Balanços, opções e factos

Foi conhecido no início deste mês o balanço feito pela MediaMonitor ao longo do ano de 2022 dos principais protagonistas dos noticiários televisivos em canal aberto. Nesta análise foi contabilizado o tempo total das notícias em que os respectivos protagonistas entraram em discurso directo, excluindo outro tipo de programas, debates ou entrevistas, ou seja, notícias em que os objectos da notícia tiveram voz própria.

Os dez primeiros lugares – os dados são públicos – são todos ocupados por dirigentes políticos – nenhum comunista. Para lá do esperado (primeiro-ministro e Presidente da República ocupam os primeiros lugares), destacam-se os líderes do Chega em terceiro, do BE em quinto, da IL em sexto, do PAN em sétimo, e do Livre em nono, com presenças do actual e do anterior líder do PSD (em oitavo e quarto lugar, respectivamente). A lista é fechada por Fernando Medina, ministro das Finanças desde final de Março. Temos nesta lista todos os líderes dos partidos com representação parlamentar, excepto o PCP.

O que justifica estes resultados? Como é possível que Inês Sousa Real, deputada única do PAN, ou Rui Tavares, deputado único do Livre, ou Fernando Medina, ministro em nove dos 12 meses do ano, tenham ocupado mais tempo de antena com voz própria do que qualquer dirigente do PCP? Será que o PCP e os seus dirigentes desapareceram durante 2022?

Em Março houve nove iniciativas com a participação do Secretário-geral, em Abril foram 11, em Maio 12, e, Junho outras 12. Quatro meses com uma iniciativa a cada dois dias, em média, mas sem presença nos dez primeiros lugares do barómetro da MediaMonitor nesse período. O mesmo nos quatro meses seguintes. Após Janeiro e Fevereiro (meses marcados pelas eleições legislativas, recorde-se), apenas no balanço em Novembro figurou um dirigente do PCP, Jerónimo de Sousa, em oitavo – em rigor, não foi num mês, mas em menos de metade, já que as presenças em noticiários só se verificaram até à realização da Conferência Nacional, quando Paulo Raimundo foi eleito Secretário-geral do PCP.

Se a escassez da agenda não explica a ausência, terá sido a falta de assunto? Em 2022 tivemos eleições legislativas no final de Janeiro, em que o interesse mediático pela campanha da CDU foi intensificado pela necessidade de substituição de Jerónimo de Sousa na campanha. A partir do final de Fevereiro, a grosseira manipulação e falsificação da posição sobre a guerra na Ucrânia foi utilizada para atacar o PCP, mas, como neste espaço foi repetidamente assinalado, numa operação em que foi dado muito mais espaço a outros para falarem sobre essa posição do que aos próprios dirigentes do PCP. Por fim, a natural concentração mediática em torno da substituição do Secretário-geral, na Conferência Nacional, em Novembro.

A verdadeira razão para a ausência do PCP dos principais noticiário televisivos só pode ser cabalmente esclarecida por quem manda nessas estações, mas algo é claro: existiu uma opção por excluir e silenciar o PCP. Isto é matéria de facto.

 



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