Hiroxima e Nagasáqui convocam à luta pela paz e o desarmamento

«Ao evocar Hiroxima e Nagasáqui, o PCP apela ao povo português, e particularmente à juventude, para que intensifique a luta pela paz e o desarmamento».

A política externa e de defesa de sucessivos governos tem envolvido Portugal na estratégia militarista agressiva do imperialismo, denunciou Rui Fernandes

A convocatória foi feita por Rui Fernandes, membro da Comissão Política do PCP, em declaração a propósito do 77.º aniversário do «horror nuclear de 6 e 9 de Agosto de 1945, em Hiroxima e Nagasáqui». Acontecimento que, para o Partido, importa lembrar não apenas por «dever de memória», mas como «momento de reafirmação, ano após ano, do firme empenho dos comunistas portugueses na luta por um mundo de paz e amizade entre os povos, liberto da ameaça das armas nucleares, onde os imensos recursos desperdiçados em armamento sejam canalizados para a promoção do progresso social e do combate à fome, à doença, ao subdesenvolvimento e a outros graves problemas que afectam a grande maioria da Humanidade».

De resto, «no momento em que o imperialismo fomenta a tensão nas relações internacionais, com expressão na escalada de guerra e de confrontação na Europa e noutras regiões do mundo, como na Ásia-Pacífico, com os sérios perigos que uma tal escalada comporta para o mundo, e na qual se insere a provocatória visita de Nancy Pelosi a Taiwan, mais necessário se torna recordar o que foi e o que significou o criminoso lançamento pelos EUA da bomba atómica sobre as cidades japonesas de Hiroxima e Nagasáqui, que provocou mais de 200 mil vítimas [no momento dos impactos e nos dias que lhes seguiram]».

Nesse sentido, insistindo que «o sucesso da luta para que o horror nuclear jamais se repita» coloca a necessidade de «não deixar cair no esquecimento o lançamento da bomba atómica sobre Hiroxima e Nagasáqui, nem permitir a falsificação das circunstâncias e objectivos que o rodearam», o dirigente comunista explicou que, «falsamente apresentada como indispensável para derrotar o Japão e pôr fim à Segunda Guerra Mundial no Pacífico, pois na verdade o militarismo japonês já se encontrava derrotado, a utilização da arma atómica pelos EUA, único país que então a possuía, constituiu uma afirmação de força do imperialismo norte-americano e da sua desmedida ambição de hegemonia mundial, visando particularmente a URSS e o ímpeto de luta libertador que então despontava no mundo».

«Tratou-se, na realidade, de uma expressão extrema da natureza militarista e agressiva do imperialismo que, limitada pela luta dos trabalhadores e dos povos e pela existência da URSS e do campo socialista, se tornou ainda mais violento com o desaparecimento do poderoso contrapeso que estes países e a sua política em defesa da paz e do desarmamento representavam», acrescentou Rui Fernandes, que alertou, depois, que «o constante aumento das despesas militares, a produção de armas cada vez mais sofisticadas, o constante reforço e alargamento da NATO, o abandono de importantes acordos de desarmamento, nomeadamente quanto ao armamento nuclear, o sistemático desrespeito dos princípios da Carta da ONU e do direito internacional, a multiplicação dos actos de ingerência e agressão contra povos e países por parte do imperialismo, encerra perigos gravíssimos para o próprio destino da Humanidade».

 

Para que nunca mais aconteça

Assim, «ao evocar Hiroxima e Nagasáqui, o PCP apela ao povo português, e particularmente à juventude, para que intensifique a luta pela paz e o desarmamento, desde logo para que os EUA, a NATO e a UE ponham fim à sua estratégia de confrontação e cessem de instigar a guerra na Ucrânia». Mas também «à Rússia e a todos os outros intervenientes para que se encete com urgência o caminho da negociação, visando alcançar uma solução política para o conflito, a resposta aos problemas de segurança colectiva e do desarmamento na Europa, o cumprimento dos princípios da Carta da ONU e da Acta Final da Conferência de Helsínquia», disse ainda o membro da Comissão Política.

