Blanqui Teixeira faria 100 anos e a sua têmpera comunista perdura

Dirigente do PCP na clandestinidade, na Revolução de Abril e na defesa desta, Blanqui Teixeira faria 100 anos. O seu exemplo continua na luta do Partido e dos trabalhadores, aos quais dedicou a vida sem hesitar.

Fez uma corajosa e consciente opção de classe a que foi fiel toda a sua vida

Fernando Blanqui Teixeira foi «daqueles indispensáveis de que nos fala o belíssimo e sempre actual e inspirador poema de Brecht». As palavras são de Albano Nunes, então membro do Secretariado do Comité Central, e foram proferidas a 2 de Outubro de 2004 no funeral do dirigente comunista que, tendo-se formado com brilhantismo em Engenharia Químico-Industrial pelo Instituto Superior Técnico (chegou, não oficialmente, a ser assistente da cadeira de Química Geral), «poderia ter tido a vida desafogada e confortável da generalidade dos seus colegas de profissão». Fez, porém, uma «corajosa e consciente opção de classe a que foi fiel toda a sua vida», como disse também Albano Nunes, de acordo com a notícia publicada no «Avante!» n.º 1610.

Nascido a 4 de Maio de 1922, em Coimbra, Fernando Blanqui Teixeira aderiu à Federação das Juventudes Comunistas e ao PCP aos 22 anos, quando já se encontrava em Lisboa. Era estudante do IST e tina sido dirigente da sua associação de estudantes, da qual foi de resto afastado devido à intensa actividade que desenvolvia.

Em 1948, «mergulha» na clandestinidade como funcionário do PCP e em 1951 é membro da Direcção da Organização Regional de Lisboa e doutros organismos regionais. Um ano depois, integra o Comité Central, no qual se manterá durante 48 anos, até 2000.

Antes do 25 de Abril, fez parte do Secretariado e da Comissão Executiva do Comité Central. Exceptuando os dois períodos em que esteve nas prisões políticas do fascismo, Fernando Blanqui Teixeira passou pelo impressionante número de 21 casas, tipografias, quartos, partes de casa e pontos de apoio do Partido.

Das prisões à liberdade

Preso pela primeira vez em Janeiro de 1957, Fernando Blanqui Teixeira aproveitou uma deslocação ao Hospital de São José para escapar às garras da PIDE, em Fevereiro de 1958. Viria a ser novamente preso em Maio de 1963, quando a polícia política do fascismo assaltou uma casa clandestina após denúncia, tendo sido libertado em Setembro de 1971 na sequência de uma importante campanha pela sua libertação, a qual mobilizou muitas centenas de engenheiros e na qual a própria Ordem dos Engenheiros se empenhou activamente.

Depois de ter estado encarcerado nas cadeias de Caxias e Peniche, num total de cerca de dez anos nas duas prisões, Fernando Blanqui Teixeira voltou sempre e imediatamente à luta clandestina pelo derrube da ditadura e a conquista da liberdade e da democracia.

Exemplo

Após o 25 de Abril, Fernando Blanqui Teixeira foi deputado à Assembleia Constituinte, eleito pelo distrito de Coimbra, membro da Comissão Política, entre 1976 e 1988, do Secretariado, entre 1979 e 1996, e da Comissão Central de Controlo entre 1996 e 2000. Foi responsável da Comissão de Organização, pelas organizações do PCP nos Açores e na Madeira e pela organização na Emigração. Entre 1975 e 2000 foi Director de «O Militante».

À data do seu falecimento, a 1 de Outubro de 2004, com 82 anos de idade, era membro da Comissão Concelhia do Barreiro e dos seus organismos executivos, confirmando, como disse Albano Nunes nas exéquias de Fernando Blanqui Teixeira, «a sua profunda compreensão do carácter insubstituível da organização partidária e do valor do trabalho colectivo, a sua profunda paixão pelo trabalho de construção do Partido, o empenho que procurava incutir em todos os militantes na realização de tarefas tão elementares quanto decisivas, como o recrutamento, a constituição de organismos, a formação política e ideológica de quadros, a difusão do «Avante!» e de «O Militante», a recolha de fundos para o Partido.»



Mais artigos de: PCP

Petrolíferas «comem» redução dos impostos

Em muitos postos de abastecimento, o preço dos combustíveis baixou muito menos do que o valor da redução fiscal, uma vez que as empresas subiram o preço antes da tributação, limitando o impacto da medida.

Ódio fascizante contra o PCP e a democracia

O Gabinete de Imprensa do PCP emitiu uma nota, no dia 3, intitulada «Sobre declarações de ódio fascizante contra o PCP e o regime democrático», que publicamos na íntegra.

Sobre o apoio aos refugiados em Setúbal

Reagindo a uma notícia publicada pelo «Expresso» relativa ao apoio a refugiados ucranianos por parte da Câmara Municipal de Setúbal, o gabinete de imprensa do PCP divulgou, logo no dia 29, uma nota em que sublinha que «o trabalho com imigrantes que há muito se desenvolve no município de Setúbal caracteriza-se por...

Contra a precariedade no Ensino Superior

O PCP promoveu recentemente um encontro do seu subsector do Ensino Superior do Porto, nas instalações da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação daquela universidade. Professores e investigadores daquela e de outras instituições de Ensino Superior da cidade, públicas e privadas, debateram a precariedade...

Comunistas definem linhas de trabalho

O PCP realizou, no passado mês, a V Assembleia da Organização Interconcelhia de Lamego e Tarouca, onde vários militantes se debruçaram em profunda análise sobre a situação política, social e económica da região e elegeram uma nova Comissão Interconcelhia. Foram, igualmente, traçadas linhas de reforço da organização...

Resgatar pequenos pescadores

O deputado do PCP no Parlamento Europeu, João Pimenta Lopes, esteve em contacto, no dia 21, com a comunidade piscatória da Figueira da Foz. Com o objectivo de continuar a acompanhar as diversas dificuldades deste sector, a delegação comunista reuniu com a Associação dos Pescadores e Armadores...

50 anos de Abril na Madeira

O deputado do PCP na Assembleia Legislativa Regional da Madeira entregou um projecto para a criação da Comissão Regional para as comemorações do 50º aniversário do 25 de Abril de 1974. Para Ricardo Lume, «estando criada uma Comissão Nacional e uma estrutura de missão, ao nível da República, para promover e organizar as...

Militar entre as massas

Jacinto conta já com 50 primaveras vividas no campo, onde sempre trabalhou. Aliás, nesta estação do ano redobra-se na afã das sementeiras e das colheitas e é em cima do tractor que fala com o «Avante!». Já trabalhou por conta de outrem, foi obrigado a exercer como prestador de serviços no...

Já saiu O Militante

Está disponível a partir de hoje O Militante referente aos meses de Maio e Junho, com título de capa Mais força à luta pela Paz, tema abordado no texto de Abertura. Jaime Toga escreve Recrutamento – prioridade, necessidade, possibilidade; Libério Domingues reflecte sobre A Luta mais importante...