Manifestações em cidades europeias contra a guerra e pela paz

Berlim, Londres, Paris e Bruxelas, entre outras cidades na Europa, foram palco no passado fim-de-semana de protestos contra a guerra e pela paz. Os manifestantes exigiram aos seus governos que parassem o envio de mais armamento para Kiev, agravando o conflito, e iniciassem conversações para a sua solução negociada.

Manifestantes defendem fim da escalada do conflito e início de conversações de paz

Intensificam-se em diversos países da Europa manifestações populares em protesto contra o envio, por parte dos países da NATO, de mais armas para a Ucrânia e a exigir conversações para pôr fim ao conflito e encetar negociações com vista à paz. Foi o caso, no fim-de-semana passado, das iniciativas ocorridas em Berlim, Londres, Paris e Bruxelas, entre outras cidades.

Em Berlim, no sábado, 25, dezenas de milhares de pessoas manifestaram-se junto das Portas de Brandemburgo, no centro da cidade, exigindo a abertura de negociações para pôr fim à guerra na Ucrânia. «Diplomacia, sim – Mais armas para a Ucrânia não!», reivindicaram os manifestantes.

Segundo os organizadores, participaram no protesto cerca de 50 mil pessoas. Cartazes em alemão e em inglês empunhados por manifestantes pediam «Paz, não guerra», «Dar uma oportunidade à paz» ou «Negociar, não intensificar». Outros proclamavam «Esta guerra não é nossa» e exigiam o regresso aos EUA das tropas norte-americanas estacionadas na Alemanha («Americans, go home!»), bem como o cessar imediato do envio de mais tanques, mísseis e munições para a guerra na Ucrânia.

Entre os promotores da iniciativa figuraram a deputada Sahra Wagenknecht e a escritora feminista Alice Schwwarzer que usaram da palavra na manifestação para pedir «diplomacia em vez de entrega de armas». As duas activistas alemãs lançaram no dia 10 de Fevereiro uma petição na Internet, intitulada Manifesto pela Paz, que em apenas duas semanas recolheu mais de 645 mil assinaturas, insistindo na necessidade de se exigir uma «paz negociada».

Ainda na Alemanha, em Ramstein, no Estado alemão da Renânia-Palatinado, activistas exigiram no fim de semana o cessar imediato de novos envios de armas para a Ucrânia, o fim das hostilidades e o começo de conversações de paz. Em Ramstein situa-se a base militar dos EUA que alberga o comando da sua força aérea na Europa. É também uma base militar da NATO, com funções importantes na logística e no abastecimento das forças daquela organização belicista no continente europeu.

Anteriormente, em outras cidades da Alemanha, como Dresden e Munique, ocorreram manifestações semelhantes, sob os lemas «Paz sem armas» e «Queremos a paz».

 

Negociações de paz para fim do impasse

Em Londres, activistas da paz desfilaram no sábado pelas ruas da capital do Reino Unido pedindo conversações imediatas para pôr termo à guerra na Ucrânia.

A manifestação nacional, organizada pela Stop the War [Parar a Guerra] e pela Campanha pelo Desarmamento Nuclear, mobilizou milhares de pessoas, que desfilaram desde a sede da BBC, em Portland Place, até Trafalgar Square, exigindo o fim da guerra na Ucrânia e denunciando o papel da NATO no agravamento do conflito.

No comício que encerrou a marcha, o antigo dirigente da Stop the War, Andrew Murray, afirmou aos manifestantes que eles representavam os pontos de vista da grande maioria de países do mundo. «A China quer a paz. A Índia quer a paz. A África do Sul quer a paz. Lula no Brasil quer a paz», disse.

O presidente da Stop the War, o músico Brian Eno, considerou que é «triste» ver como alguns políticos e meios de informação estão entusiasmados com a escalada da guerra. As negociações de paz são a única forma de acabar com o impasse, mas «exigem coragem», assegurou, explicando que «esta guerra não começou em 24 de Fevereiro de 2022» e «tem raízes mais profundas».

Entre os vários oradores, um dirigente sindical denunciou que os trabalhadores britânicos estão a sofrer «o maior ataque desde há gerações», porque é-lhes dito que não há dinheiro para o Serviço Nacional de Saúde ou para pagar melhor aos médicos, enfermeiros, professores e carteiros, mas há dinheiro para os luxos dos ricos – e para a guerra.

Em Paris, no domingo, milhares de franceses repudiaram nas ruas o envio pelo seu governo e pela NATO de mais armas para a Ucrânia, escalando o conflito com a Rússia. Protestos similares tiveram lugar em outras cidades francesas. «Pela paz», «Não à III Guerra Mundial» e «Vamos abandonar a NATO» foram algumas das mensagens expressas em cartazes pelos manifestantes.

Também em Bruxelas milhares de pessoas manifestaram-se nas ruas de Bruxelas, mostrando a sua oposição à guerra e apoiando imediatas negociações de paz. «Devemos continuar a fazer pressão para que os nossos governos apoiem uma solução diplomática e conversações para pôr fim a esta guerra», apelaram os participantes no protesto, organizado pelo Intal, movimento que defende a paz.




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