deu continuidade ao plano de luta da Frente Sindical das Universidades Nacionais iniciado depois do agravamento da situação do ensino superior causada pelas políticas do presidente Javier Milei.
A Frente rejeitou a aprovação pela Câmara de Deputados de uma norma que visa impedir que os trabalhadores do sector da educação possam exercer o seu direito ao protesto.
Perante a recusa do governo de Buenos Aires de estabelecer um verdadeiro debate com os universitários e face à imposição de aumentos salariais irrisórios, torna-se fundamental continuar a dar visibilidade à situação e aprofundar a unidade da comunidade universitária no seu conjunto, destacou a Frente. Além disso, confirmou a decisão de realizar em Setembro mais uma marcha em defesa da universidade pública.
Os trabalhadores universitários exigem a restituição do Fundo de Incentivo Docente, a eliminação do imposto sobre os rendimentos e a actualização das reformas.
Na semana passada, a Frente promoveu uma paralisação de 72 horas, que incluiu uma concentração em frente ao Congresso, para protestar contra a intenção do governo de proibir os protestos sociais e iniciar a privatização do sistema educativo na Argentina.
A Frente condenou a interrupção dos programas de entrega de livros e computadores, a suspensão do envio de recursos para os refeitórios escolares e a paralisação de obras de infra-estruturas, entre outras medidas do governo.
Pobreza alastra no país
Hoje, na Argentina, sete em cada 10 famílias deixaram de comer mais de uma vez por dia. Além disso, segundo dados do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), um milhão de crianças dormem à noite sem jantar.
De acordo com um estudo do Observatório da Dívida Social da Universidade Católica da Argentina, 54,9 por cento da população do país sul-americano são pobres. Trata-se do nível mais elevado dos últimos 20 anos e reflecte que uma em cada cinco pessoas não atinge nem o mínimo de rendimentos para poder viver.