O Partido chama igualmente a atenção para o facto de que «a política externa e de defesa de sucessivos governos de PS, PSD e CDS tem comprometido a soberania e independência nacionais», envolvendo «perigosamente Portugal na estratégia militarista agressiva do imperialismo».

Ora, sublinha o PCP, «a Constituição da República Portuguesa obriga o Estado português a uma política de paz e cooperação internacional, envolvendo nomeadamente a dissolução dos blocos político-militares, bem como o desarmamento geral, simultâneo e controlado, naturalmente, incluindo a abolição das armas nucleares e demais armas de destruição em massa. Neste sentido, é particularmente significativo que o Governo português continue a recusar subscrever o Tratado sobre a proibição de armas nucleares.

 

Questão de classe

«A luta contra a política militarista do imperialismo, pela paz e o desarmamento é inseparável da luta contra a exploração e pelos direitos sociais e políticos dos trabalhadores e dos povos», considerou, por outro lado, Rui Fernandes. A corroborar a perceptiva do PCP, está o facto de «a instigação da guerra e a deriva de sanções impostas pelos EUA, a UE e a NATO» estarem a arrastar «o mundo para uma ainda mais grave situação económica e social, com a desenfreada especulação, o vertiginoso aumento dos preços da energia, dos alimentos e de outros bens de primeira necessidade, o ataque às condições de vida e o agravamento da pobreza e da fome no plano mundial, para gáudio dos grandes grupos económicos e financeiros que acumulam colossais aumentos de lucros».

«O PCP fará tudo o que estiver ao seu alcance para promover a convergência e unidade de quantos, independentemente de diferenças de opinião, têm em comum a aspiração a um mundo de liberdade, paz e justiça social», garantiu o dirigente comunista, antes de reiterar que «perante a complexa e perigosa situação internacional que hoje vivemos, é necessário e urgente dar mais força à luta pela paz e o desarmamento.

 

Contra a guerra, pela democracia e a soberania dos povos

Quem também assinalou o horror nuclear concretizado pelos EUA em Hiroxima e Nagasáqui foi a Federação Democrática Internacional das Mulheres (FDIM), que prestando «homenagem aos milhares de inocentes mortos», apelou «à mobilização em defesa da paz por parte das forças democrática mundiais» e exigiu que «o imperialismo cesse as guerras e confrontações que afectam a humanidade».

«Estamos sob ameaça de um terceiro conflito de dimensão global e não podemos esquecer o massacre de Hiroxima», cuja proporção sublinha o poder devastador da guerra e das armas nucleares, alude ainda a FDIM, para quem as mulheres são «as mais afectadas pelos conflitos bélicos», estando sobre-sujeitas ao «êxodo e à migração forçados, à fome, à violência em todas as suas manifestações, ao tráfico de seres humanos e à escravatura sexual, à supressão de direitos fundamentais».

Recordando que, no final de 2021, o número de deslocados de guerra era o dobro do registado há uma década, e que só o confronto entre a Rússia e a Ucrânia provocou outros dez milhões, a FDIM denuncia «as iniciativas das elites capitalistas mundiais, lideradas pelos EUA, adoptadas na mais recente cimeira da NATO, que apontam ao aprofundamento da globalização dos conflitos e à expansão das bases militares».

«A NATO, que se pretende apresentar ao mundo como representante dos valores democráticos, dos direitos humanos, da liberdade e da legalidade internacional», é, na verdade, o contrário do que proclama, já que promove «o desrespeito pela soberania dos povos e o militarismo», despreza «a paz, a igualdade, a miséria massiva e a degradação do planeta», considera ainda a FDIM, que conclui denunciando «o terrorismo e o fascismo sob todas as formas, exige a completa dissolução da NATO e o desmantelamento das suas bases militares em todo o mundo», reclama que «os governos não se deixem arrastar para o apoio a qualquer guerra» e reitera o apelo a que «aos povos que se mobilizem pela paz».

 



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