EUA, NATO e UE procuram desvalorizar iniciativa de paz da China

A China apresentou um documento visando retomar o diálogo e encontrar uma solução política e negociada para o conflito que se trava na Ucrânia, mas os EUA, a NATO e a UE procuram desvalorizá-la, tentando minimizar a sua importância e significado.

Conversações são a única solução viável, insiste Pequim

Num documento de 12 pontos, divulgado no passado dia 24, Pequim insiste num posicionamento em que considera as conversações como a única solução viável para o conflito, opõe-se «à mentalidade da Guerra Fria» e exige o fim das hostilidades e o respeito pela soberania de todos os Estados.

O texto urge os envolvidos a «manter-se racionais e a actuar com moderação, a abster-se de avivar as chamas e agravar as tensões», bem como a evitar que a situação fique fora de controlo. E pede que «todas as partes devem apoiar a Rússia e a Ucrânia a trabalhar na mesma direcção e a retomar o diálogo directo o mais depressa possível, com o objectivo de diminuir gradualmente a gravidade da situação» e, em última instância, «alcançar um cessar-fogo integral».

«A comunidade internacional deve continuar comprometida com a abordagem correcta de promover conversações de paz e ajudar as partes em conflito a abrir o quanto antes a porta a uma solução política da crise. (…) A China continuará a desempenhar um papel construtivo nesse aspecto», destaca o documento.

As propostas de Pequim articulam-se em torno de 12 pontos-chave: «respeitar a soberania de todos os países; abandonar a mentalidade da Guerra Fria; cessar as hostilidades; retomar as conversações para a paz; resolver a crise humanitária; proteger os civis e prisioneiros de guerra; manter a segurança das centrais nucleares; reduzir os riscos estratégicos; encorajar a exportação de cereais; pôr fim às sanções unilaterais; manter estáveis as cadeias industriais e de abastecimento; e promover a reconstrução pós-conflito».

 

Rússia aberta a estudar

Comentando as propostas de paz da China, o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, declarou que a Rússia pronuncia-se a favor de estudar a fundo o plano da China para resolver de maneira pacífica o conflito na Ucrânia. «Qualquer tentativa de elaborar planos que ajudem a resolver o conflito até à paz merece atenção. Prestamos grande atenção ao plano dos nossos amigos chineses. Quanto aos pormenores, naturalmente, devem ser objecto de uma análise exaustiva, tendo em consideração os interesses das partes. (…) É um processo muito longo e intenso», especificou.

Outros países, como o Irão e o Cazaquistão, saudaram a iniciativa de paz chinesa para a Ucrânia. Alexander Lukashenko, presidente da Bielorrússia, encontra-se por estes dias em visita oficial à China e sabe-se que a situação na Ucrânia será um dos pontos da agenda de conversações com o chefe do Estado chinês, Xi Jinping.

Os EUA, a NATO e a União Europeia (UE), por seu lado, procuraram desvalorizar prontamente o alcance da iniciativa chinesa. Alinhado com o discurso de Washington, Josep Borrel, Alto Representante da UE, disse que a proposta de Pequim «não é operacional». Uma voz discordante no seio da UE e da NATO veio da Hungria, cujo primeiro-ministro, Viktor Orbán, falando perante o parlamento, em Budapeste, apoiou o plano de paz e considerou-o «importante».

A reacção do presidente ucraniano Volodímir Zelenski foi vaga, declarando «abertura» para manter conversações com a China e anunciando a sua intenção de se reunir com o homólogo chinês, Xi Jinping. Mas a oposição manifestada pelos EUA, NATO e UE cria legítimas dúvidas acerca de tal intenção.




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