Fecho de estúdios e salas de ensaio prejudica a vida cultural do Porto

O encerramento, pela Câmara Municipal do Porto, de mais de uma centena de lojas do Centro Comercial STOP, onde funcionavam salas de ensaio e estúdios de centenas de músicos da cidade, provocou um movimento de contestação, que promete não parar.

Cabe à autarquia encontrar soluções para os músicos despejados

LUSA

A vereadora eleita pela CDU na Câmara Municipal do Porto, Ilda Figueiredo, esteve reunida no dia 20 com alguns dos músicos que foram despejados daquele que é um dos mais vibrantes espaços culturais da cidade. Na ocasião, a eleita comunista apelou aos artistas para que voltem às suas salas e estúdios até que a autarquia negoceie e planeie com o Ministério da Cultura e os músicos uma solução para o futuro do STOP.

Também o Sindicato dos Trabalhadores de Espectáculos, do Audiovisual e dos Músicos, CENA-STE, manifestou logo no dia 18 solidariedade com os músicos que estão a ser despejados do Centro Comercial STOP. O sindicato denuncia o facto de o bloqueio ter acontecido «sem aviso prévio, apesar de ser a consequência de um despacho camarário de há quatro semanas que nem a autarquia, nem a polícia municipal terão feito chegar ao conhecimento dos artistas».

Denunciando a selagem da «maior parte da centena de salas de ensaio deste importante centro musical onde trabalham cerca de 500 músicos», o CENA-STE sublinha que muitos deles têm concertos marcados e estão, agora, impossibilitados de os preparar. Para o sindicato, a vida cultural do Porto é «intensa e faltam políticas locais e nacionais que valorizem e apoiem os músicos». A decisão da autarquia prejudica os músicos e também a cidade, acusa.

Se há problemas num edifício como este, garante o sindicato, a solução «não pode ser fechar as portas», cabendo à Câmara Municipal a responsabilidade de encontrar soluções.

Já o Manifesto em Defesa da Cultura se manifestou contra o que chama de «tristes acontecimentos», resultantes e reveladores da «repetição dos efeitos das soluções de sempre, resultantes das escolhas de sucessivos governos apostados no alheamento do Estado, na mercantilização da Cultura e na entrega aos privados, na falta de um investimento robusto que possa garantir o acesso de todos à Cultura, em todo o território nacional».

Para o Manifesto, este caso comprova as razões das reivindicações constantes na carta Outra Política para a Cultura, elaborada por diversas organizações de artistas e trabalhadores da cultura: «só um Serviço Público de Cultura sustentado num investimento de, pelo menos, 1% do Orçamento do Estado, com a perspectiva de crescer para 1% do PIB, pode garantir a criação de um conjunto de meios acessíveis em todo o território que garantam a produção, a apresentação, o ensino, a preservação, o estudo, de artes performativas e visuais.»

 



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