Rússia suspende START III mas diz que cumprirá as suas metas

O Se­nado, câ­mara alta do par­la­mento russo, aprovou no dia 22 de Fe­ve­reiro, por una­ni­mi­dade, a lei que sus­pende a par­ti­ci­pação da Rússia no Tra­tado de Re­dução de Armas Es­tra­té­gicas (START III). Antes, a mesma lei foi apro­vada pela Duma do Es­tado, a câ­mara baixa do órgão le­gis­la­tivo. A lei prevê que uma de­cisão sobre o re­co­meço da par­ti­ci­pação do país no tra­tado ca­berá ao pre­si­dente da Fe­de­ração da Rússia.

As au­to­ri­dades russas ex­pli­caram que a sus­pensão não sig­ni­fica a re­ti­rada do tra­tado, mas que Mos­covo con­si­dera ne­ces­sário es­ta­be­lecer como se con­ta­bi­liza o ar­senal nu­clear de ataque agre­gado da NATO, in­cluindo o as armas nu­cle­ares do Reino Unido e da França.

A Rússia con­si­dera «um te­atro do ab­surdo» os cha­ma­mentos da NATO a que a Rússia «cumpra o Tra­tado START III» e per­mita que pe­ritos oci­den­tais ins­pec­ci­onem as suas ins­ta­la­ções mi­li­tares e nu­cle­ares na ac­tual si­tu­ação de con­fron­tação. E as­se­gurou que a Rússia vol­taria a efec­tuar en­saios de armas nu­cle­ares se os EUA re­a­li­zassem pri­meiro esses testes.

En­tre­tanto, res­pon­sá­veis russos pre­ci­saram que a Rússia cum­prirá as prin­ci­pais res­tri­ções quan­ti­ta­tivas do START III, assim como o acordo de no­ti­fi­cação de lan­ça­mento de mís­seis ba­lís­ticos. Essas me­didas, es­cla­re­ceram, são no con­texto ac­tual su­fi­ci­entes para manter a es­ta­bi­li­dade es­tra­té­gica mun­dial.

O Tra­tado START III, as­si­nado em Praga em Abril de 2010, pelos então pre­si­dentes dos EUA, Ba­rack Obama, e da Rússia, Di­mitri Med­vedev, por um pe­ríodo ini­cial de 10 anos, li­mita os ar­se­nais es­tra­té­gicos dos EUA e da Rússia a um má­ximo de 700 mís­seis, 1550 ogivas nu­cle­ares e 800 lan­ça­dores.

Por de­cisão de Washington e Mos­covo, o acordo foi pro­lon­gado em 2021 por cinco anos, até 5 de Fe­ve­reiro de 2026. O START III é o único acordo que vin­cula ac­tu­al­mente os EUA e a Rússia na es­fera do de­sar­ma­mento nu­clear.

Re­corde-se que os EUA aban­do­naram uni­la­te­ral­mente em 2002 o Tra­tado sobre Mís­seis An­ti­ba­lís­ticos (ABM), que tinha sido as­si­nado em 1972 pela União So­vié­tica e os EUA e que proibia o en­saio e a ins­ta­lação no ter­reno de sis­temas na­ci­o­nais de de­fesa contra mís­seis ba­lís­ticos de longo al­cance. A ins­ta­lação dos sis­temas de «es­cudo an­ti­míssil» na Eu­ropa cen­tral e de Leste acom­pa­nhou esta de­cisão.

Os EUA saíram uni­la­te­ral­mente também do Tra­tado de Forças Nu­cle­ares de Al­cance In­ter­médio (INF), em 2019. As­si­nado em De­zembro de 1987 entre a URSS e os EUA, o INF proibia os mís­seis ba­lís­ticos de al­cance in­ter­médio ba­se­ados em terra, o que na al­tura sig­ni­ficou a re­ti­rada de cen­tenas de mís­seis, no­me­a­da­mente mís­seis norte-ame­ri­canos que se en­con­travam ins­ta­lados em vá­rios países na Eu­ropa.

Em 2020, de igual modo, Washington aban­donou uni­la­te­ral­mente o Tra­tado sobre o Re­gime de Céu Aberto, em vigor desde 2002 e que per­mitia a fis­ca­li­zação re­cí­proca do ter­ri­tório entre os 35 países sig­na­tá­rios.




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