Das ideias à intervenção

«Eu tenho 57 anos e desde os 16 sei que as minhas ideias vão de encontro aos ideais do PCP. Já vim tarde! Seria bom que as pessoas indecisas, como eu, se decidissem porque está na altura de fazer algumas coisa pelos nossos direitos, de lutarmos por novos e defendermos os que já conquistámos.» Assim fala Conceição, natural de Viseu e assistente operacional numa escola básica de Cruz de Pau, no Seixal. Muitas certezas se têm verificado com as muitas histórias de novos militantes que no Avante!, nos últimos meses, têm sido publicadas. Entre elas surge a de que não há momento certo para chegar ao Partido, nele e com ele intervir, lutar e transformar a realidade.

Conceição conta que desde muito nova se começou a indignar com as injustiças que observava à sua volta: «ver a riqueza muito mal distribuída, isso sempre me revoltou». Começou, por iniciativa pessoal, a procurar saber mais sobre partidos e o que cada um defendia. Rapidamente chegou à conclusão de que o PCP, para quem trabalha, era o mais justo.

Mais tarde, já delegada sindical no seu local de trabalho, foi o contacto com os seus colegas do sindicato e com a dura realidade do trabalho que começou a considerar juntar-se aos comunistas. A meio deste seu percurso de consciencialização, recorda o episódio de uma manifestação promovida pela CGTP-IN em Lisboa, onde Jerónimo de Sousa esteve presente em representação do Partido. Os dez minutos em que o ouviu a falar com esses trabalhadores provocaram-lhe uma impressão duradoura. «Deu para perceber que há um partido e pessoas que estão interessados naquilo em que eu também estou interessada», relata.

Com a guerra na Ucrânia, sentiu-se injustiçada por ouvir todas aquelas «barbaridades contra o Partido». «Deturparam a nossa posição, nunca fomos a favor da guerra», sublinha. Foi esse o «clique» que faltava: procurou uma colega do seu sindicato que sabia ser comunista e inscreveu-se. É militante há dois meses.

Mário, natural de Odivelas, tem 44 anos. É professor e director do agrupamento de escolas de Benavente. À semelhança de Conceição, inscreveu-se no PCP por volta de Novembro e conta que contactou com o Partido ao longo de quase toda a sua vida. Cresceu com pais que discutiam política nacional e internacional, que não eram militantes mas que abordavam as posições do PCP. Estudou numa escola onde, na Associação de Estudantes, contactou com jovens da JCP e na faculdade, a mesma coisa. Não foi a todas as Festas do Avante!, mas visitou muitas delas.

Já em Benavente, há cerca de cinco anos, um antigo colega convidou-o a integrar as listas da CDU. Começou a participar em reuniões, assembleias e discussões e foi assim que se aproximou do projecto da CDU. Nas últimas eleições autárquicas recebeu o convite para encabeçar a lista para a Assembleia Municipal, da qual é hoje presidente.

Acerca do Partido, começou a perceber que, ao envolver-se no plano político local, fazia cada vez mais sentido estar dentro de uma força política que tem a capacidade de intervir na sociedade e de fazer uma diferença séria. «É importante participar e só se conhece participando. Se acreditamos numa sociedade diferente, mais justa e honesta, temos no PCP uma boa oportunidade para participar e começar a agir», admite. «São muitas as lutas e coisas a melhorar e temos de escolher de que lado queremos estar», acrescenta.

 



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